Uma característica de minha cidade é a multiplicidade de bares e restaurantes com espaços ao ar livre, ao longo das ruas ou nas esquinas, nos quais as pessoas podem se sentar e desfrutar de uma bebida e um petisco. Assim que nos sentamos, os vendedores ambulantes nos abordam pedindo nossa atenção e oferecendo uma ampla variedade de mercadorias. É uma continuidade interminável. Alguns chegam a vir mais de uma vez, mesmo depois de dizer-lhes que não estamos interessados em seus produtos.
Na primeira vez em que fui aos Estados Unidos, há alguns anos, percebi que muitos estabelecimentos tinham na entrada uma placa dizendo: “Proibida a atividade de vendedores ambulantes”. Meus amigos me explicaram o motivo daquela placa. Ah, como eu queria poder ver um cartaz desses na minha cidade! Na falta dele, sou obrigado a ficar dizendo não às abordagens indesejadas, não importa quantas vezes eles me ofereçam o mesmo produto ou o quão insistentes sejam.
Esse tipo de placa ou cartaz seria muito útil não somente nos bares e restaurantes ao ar livre, na cidade de Kinshasa, mas em um lugar que todos frequentamos e que fica bem mais perto: a internet. É difícil viver sem internet. Mas, como sabemos, ela tem seus próprios vendedores ambulantes: os incessantes pop-ups, ou mensagens não solicitadas, incitando-nos a olhar algo, um novo jogo, uma oferta, uma imagem ou qualquer outro produto. E muitos desses vendedores não são assim tão inocentes.
Podemos ficar aborrecidos com os vendedores em nossa cidade ou on-line, mas é relativamente fácil dispensá-los. O que dizer, porém, dos incontáveis vendedores mentais que chegam a nós, ou seja, pensamentos sugerindo, por exemplo, que estamos desanimados ou que algo é impossível de resolver ou de curar? Esses tendem a ser mais difíceis de serem ignorados ou dispensados, uma vez que vêm disfarçados de nossos próprios pensamentos e transmitem mensagens que soam críveis ou sedutoras, como: “Essa situação é desesperadora”; “O mundo não vai acabar se você trapacear somente desta vez”; “Se você não aproveitar essa oportunidade, vai continuar pobre a vida toda”; e tem aquela que bateu à porta de meu próprio pensamento: “Este país nunca se desenvolverá; seus governantes são todos corruptos”. Por mais críveis que possam nos parecer, esses indesejados vendedores só estão vendendo mentiras, pensamentos que não têm base em Deus, a Mente divina única, a fonte de toda a verdadeira inteligência. Podemos facilmente identificá-los porque não trazem nenhuma esperança nem inspiração espiritual.
Como podemos expulsar esses invasores de maneira que não retornem mais? Mary Baker Eddy, a Descobridora da Ciência Cristã, conhecia muito bem esses inimigos da saúde e da felicidade. Com base na própria experiência, ela oferece ao estudante desta Ciência muitas orientações a respeito de como enfrentá-los. Por exemplo, na página 392 de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, ela escreve: “Monta guarda à porta do pensamento. Admitindo somente aquelas conclusões cujos resultados desejas ver concretizados no corpo, tu te governas harmoniosamente”; e na página 234: “Tens de controlar os maus pensamentos logo que surgem, do contrário serão eles que, em seguida, te controlarão”.
Admitir no pensamento somente aquilo que desejamos vivenciar é fundamental na prática diária da Ciência Cristã. Se queremos ter saúde, não devemos aceitar a crença de que podemos ficar doentes. Se queremos nos sentir em paz, não devemos aceitar que a desarmonia seja real. Isso não significa que ignoramos o mal, mas sim que reconhecemos a mentira que nos está sendo vendida e compreendemos que não podemos “comprá-la” porque não tem realidade, nem verdade. Essa é a vigilância a que Cristo Jesus estava se referindo, quando disse: “Estai de sobreaviso, vigiai e orai…” (Marcos 13:33).
Jesus veio ao mundo para mostrar à humanidade que o mal é irreal e, por meio de suas obras de cura, demonstrou que Deus é supremo, sempre presente, a única realidade e o único poder. Quando compreendemos que o mal não tem poder e que Deus, o bem é Tudo, ficamos mais bem equipados para realizar nossa missão de cura como seguidores de Cristo Jesus, e menos propensos a sucumbir às sugestões negativas. A Sra. Eddy escreve: “Nunca será demais que os Cientistas Cristãos vigiem diligentemente, tranquem muito bem suas portas e orem a Deus fervorosamente para se livrarem das alegações do mal” (Escritos Diversos 1883–1896, p. 114). Em outras palavras, devemos estar alertas e sempre manter o cartaz de “Proibida a entrada” à porta do pensamento.
Lembrei-me dessa necessidade há vários meses, quando me peguei sendo atraído por artigos de jornal criticando o governo de nosso país. Esses artigos revelavam casos descarados de corrupção, desvio de fundos públicos e assim por diante. Essas notícias me perturbaram por um bom tempo. Senti animosidade por nossos políticos. Acabei perdendo minha paz de espírito, pois via sinais de má gestão por toda parte. Estava com dificuldades até de fazer meu trabalho, que é orar — não somente por mim, por minha família e por aqueles que me pedem para orar por eles, mas orar também por meu país e pelo mundo. Como a Bíblia nos diz, devemos orar “…em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito” (1 Timóteo 2:1, 2).
Questionei-me se seria possível orar com eficácia e ao mesmo tempo aceitar como real a evidência de más ações e criticar aqueles que estão no poder. A resposta era óbvia: Não! A partir daí, passei a vigiar meus pensamentos e, em vez de reagir negativamente ao que lia ou via de errado sobre o governo, comecei a me esforçar para valorizar todo o bem que percebia, mesmo que fosse algo pequeno ou aparentemente insignificante. À medida que fui agindo dessa maneira, passei a me sentir cada vez mais em paz e apto para agir como a Sra. Eddy nos aconselhou em um sermão proferido em sua igreja: “Orai para que a presença divina continue a guiar e a abençoar a autoridade máxima de nossa nação, as pessoas ligadas ao cargo executivo, e o sistema judiciário de nosso país; para que conceda sabedoria ao nosso Congresso e sustente a nação com o braço direito de Sua retidão” (Christian Science versus Pantheism [A Ciência Cristã frente ao panteísmo], p. 14).
Essa oração não somente nos traz paz de espírito; ela cura as desarmonias da existência humana. Aqui está um pequeno exemplo.
Não é raro ficar parado no trânsito em minha cidade. Em vez de me juntar às duras críticas proferidas ao meu redor sobre a falta de policiamento e de semáforos, afirmo para mim mesmo que Deus, o bem, é o verdadeiro poder e que Deus, a Mente, é toda a inteligência e é refletido por todos os Seus filhos, como ensina a Ciência Cristã. Depois de orar assim por alguns minutos, as circunstâncias sempre mudam para melhor. Seja com voluntários aparecendo e encontrando maneiras de desobstruir o engarrafamento, seja com um policial chegando ao local e ajudando a normalizar o fluxo do trânsito. Embora esse seja um pequeno exemplo, para mim é uma prova significativa de que a oração pelo bem comum e pelo mundo pode fazer a diferença e ter um efeito normalizador e pacificador em nossa comunidade, em nosso governo e nos assuntos mundiais. Também tem efeito salutar nas questões pessoais, como vivenciei há vários anos.
Eu trabalhava em uma agência das Nações Unidas em meu país e fui repentinamente acometido por uma tosse persistente. Eu costumava confiar na oração para a cura, e comecei a orar. Meus colegas de escritório ficaram muito preocupados. Começaram a dizer que eu deveria buscar tratamento médico. Eles sabiam que eu era Cientista Cristão e alguns até insinuaram que minha fé tinha falhado nesse caso. Mas eu conhecia a verdade que importava, ou seja, que sou uma ideia espiritual, o reflexo de Deus e que, portanto, estou sempre em perfeita saúde, por isso não vacilei. Enquanto eu continuava a orar, continuei dizendo não e não a toda tentativa negativa do mal de “me vender seu produto”. Pedi a um amigo que me apoiasse no trabalho de oração, e a tosse logo cessou. Essa cura aconteceu há mais de dez anos.
Devo confessar que a batalha ainda não está vencida contra os vendedores indesejados, que regularmente me vêm ao pensamento, alegando serem reais e dotados de poder para se oporem à saúde, à justiça e à paz, mas a vitória é certa, quando vigiamos e oramos. Permaneço vigilante com meu cartaz à porta do pensamento “Proibida a entrada”. E convido vocês a se juntarem a mim!
