O título deste artigo é uma ordem de Deus dada a Elias. Mas, num sentido mais amplo, poderia ela ser dada àqueles que se preocupam com algo, sofrem de uma doença ou estão subjugados pelo pesar. Originalmente foi dirigida a Elias quando este tendo fugido de seus inimigos se refugiara em uma caverna. Tal como Elias, às vezes queremos desaparecer e não ver ninguém por estarmos sofrendo de preocupação e pesar, de ódio ou inveja, ou por nos sentirmos ofendidos.
Parece que nossa paz nos foi tirada. Mas, nas profundezas de nosso ser, vive o anseio por uma alegria mais elevada e impessoal. E com o coração cheio de um intenso anseio por justiça, simpatia, ternura e amor, nos afastamos de um sentido mortal das coisas e nos volvemos para Deus. Como Elias, obedecemos à ordem: “Sai, e põe-te neste monte perante o Senhor.” 1 Reis 19:11; Verificamos que Deus não está no forte vento, nem no terremoto, nem no fogo. Deus estava e está no cicio tranqüilo e suave — o mesmo que fez Elias sair de sua solidão e de seu desespero.
Como é que Deus chega aos homens se estes se escondem em si mesmos? Como chegou Ele a Elias?
Elias havia mandado matar os profetas materialistas de Baal. Pensava ter agido com justo rancor, porque eles haviam negado o Deus verdadeiro. Ele estava sentindo o peso da responsabilidade humana. Então ouviu o Senhor lhe perguntar: “Que fazes aqui, Elias?” v. 13; Foi esta voz interior, a voz de Deus, que aquietou seu desespero; e ele imediatamente recebeu a orientação de continuar a trabalhar para Deus.
Precisamos escutar esta orientação interior, e podemos encontrá-la na medida em que compreendemos melhor a natureza do único Deus, o Amor, que cuida do homem com perfeição. Essa orientação remove nossos temores e alivia nosso fardo.
No segundo relato da criação, na alegoria que representa uma falsa maneira de ver a criação, Deus pergunta a Adão: “Onde estás?” Em relação ao assunto, a Sr.a Eddy escreve: “Acima do terrível fragor do erro, de seu negrume e de seu caos, a voz da Verdade continua a chamar: «Adão, onde estás? Consciência, onde estás? Permaneces na crença de que a mente esteja na matéria, e de que o mal seja mente, ou estás na fé viva de que não há, e não pode haver, senão um só Deus, e guardas os Seus mandamentos?»” Ciência e Saúde, pp. 307–308;
O homem mortal, o sonho adâmico e material que temos de nós mesmos, ficaria feliz em desfazer-se de si mesmo em seu mundo de sonhos. Sente seu sofrimento, embora a matéria não tenha sensação. Crê-se abandonado e só, embora as idéias de Deus o cerquem em abundância; muitas vezes considera-se inútil, embora Deus tenha designado a cada um de nós, Seus reflexos, o lugar que só nós podemos ocupar e no qual realizar a tarefa que Ele nos atribuiu. Às vezes presume que tem de sofrer as conseqüências do ódio e da inveja, e no entanto Deus é Amor.
Na moderna pedagogia, dá-se muita ênfase ao desempenho de papéis. É ele utilizado para mudar o comportamento de crianças. A criança deve assumir o papel de outra criança para expressar os pontos de vista e o comportamento desta última. Dessa maneira pode chegar a entender que um papel incorreto não faz parte inextricavelmente de sua identidade e que o pode abandonar sem ter de desistir de coisa alguma de seu verdadeiro eu. É só o papel que é abandonado. Não nos será possível, com o auxílo da Ciência Cristã, abandonar o papel de um mortal — isto é, abandonar tudo o que é injusto e incorreto na vida?
Quando se nos tornar claro que somos, na realidade absoluta de nosso ser, reflexos de Deus, seremos capazes de abandonar, passo a passo, o falso papel de um mortal. Graças à compreensão do Cristo, o homem ideal, as pessoas que buscam cura podem ser curadas. Estarão capacitadas a desistir do que é incorreto, em favor da Verdade eterna.
“Que fazes aqui?” e “Adão, onde estás?” ressoam com tal força que devem despertarnos para a importância de lançar de nós todo o fardo do pensamento mortal. Precisamos abandonar o papel de um portador de fardos para podermos nos elevar livre e facilmente. “Eleva-te na força do Espírito para resistir a tudo o que é dessemelhante do bem” ibid., p. 393;, diz a Sr.a Eddy, e logo acrescenta inequivocamente de onde é que obtemos essa força: “Deus fez o homem capaz disso, e nada pode invalidar a faculdade e o poder divinamente outorgados ao homem.”
Moisés conhecia essa faculdade e esse poder. No livro do Êxodo ouvimos, a respeito dele, que “a pele do seu rosto resplandecia” Êxodo 34:29. quando desceu do monte do Senhor com as tábuas de pedra sobre as quais havia escrito os Dez Mandamentos. Lá no monte ele reconhecera que a onipotência e a onipresença de Deus são fatos irrefutáveis, que Deus está cumprindo Seus propósitos à Sua própria maneira e com Seus próprios meios. Moisés vira que o resultado é sempre bom, e que a vontade humana e os propósitos humanos não refletem a bondade e a sábia orientação de Deus.
Mas quando nos pomos no monte do esclarecimento espiritual, vemos o propósito de Deus para conosco e então vamos no encalço dele com renovada esperança e inspiração.