O esconderijo está onde o Amor divino é manifestado. Não é um lugar distante e indefinido. Não ocupa espaço. O amor humano precisa estar localizado aqui ou ali. O Amor divino está em toda parte. E quem quer que ame divinamente “habita no esconderijo do Altíssimo” Salmos 91:1;.
Nesse lugar há liberdade — liberdade de dar sem exaurir, liberdade de crescer sem superpovoar, liberdade de viver sem pensamentos de morte, liberdade de usar os talentos sem medo de que possam ficar embotados. Liberdade radiante, liberdade feliz, liberdade santa, liberdade protegida.
O esconderijo é o lugar onde habita o homem real. É nossa habitação na medida em que conhecemos o homem real que somos. Conhecemos o homem real que somos, na medida em que amamos com desprendimento. Amamos com desprendimento quando damos sem medo. Damos sem medo quando chegamos a conhecer a fonte do verdadeiro dar — o Amor divino.
Fracassamos em encontrar o esconderijo enquanto não começamos a conhecer o homem real que somos. Temos medo de amar com desprendimento enquanto pensamos que somos um eu mortal e limitado. Enquanto olhamos pelos olhos desse eu, afastamo-nos das necessidades das pessoas. Ou, vendo as necessidades, pensamos que nossos braços são muito curtos ou nossas mãos muito vazias para atendê-las. O eu material não conhece as reservas infinitas da bondade divina que estão preparadas, prontas para serem partilhadas. Desse modo, procura para si o esconderijo por intermédio de formas de adoração, por intermédio de emoções reverentes — todas finitas mas aparentemente cheias de um êxtase auto-satisfatório.
Nas palavras de Cristo Jesus: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos, e de toda imundícia.” Mateus 23:27; Também: “Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga; será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo.” Lucas 6:35;
O homem que somos, nas palavras de Mary Baker Eddy: “O homem é idéia, a imagem do Amor; não é físico.” Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 475; Qualquer que seja nosso problema, podemos resolvê-lo identificando-nos com esse homem real. Mas será que afirmamos que somos a imagem do Amor, e negamos ser físicos, apenas quando temos problemas — quando estamos doentes, talvez, recebendo maus tratos, sentindo dor, ou temos peso demais? Sermos a imagem do Amor e portanto não sermos físicos, não significa fugirmos de nossos inimigos e nos abrigarmos em nosso esconderijo. Significa apenas que encontramos o esconderijo quando amamos toda a humanidade, inclusive nossos inimigos.
O Amor é realidade! A busca do eu — mesmo a busca de algo que chamamos bem espiritual, mas que é feito apenas para benefício próprio — é irrealidade. O Amor tem um esconderijo. A busca do eu não tem esconderijo exceto em seu sonho acerca do eu — não em Deus. Mas o amor com desprendimento reflete o Amor divino, e ao amarmos o amor do Amor, não sonhamos. Somos reais.
Em qualquer lugar no qual estejamos humanamente, há ali oportunidade de ser real. Como imagem do Amor, somos dotados de percepção pela qual podemos perceber as necessidades das pessoas que nos cercam. E recebemos a sabedoria para escolher aquelas necessidades que temos capacidade de suprir no momento. Escolha: as pessoas vêm procurar-nos de acordo com o amor que temos para dar, e nós encontramos oportunidade para ajudar a humanidade. Ajudamos como indivíduos ou através de nossas atividades como membros de uma igreja. Algumas oportunidades se tornam aparentes quando os noticiários nos informam acerca das necessidades da humanidade. Ou podemos ser levados, diretamente, por meio da oração, a encontrar o amigo ou inimigo que precisa de nosso amor. A Sr.a Eddy escreve: “O amor não pode ser uma mera abstração, ou bondade carente de atividade e poder.” Miscellaneous Writings, p. 250.
O amor que podemos expressar através da compreensão da Ciência CristãChristian Science — pronuncia-se: kris´tiann sai´ennss., é a bondade com atividade e poder. Esta compreensão espiritual habilita-nos a compreender tanto o amigo como o inimigo. Podemos reconhecer o bem espiritual que está sendo expressado mesmo quando, aquilo que alguém está fazendo, parece expressar o mal. Podemos ver a realidade do espiritual e a irrealidade do material. Esta visão espiritual é amor que ajuda ativa e poderosamente a liberar todo o poder do bem em nossa própria experiência consciente com as pessoas.
O bem é Deus. Assim como a luz exclui as trevas, a presença do bem exclui o mal. Provamos essa exclusão em nossa visão das coisas na proporção de nosso verdadeiro conhecimento da natureza do bem — seu poder de excluir o mal como irreal. A Ciência Cristã ensina a não nos determos na consciência dos outros quando não solicitados. Mas nosso reconhecimento impessoal do bem espiritual, que está sendo expressado por um amigo ou um inimigo, tem sobre ele o efeito de ajudá-lo a sentir o poder de sua bondade, um poder que não encontra oposição exceto na crença de que o mal é tão real quanto o bem.
Não podemos tornar real aquilo que já é real. Mas podemos reconhecer o que é real, e este reconhecimento do real nos leva conscientemente ao lugar onde o Amor divino está sendo expressado por todos. Nosso reconhecimento do que é real naquilo que vemos num amigo ou num inimigo, é a nossa manifestação do Amor. Ela nos identifica com a verdade que é desconhecida ao sentido material, desconhecida ao egoísmo, ao ódio e à materialidade. Quando nos identificamos com o real, através do amor, encontramo-nos “no esconderijo do Altíssimo, ... à sombra do Onipotente.” Podemos reconhecer o lugar: Quantos amigos e inimigos trouxemos conosco? Até que ponto nosso amor alcançou os necessitados do mundo? Com que desprendimento amamos?
