As pessoas que deixaram de ir à igreja têm algumas coisas interessantes a dizer. Talvez a mais interessante seja a queixa de que as igrejas não tratam dos problemas da vida. Os filmes tratam, dizem. Livros e revistas também. O rádio e a televisão também. Mas as igrejas, não. Essas pessoas também argumentam que não se precisa estar dentro de uma igreja para estar perto de Deus.
Porventura podemos afastar esses comentários, dizendo simplesmente: “Elas não compreendem”? Cremos que não. Se uma igreja quer sobreviver, tem de ser uma igreja que nos ajude a compreender os fatos práticos e vitais da própria Vida. E precisará ter algo em seus serviços que dê aos que os freqüentam uma sensação real da presença de Deus — uma sensação que afete cada momento da vida cotidiana.
Os ensinamentos e as obras de Cristo Jesus estabeleceram o modelo. Seu Sermão do Monte, por exemplo, trata diretamente e de modo radical de assuntos como a guerra, o sexo, a justiça social, a hipocrisia, a política econômica, a lei e a imortalidade. Suas obras de cura mostraram o relacionamento científico entre a saúde e o nosso relacionamento consciente com Deus, a única Vida real. As pessoas não abandonam uma igreja que as ajuda a compreender a Ciência do Cristo, a Verdade — a Ciência que Jesus ensinou. Abandonam aquela igreja que — aos olhos delas — não o faz.
A igreja que Mary Baker Eddy fundou é a Igreja de Cristo, Cientista. Na medida em que uma igreja estiver de acordo com a definição de “Igreja” dada por Mrs. Eddy, estará tratando científica e radicalmente dos problemas de hoje em dia e provando o poder sempre presente do Cristo, a Verdade. No livro-texto da Ciência CristãChristian Science — pronuncia-se: kris’tiann sai’ennss., Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, lê-se esta definição: “Igreja: A estrutura da Verdade e do Amor; tudo o que assenta no Princípio divino e dele procede.
“A Igreja é aquela instituição que dá provas de sua utilidade e que vem elevando a raça, despertando de suas crenças materiais a compreensão adormecida, para que perceba as idéias espirituais e demonstre a Ciência divina, expulsando assim os demônios, ou o erro, e curando os doentes.” Ciência e Saúde, p. 583;
Hoje em dia muitos dizem que o Princípio está dentro do homem individual e que cabe a cada um elaborar o tipo de vida e de civilização que terá. Dizem que o que encontram acerca de Deus, por meio da comunhão pessoal de cada um com a natureza e com os homens, é suficiente conhecimento sobre o Princípio.
Ora, Jesus acentuou a necessidade de se expressar mansidão. “Bem-aventurados os mansos”, disse, “porque herdarão a terra”. Mateus 5:5; Ele sempre explicou suas obras como sendo da realização do Pai, e não apenas sua. E Mrs. Eddy proporciona a base científica para tal mansidão quando afirma com ênfase: “Um ponto capital na Ciência da Alma é que o Princípio não está na sua idéia.” Ciência e Saúde, p. 467.
O homem é uma idéia de Deus, e como tal reflete a inteligência divina. Mas verificaremos que nossos propósitos e nossas leis manifestam inteligência apenas quando mansamente procurarmos orientação além e acima de nós mesmos. Para tanto necessitaremos de toda ajuda que pudermos obter. A instituição que chamamos igreja pode ajudar-nos muito nesse sentido.
O fato de que aquela instituição com a qual estejamos familiarizados parece ter perdido o contato com a atualidade, não significa que não se necessite mais de tal instituição. Significa, outrossim, que há necessidade de que o espírito do Cristo, a Verdade, seja revivido. Necessitamos de um local onde possamos ir regularmente e passar uma hora em contemplação devota das verdades eternas e de como elas se relacionam com os problemas contemporâneos. E a comunidade necessita da influência dessa instituição e de suas atividades.
A sobrevivência das igrejas pode ser perfeitamente a sobrevivência da humanidade. Mas tentar escorar uma instituição derreada, prendendo seus membros a um tradicionalismo ainda mais obstinado — ou denunciar como ímpios os que dela se afastam, — só pode resultar no fracasso da instituição em executar suas funções vitais.
Se o Princípio estivesse dentro de sua idéia, a humanidade não precisaria de igrejas. Mas é cientificamente demonstrável que o Princípio, Deus, não está no homem. Um reconhecimento deste “ponto capital” nos alinha com a lei divina da Verdade. E esse alinhamento nos capacita a curar. Cada um de nós individualmente necessita da igreja. Necessitamos dela para nos ajudar a compreender a Verdade e sua lei demonstrável, pois sem a lei do Princípio divino, as tentativas que faz a humanidade para sobreviver não terão base científica real.
Em vez de nos afastarmos de nossa igreja podemos trazer a ela a vitalidade que a torna aquela “instituição que dá provas de sua utilidade (...)”. Está em nós fazermos com que nossa igreja seja mais do que um lugar para rituais ou para a expressão de opiniões pessoais. A igreja pode ser uma influência espiritual transformadora nas vidas daqueles que estão em necessidade, bem como na comunidade em geral.
As igrejas que sobreviverem serão necessariamente centros de convergência para o pensamento da humanidade a respeito de problemas importantes. Então as pessoas que procuram compreender os problemas relacionados com o casamento, a saúde, as finanças, a educação, o meio ambiental, o governo, bem como aquelas que procuram compreensão e inspiração para suas atividades diárias, verão que seus pensamentos se desenvolvem com inteligência espiritual.
As igrejas sobreviverão se ajudarem a humanidade a encontrar seu maravilhoso relacionamento com a Vida, bem como com a terra e o universo. Estamos certos de que as igrejas podem sobreviver.