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A espiritualização do pensamento por meio da autodisciplina

Da edição de março de 1975 dO Arauto da Ciência Cristã


De certa maneira, grande parte da humanidade procura libertar-se das provas e limitações da existência humana. E, embora inconscientemente essa procura nem sempre seja a busca de espiritualização do pensamento, ela eventualmente será conduzida nessa direção, pois a verdadeira felicidade e a paz de espírito somente podem ser conseguidas por meio da compreensão espiritual acerca de Deus, o Espírito, e do homem como Seu filho amado.

Essa compreensão espiritual acerca de Deus e do homem pode vir por meio da revelação, mas é estabelecida firmemente por meio do esforço consciente e disciplinado de pôr em prática essa compreensão. Na verdade, a autodisciplina exerce papel importante em nossas vidas, pois cada um de nós tem a capacidade, outorgada por Deus, de governar harmoniosamente sua vida individual. Deus, no entanto, não o faz por nós! É preciso que ponhamos em prática, individualmente, a habilidade que Deus nos dá, expressando qualidades espirituais tais como percepção, inteligência, resolução, e assim por diante. Isso requer autodisciplina.

Podemos concordar, sem dúvida, que sem autodisciplina, muito pouco é alcançado em qualquer empreendimento. Contudo, apesar de muitos de nós concordarmos com a necessidade de vigiar o próprio pensamento, não é também verdade que a simples idéia de autodisciplina pode ter conotações de restrição, ou de abrir mão de nossa liberdade de fazer aquilo que desejamos, quando bem entendemos?

O que significa, na realidade, praticar autodisciplina? Certo dicionário diz que autodisciplina é “o controle e o treinamento planejados de alguém que deseja desenvolver-se”. Disciplinar-se é muito mais uma experiência libertadora do que restritiva.

E o que dizer acerca do pensamento indisciplinado? O pensamento indisciplinado pode ser comparado a um cavalo em corrida desenfreada! Quando ainda criança, durante muitos anos pensava eu que os cavalos selvagens expressassem o mais alto sentido de liberdade e beleza. No entanto, minhas idéias românticas foram bruscamente abaladas quando vi, pela primeira vez, uma tropilha de cavalos selvagens em seu ambiente natural. Não resta dúvida que havia certa excitação e beleza rude no quadro, mas também havia, inqüestionavelmente, a marca do medo, da desconfiança e da carência, que a luta contínua pela existência haviam deixado em cada animal.

Creio que, pela vez, compreendi o desperdício que representava o pensamento descontrolado e indisciplinado, quer esteja expresso num cavalo ou num homem. No caso dos cavalos, que contraste havia entre o cavalo selvagem e os belos e bem treinados animais que se vêem nas estâncias e nos espetáculos! Seu treinamento e disciplina culminam em maior utilidade e bem-estar. O mesmo acontece com pessoas.

Talvez o ponto de partida para que reconheçamos a vantagem de ser mais autodisciplinados seja o de estarmos mais cônscios daquilo que desejamos conseguir na vida e de como pretendemos consegui-lo. Apesar de cada um de nós articular seus mais caros desejos de maneiras distintas, todos possivelmente concordaremos que, em substância, estamos à procura da felicidade — de vida útil, cheia de realizações, e de paz de espírito isenta de temor de qualquer espécie. Estamos em busca daquele estado do ser que somente é alcançado quando vivemos qualidades espirituais, mantendo-as continuamente na consciência.

O trágico em tudo isso é que com freqüência, e erroneamente, pensa-se que coisas, pessoas ou ambiente sejam requisitos para a verdadeira felicidade. Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência CristãChristian Science — pronuncia-se: kris'tiann sai'ennss, comenta isso, quando escreve: “Um falso sentido do que constitui felicidade é mais desastroso para o progresso humano de que tudo o que um inimigo ou uma inimizade possam impor a uma mente, ou imprimir em seus propósitos e empreendimentos, por meio do qual obstrua as alegrias da vida e exalte suas tristezas.” Miscellaneous Writings, pp. 9–10; E mais adiante, continua: “Nada além da espiritualização — sim, da mais elevada cristianização — do pensamento e do desejo, pode fornecer a verdadeira percepção de Deus e da Ciência divina, que resulta em saúde, felicidade e santidade.” ibid., p. 15;

Quão importante, então, é desenvolver a firme convicção do que seja a verdadeira felicidade!

Uma vez tenhamos percebido claramente o que é que desejamos conseguir, o próximo passo constitui-se da determinação sincera de manter esse estado espiritual elevado durante todo o tempo, e da dedicação honesta a ela, especialmente quando estamos desempenhando nossas atividades diárias. É exatamente nesse ponto que entra a autodisciplina da Ciência Cristã.

Dentro deste raciocínio, já lhe ocorreu pensar o que faz com que alguém seja um bom atleta? O que faz o indivíduo tornar-se excelente músico ou ótimo escritor? É a prática disciplinada. O que torna alguém excelente? É a prática. A maneira autodisciplinada de encarar a vida é o que auxilia na espiritualização do pensamento.

Se bem que a disciplina faça alguém tornar-se um bom atleta ou escritor, ela não garante, necessariamente, a espiritualização de seu pensamento, porém a disciplina exigida para que alguém se torne um homem ou uma mulher excelente, é garantia de espiritualização. Isso acontece por que o esforço constante em busca da perfeição ou da bondade espiritual pura, que é o verdadeiro estado do ser do homem, como filho de Deus, exige a constante determinação de viver qualidades divinas a todo momento. O Salmista o disse da seguinte maneira: “Eu, porém, na justiça contemplarei a tua face; quando acordar eu me satisfarei com a tua semelhança.” Salmos 17:15;

Nesse esforço para assemelharmo-nos a Deus, precisamos examinar todo pensamento que nos ocorre, verificando se é oriundo da Mente única, Deus, ou se procede da mente mortal, a hipotética inteligência má, à qual Jesus referiu-se como o diabo. Podemos tornar-nos mais eficientes em reconhecer a fonte da miríade de pensamentos e sugestões que nos ocorrem durante um dia normal. Alguns dos pontos que podem ser verificados são: Este pensamento critica alguém ou alguma coisa? Sugere a falta de algo — amor, tempo, dinheiro, saúde, oportunidade ou habilidade? Há nele temor? Se a resposta a qualquer uma das perguntas for positiva, então o pensamento não provém de Deus, o bem, e devemos negar-lhe acolhida em nossa consciência.

Impedir persistentemente que o mal, ou o erro, tenha acesso a nós, é um passo necessário rumo à espiritualização do pensamento. O passo seguinte e absolutamente importante, é o de substituir as sugestões negativas e mortais por verdades espirituais. Não é simplesmente suficiente repreender ou negar o mal. Temos de estabelecer claramente no pensamento a verdade, ou o fato contrário referente a todo pensamento dessemelhante a Deus que nos ocorra. Podemos encontrar sempre essas verdades, invertendo o pensamento falso ou a evidência material discordante.

Um exemplo de firme negação da mentira, ou do mal, e de estabelecimento da verdade, nos é mostrado na confrontação que houve entre Jesus e o diabo, depois de Jesus ter estado no deserto por longo tempo. Como Jesus estivesse com fome, o diabo tentou-o a transformar pedras em pão, mas Jesus respondeu: “Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.” Mateus 4:4; O relato continua mostrando as tentativas do diabo (a mente mortal) de fazer com que Jesus tentasse a Deus e mesmo O abandonasse em troca de promessas de poder e riqueza. Em cada caso, depois de negar o erro, Jesus estabeleceu a verdade espiritual exata que era necessária, e foi somente então que o diabo o deixou. Quando praticado, esse tipo de pensamento disciplinado é um auxiliar eficiente na espiritualização do pensamento.

Quando seguimos as pegadas do Mestre, nosso progresso está assegurado. Cristo Jesus prometeu: “Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos.” João 8:31; Seis verdadeiros seguidores hoje, como outrora, engajam-se num modo de pensar autodisciplinado, baseado nas verdades absolutas acerca de Deus e do homem. Diz a Sr.a Eddy no livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “Em latim, a palavra traduzida como discípulo significa estudante; e esse termo indica que o poder de curar não era um dom sobrenatural outorgado a esses alunos, e sim o resultado da cultivada compreensão espiritual deles acerca da Ciência divina que seu Mestre demonstrava, curando os doentes e os pecadores.” Ciência e Saúde, p. 271.

Somos todos discípulos do Cristo na proporção em que emulamos o Mestre na cura de doentes e pecadores. O poder de curar, ou sua lei, provém diretamente de Deus. É privilégio do discípulo aprender e praticar a cura cristãmente científica. Esse processo de aprendizagem e prática inclui necessariamente a espiritualização do pensamento por meio da autodisciplina.

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