Em uma de suas muitas parábolas, Cristo Jesus comparou o céu a uma pérola de valor inestimável. Disse: “O reino dos céus é também semelhante a um que negocia e procura boas pérolas; e tendo achado uma pérola de grande valor, vendeu tudo o que possuía, e a comprou.” Mateus 13:45, 46;
No livro Ciência e Saúde a Sr.a Eddy escreve que: “O céu não é uma localidade, mas um estado divino da Mente, no qual todas as manifestações da Mente são harmoniosas e imortais, porque lá não está o pecado, e verifica-se que o homem não tem retidão própria, mas possui a «mente do Senhor» como dizem as Escrituras.” Ciência e Saúde, p. 291;
Essa pérola de valor inestimável, que corresponde ao domínio espiritual é, pois, o reflexo da harmonia absoluta, a percepção espiritual de que existe apenas uma só presença e poder, uma só substância e vida, isto é, Deus, Espírito infinito, Mente divina.
Em nosso progresso a partir de um pensar e viver material rumo a uma percepção espiritual mais elevada, podemos alcançar um ponto onde por ignorância, ou talvez descuido, deixamos de enfrentar os pequenos problemas e irritações da vida diária. Se chegarmos ao ponto de permitir que isso aconteça e deixarmos de utilizar o que aprendemos, a experiência nos ensinará a importância de cada pensamento e ação. Descobriremos que somente quando pusermos em prática aquilo que aprendemos, faremos progresso seguro na compreensão espiritual.
A experiência de uma jovem Cientista Cristã poderá servir para ilustrar esse ponto. Certo dia, ao voltar do trabalho para casa viu o vizinho do lado colocar grande quantidade de concreto na sarjeta para facilitar a entrada de seu carro. Como essa entrada ficava junto à sua propriedade, a jovem receou que isso viesse a impedir um escoamento adequado das águas da chuva, e em palavras gentis interrogou o vizinho a respeito. Ele, porém, sentiu-se ofendido e irritou-se. Sua atitude deixou a jovem bastante perplexa, por isso ela pediu a uma praticista da Ciência Cristã que a ajudasse por meio de oração. A praticista fez-lhe ver que independente das condições aparentemente contrárias, só podia haver uma única presença manifestada — a presença de Deus, a presença do bem — o reino do céu.
No dia seguinte, quando a moça voltou para casa, o vizinho a cumprimentou de forma amistosa e mostrou-lhe como fizera experiências com uma mangueira para ver se a água escoava devidamente. Mostrou-lhe como a água podia correr ao redor do que parecia ser uma obstrução e seguir pela sarjeta ao longo da rua. Uma circunstância que a princípio havia apresentado um problema, fora resolvida.
Talvez fosse nessa fase de sua experiência que a moça tivesse falhado em compreender e utilizar um ponto cardeal nos ensinamentos da Ciência Cristã — a presença indivisa do bem, o reino dos céus, no qual o homem habita não como uma entidade mortal, às vezes boa, às vezes má, mas como a própria imagem ou expressão do bem imortal, nunca separado de Deus.
Essa jovem estudante havia apagado a imagem de um mortal antipático, mas agora, na sua alegria, deixara de reconhecer Deus como a fonte do bem que seu vizinho estava expressando. Via nele nada mais que um mortal atencioso — uma crença melhorada, por certo, mas ainda assim uma crença. Sentia-se grata por aquilo que parecia uma circunstância melhorada, mas estava detendo-se no reino da personalidade humana.
Seguiram-se outros aborrecimentos, embora não fossem com o vizinho. As coisas em geral pareciam não dar certo. Intrusos passavam através de sua propriedade, do jardim desapareciam adornos, e seus animaizinhos de estimação eram molestados.
A Sr.a Eddy deixa claro em Ciência e Saúde: “Ou o Espírito ou a matéria é teu modelo. Se tentas ter dois modelos, então praticamente não tens nenhum. Qual um pêndulo de relógio, serás atirado de um lado para outro, indo de encontro à carcaça da matéria e oscilando entre o real e o irreal.” ibid., p. 360;
Um dia, de manhã cedo, quando a jovem orava por iluminação, despontou na sua consciência receptiva a verdade de que as situações que se apresentam no sonho mortal, são conceitos que nós mesmos mantemos no pensamento. Não são produzidas por acontecimentos ou por pessoas que possam prejudicar nossa felicidade, mas por nossa própria aceitação de crenças falsas. Viu que a verdade pode mudar nossa experiência quando reconhecemos que os conceitos materiais são ilusões — quadros mentais desprovidos de realidade — e reconhecemos que no reino do céu sempre presente não há má vontade que se possa temer, não há circunstâncias injustas.
A moça via agora que a discórdia por que havia passado, fora apenas a crença do sentido material, e que a harmonia que sentiu ao compenetrar-se da verdade, não resultara de uma personalidade humana melhorada, mas da presença divina a se manifestar. Essa presença era a única que de fato sempre havia existido; apenas havia sido obscurecida pelo sentido material. Via que a aparente discórdia manifesta em nossa experiência humana é irreal, tal como a neblina que se elevou da terra na narrativa material de criação. Tendo percebido com maior clareza e admitido com gratidão essa lição sobre a onipresença do bem, ela sabia que sua paz estava estabelecida. Não houve outros incidentes que causassem aborrecimentos.
O bem em nossa experiência nunca é humano, mas divino. Nessa bondade divina existe justiça absoluta sem qualquer partícula de erro, e amor absoluto sem qualquer matiz de impureza. Essa bondade não depende de caprichos e idiossincrasias humanos, mas é, agora e para sempre, a evidência de Deus, o Princípio divino de toda existência.
Qual é a significação de acontecimentos inquietantes? De onde vêm? Em realidade, o que parece ser um problema, pode ser a ação da verdade a trabalhar em nossa consciência fazendo com que nossas falsas crenças na realidade do mal, venham à tona a fim de serem destruídas. Cada experiência na qual abandonamos alguma convicção material em favor de uma melhor compreensão da verdade espiritual, faz parte do preço que pagamos pela pérola da verdadeira sabedoria. No entanto, o único preço que de fato pagamos, é o abandonar de um falso sentido material acerca do eu, o sentido da criação material, o sonho de Adão.
Jesus disse que para pagar a pérola o mercador “vendeu tudo o que possuía, e a comprou”. Também nós precisamos deixar de confiar em tudo o que é material, e purificar cada um dos nossos pensamentos e ações. Com compreensão científica podemos perceber a natureza hipotética da criação material e do homem material, e constatar que os únicos efeitos que as crenças materiais podem ter sobre nós, são o medo e a limitação que admitimos dentro do nosso próprio pensamento.
A compreensão cristãmente científica de que o homem real e o universo real são manifestações de Deus, é a pérola de preço inestimável da verdade. Essa verdade eterna, que se tornou manifesta pelas obras poderosas de Jesus e que se revelou nesta época pela Ciência Cristã, está aqui para que cada um de nós a possua e valorize.
No livro bíblico do Apocalipse, João escreve: “Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe.” Apoc. 21:1; Referindo-se a essa visão, a Sr.a Eddy diz: “Temos, portanto, autoridade bíblica para concluir que tal reconhecimento do ser é, e tem sido, possível aos homens no atual estado de existência — que podemos tornar-nos conscientes, aqui e agora, da cessação da morte, da tristeza e da dor.” Ciência e Saúde, p. 573; Acaso isso não significa possuir a pérola de valor inestimável, a consciência da imortalidade e da eterna harmonia do homem — o reino dos céus?
O reino dos céus está dentro da nossa própria percepção e expressão espiritual do bem sempre presente. Jesus inequivocamente declarou: “Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! ou Lá está! porque o reino de Deus está dentro em vós.” Lucas 17:20, 21.
Dar-te-ei as chaves
do reino dos céus:
o que ligares na terra,
terá sido ligado nos céus;
e o que desligares na terra,
terá sido desligado nos céus.
Mateus 16:19