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Original para a Internet

O "CHEIRO DE FOGO"

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 24 de julho de 2014

Publicado originalmente na edição de março de 1920 de The Christian Science Journal


Talvez nenhuma história seja mais cara aos Cientistas Cristãos do que o relato dos três jovens hebreus cativos e seu livramento da fornalha ardente de Nabucodonosor. Ela é bem conhecida de todos nós, inclusive daqueles que leem a Bíblia apenas de vez em quando, por isso, não é necessário repeti-la aqui. Entretanto, nessa história há um detalhe que, embora tenha sido observado com frequência, ultimamente tem sido de muito interesse ao menos para uma estudante da Ciência Cristã, e é este: que após Sadraque, Mesaque e Abede-Nego terem sido finalmente libertados da fornalha, não somente suas roupas não estavam queimadas e seus cabelos não estavam chamuscados, mas nem mesmo “cheiro de fogo passara sobre eles” (ver Daniel 3:1-30).

 O “cheiro de fogo”: é esse ponto que merece a reflexão daquele que se esforça para compreender as Escrituras em seu verdadeiro significado e conteúdo espiritual; pois, falando metafisicamente, o que significa o cheiro de fogo? Não seria a lembrança do fogo, a dor pungente e o ressentimento proveniente dele? O “cheiro de fogo” é o reconhecimento de que algo ruim aconteceu. Significa que o mal tem um histórico. Significa que, embora o fogo esteja apagado agora, ele alguma vez existiu e nós estávamos nele. Esse último argumento parece se agarrar com tanta insistência à memória, que alguns de nós passamos pelo fogo e todos sentem o cheiro de fumaça em nós por vários anos. Quando isso ocorre, acaso podemos dizer que nós, assim como aqueles três jovens de muito tempo atrás, saímos da experiência intocados?

Recusemo-nos a permitir que o erro se agarre a nós de algum modo, sob alguma aparência ou por algum meio. Sua alegação de que alguma vez tenha agido, tenha estado presente, tenha tido algum poder, causa ou inteligência e tenha sido uma lei, é uma alegação falsa e ilegítima, e deveria ser vista e tratada somente como o último e desesperado esforço do erro de se perpetuar como uma crença na memória, visto que tudo o mais falhou. Recusemo-nos a dar-lhe vida, nem sequer como memória. Recusemo-nos a admitir que o mal alguma vez tenha tido um começo ou um fim. Recusemo-nos a admitir que ele alguma vez tenha existido, mesmo que por um único momento terrível. Isso, naturalmente, não implica de nenhuma maneira que não devamos dar graças por termos sido libertados da crença no erro, expressando nossa gratidão no momento e no lugar apropriado, com o puro desejo de ajudar alguém que possa estar passando por uma experiência semelhante. Significa simplesmente, porém, que levar sua lembrança conosco onde quer que vamos, remoer no pensamento sem necessidade o ocorrido, ou falando sobre o assunto em público desnecessariamente, e sentir aparentemente um prazer melancólico ao recontar os detalhes desagradáveis, tudo isso não ajuda a eliminar o “cheiro de fogo” de nossas roupas. Será que o cheiro diminui a cada dia, com esse procedimento?

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