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Original para a Internet

Nossa herança: o “Gênesis 1”

Da edição de agosto de 2023 dO Arauto da Ciência Cristã

Publicado anteriormente como um original para a Internet em 8 de maio de 2023.


Quando eu era adolescente, minha família foi rotulada como disfuncional por um psiquiatra que estava tratando de um membro da minha família. Lembro-me de que, ao ouvir isso, imediatamente pensei que aquele rótulo não era correto.

Não estou criticando o cuidado que esse membro da família estava recebendo, nem tentando analisar o que ele poderia estar sentindo. Realmente havia algumas desavenças na família, o que era meio desconcertante. Enquanto esse familiar lutava com problemas físicos e emocionais, havia discussões e muito estresse em família. Mas também havia muito amor e risadas. Tradições como jantares, férias em família e a igreja aos domingos proporcionavam um apoio constante para todos nós.

Eu também tinha uma avó que era praticista da Ciência Cristã. Lembro-me de conversas que tive com ela, nas quais ela falava do fato de que todos nós somos bons, somos profundamente amados por Deus e que, como filhos espirituais de Deus, nunca poderíamos nos desviar do bom caminho. Acostumei-me tanto a pensar dessa maneira, que só no início da idade adulta comecei a realmente apreciar o significado de suas palavras, e entendi que o rótulo “disfuncional” não poderia ser realmente afixado nem à minha família, nem àquele familiar que estava lutando contra a doença, nem a mim, nem a qualquer outra pessoa.

Esse fato, de que somos criados como filhos espirituais e perfeitos de Deus, está identificado no primeiro capítulo do livro do Gênesis, na Bíblia. Aliás, devemos ressaltar que esse importante fato está escrito exatamente no primeiro capítulo do livro que é indiscutivelmente o mais importante e o mais lido na história da humanidade. Estabelece o fato da verdadeira natureza de cada um de nós. O homem é criado à imagem do Espírito divino, Deus, e é, portanto, espiritual, forte, sadio e eterno. Para cada um de nós este é um fato fundamental inegável, o de que Deus abençoou tudo o que Ele criou e Ele mesmo declarou tudo “muito bom” (Gênesis 1:31). Apesar das diferenças de cultura e geração, todos os filhos de Deus têm na verdade uma mesma herança: o “Gênesis 1”.

No entanto, muitas pessoas crescem com uma noção totalmente diferente a respeito da própria herança genética. Talvez isso se deva ao fato de que uma perspectiva completamente oposta da criação de Deus está descrita no segundo capítulo do Gênesis. Nesse segundo relato da criação, há dois progenitores imperfeitos que inadvertidamente cometem vários erros, e vemos esse ciclo de erros se perpetuar ao longo de toda a sua descendência. Esse ponto de vista material a respeito da origem da humanidade implicaria o fato de que cada um de nós pode ser punido pelos erros cometidos por outra pessoa. Sob essa perspectiva, Deus parece estar apenas vagamente envolvido em nossa vida, distante e incapaz de Se comunicar conosco ou de nos guiar corretamente. Afinal, qual seria a perspectiva correta? Será que somos filhos de Deus, íntegros e livres, ou mortais originários de famílias potencialmente disfuncionais? Podemos ser originários, ao mesmo tempo, desses dois tipos de família? Se alguma vez houve qualquer dúvida a esse respeito, a questão foi resolvida cerca de dois mil anos atrás por Cristo Jesus. Em seu ministério de cura, conforme relatado nos Evangelhos, exatamente onde os outros viam um pecador ou uma pessoa doente, ele via corretamente o descendente espiritual de um Deus todo-amoroso e bom. Sua visão era tão correta a respeito da origem espiritual do homem, que elevava os pensamentos daqueles ao seu redor, de tal maneira que eles passavam a ver essa mesma verdade e se libertavam do sofrimento.

Talvez eles anteriormente não fossem capazes de reconhecer seu próprio valor, sua saúde ou suas possibilidades e, em apenas um momento, essa nova visão provou ser restauradora. Por exemplo, quando confrontados com alguém que era cego de nascença, os discípulos de Jesus perguntaram se aquela pessoa ou seus pais haviam pecado e causado o defeito. Jesus respondeu: “Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus” (João 9:3). Jesus viu naquele homem cego de nascença a obra inegavelmente boa e pura de Deus. O filho de Deus não poderia ser de outra maneira, não importando quem eram seus pais, onde cresceu ou que tipo de provações havia enfrentado. E o homem foi curado; ele já conseguia ver.

Mary Baker Eddy, que descobriu a Ciência Cristã e fundou a Igreja de Cristo, Cientista, estudou as obras de Cristo Jesus em conjunto com um estudo profundo do Gênesis. Seus escritos explicam que, visto que os relatos sobre a criação em Gênesis 1 e 2 são contraditórios, apenas um pode ser verdadeiro, e esse um é o primeiro.

Em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, ela conclui: “Na Ciência o homem é gerado pelo Espírito. O belo, o bom e o puro constituem sua ascendência. Sua origem não está no instinto bruto, como a origem dos mortais, e o homem não passa por condições materiais antes de alcançar a inteligência. O Espírito é a fonte primordial e suprema do seu existir; Deus é seu Pai e a Vida é a lei do seu existir” (p. 63).

É importante estarmos cientes da falsidade da narrativa que consta no segundo capítulo do Gênesis, para que não tomemos erroneamente esse mito da criação como se fosse nossa própria história. Tendo aprendido que minha verdadeira natureza era a de uma criança do “Gênesis 1”, enquanto frequentava a Escola Dominical, além de ter essa mensagem reforçada por minha avó, passei a ter absoluta certeza disso, à medida que fui amadurecendo até chegar à idade adulta.

Quando saí de casa com vinte e poucos anos, eu tinha a certeza de que Deus era meu único Progenitor verdadeiro e a minha fonte de uma rica herança de características divinas. Esse divino Pai-Mãe Deus, perfeito e sempre presente, havia me criado à Sua semelhança e, portanto, eu havia herdado uma gama completa de qualidades e talentos irrestritos, que não se limitavam à família ou à cidade em que cresci ou às minhas experiências de vida. Se algum de nós fosse limitado pela nossa história humana ou por nossos pais, como sugere o Gênesis 2, nós não poderíamos nos expandir além das inclinações e concepções da sociedade em que viviam nossos pais e não poderíamos desenvolver nossos talentos característicos. Mas, compreendendo minha rica herança espiritual recebida de Deus, senti-me amada e livre. Essa foi uma base sólida em que me apoiei ao abrir as asas para a vida adulta, a fim de construir minha carreira e minha própria família.

O fato de conhecer minha herança espiritual não fez com que me sentisse distante ou desconectada da minha família, mas sim, me fez sentir um vínculo menos emocional, do que apenas uma mesma história humana. Pude sentir um amor mais abrangente, que é paciente e que não se sente ofendido. Ao deixar de lado toda eventual bagagem da história familiar, todos nós podemos abordar cada dia como um novo dia e aproveitar as inúmeras maneiras pelas quais a família é uma bênção.

Por isso, o senso de disfunção provém do conceito equivocado a respeito de nossa verdadeira origem. Mas, tendo em vista que Deus é nosso verdadeiro Progenitor, essa visão equivocada não pode nos definir. Ciência e Saúde declara: “A Verdade eterna destrói o que os mortais parecem ter aprendido do erro, e a existência real do homem, como filho de Deus, vem à luz” (pp. 288–289).

Descobrir a verdadeira herança como filhos de Deus não somente nos liberta para exercermos nossa individualidade completa com que Deus nos criou, mas também pode nos curar de qualquer característica ou condição aparentemente herdada e que talvez consideremos como parte de nossa vida. Cada um de nós possui qualidades espirituais únicas, desenvolvidas por Deus e que se expressam em nós. Como membros da família de Deus, herdamos um alicerce amoroso e um apoio firme e constante — uma família universal de irmãos e irmãs que pensam da mesma maneira e com quem podemos caminhar lado a lado.

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