Sei, de experiência própria, que a Ciência Cristã cura completa e permanentemente o pecado.
Mas durante longo tempo antes de minha cura eu me havia encarado como um mortal desamparado, que desejava fazer o bem mas era incapaz de fazê-lo. Sentia-me como que sob o controle de algum poder que me podia obrigar a fazer coisas contra minha vontade. Não podia compreender como um Deus carinhoso podia abandonar alguém que estava seriamente pedindo Sua ajuda e que realmente desejava fazer o bem.
Eu tinha sido educada como Cientista Cristã, mas decidi que não podia acreditar em Deus como o Amor se Ele não me estava ajudando, num momento em que eu estava tão desesperadamente necessitada dessa ajuda. E assim julguei que não podia honestamente aceitar o que quer que fosse que a Ciência Cristã ensinasse acerca dEle.
Em decorrência disso, tive a sensação de estar num vácuo. A Ciência Cristã ensina que Deus é Princípio, que existem leis espirituais que governam o homem e o universo. Lançando fora esses conceitos fiquei num mundo governado pelo acaso. Não havia coisa alguma certa, nada em que eu pudesse confiar, nada que me servisse de bússola para dirigir minha vida. Senti-me completamente sozinha.
Durante algum tempo antes de eu abandonar a Ciência Cristã, eu havia tido contato com meu namorado, e tentara explicar racionalmente tal atitude, mas nunca fora verdadeiramente capaz de acreditar que aquilo que estávamos fazendo era honesto ou correto. O fato de que nenhuma de minhas tentativas de pôr um paradeiro nisso havia jamais tido êxito, solapara-me a confiança na minha habilidade de fazer qualquer coisa de modo acertado. Mas quando abandonei a Ciência Cristã, parecia que já não havia razão alguma para continuar lutando.
Meu namorado tomou a decisão de casar comigo, e de repente fiquei com receio de dizer-lhe sim! Durante anos minha vida se havia centralizado na idéia de desposá-lo. Mas agora não me sentia de modo algum satisfeita com aquilo em que me havia tornado, e eu não podia ter esperança alguma de melhorar se me casasse, por ter sido esse relacionamento o que havia contribuído para desfigurar minha vida. Mas anteriormente eu nunca havia sido capaz de lhe dizer não, e eu verdadeiramente receava que agora não tivesse suficiente fortaleza para dizê-lo.
Então descobri que estava grávida. Meu namorado morava num outro Estado, e assim fiquei a sós para decidir o que fazer.
Para tornar as coisas piores, fiquei muito doente. Eu não tinha fé na medicina, mas como não era mais Cientista, não tinha outro método alternativo de cura para o qual me volver. À medida que a doença se arrastava, meu desespero se aprofundava até que me decidi por algum tipo de oração, porque certamente eu estava sendo guiada e protegida. Finalmente telefonei à minha mãe e pedi tratamento pela Ciência Cristã. Contei-lhe que estava doente, mas não expliquei que estava grávida.
Comecei novamente a ler a Lição-Sermão Lições Bíblicas do Livrete Trimestral da Ciência Cristã; e os periódicos da Ciência Cristã, mas lia sem esperança de compreender. Parecia que eu não podia descobrir uma maneira de aplicar a verdade que eu estava lendo na Bíblia e no livro da Sr.a Eddy, Ciência e Saúde, diante da aparente realidade que a desarmonia assumia em minha vida humana. Quanto mais eu lia, tanto mais dúvidas eu tinha.
Minha mãe não me havia pedido para abandonar minhas dúvidas, senão que as pusesse de lado por algum tempo. Uma compreensão sobre Deus começa com a fé. Quanto mais eu negasse a existência de Deus, mais difícil se me tornaria obter qualquer evidência de Sua presença. Assim minha mãe pediu-me que eu aceitasse como verdadeiro o ponto básico da Ciência — o de que Deus é Tudo. Com esta afirmação por base, eu podia conferir a lógica de tudo o mais que Ciência e Saúde dizia, pois a Sr.a Eddy escreve: “Para compreender a realidade e a ordem do ser na sua Ciência, tens de começar por considerar Deus como o Princípio divino de tudo o que realmente existe.” Ciência e Saúde, p. 275; Para surpresa minha descobri que a lógica da Ciência era inegável.
Tudo quanto eu lia parecia estar falando sobre o governo supremo de Deus e de estar o homem livre do pecado. Pude compreender que me estava sendo oferecida uma visão diferente do universo. Estavam dizendo que o homem é espiritual, governado somente por Deus, amado e protegido por Ele, e também que esses fatos podiam ser comprovados na experiência humana.
Eu necessitava de algo que modificasse meu modo de pensar e minha maneira de viver, não apenas que dissesse respeito aos problemas evidentes de eu estar doente e grávida. Assim decidi seguir a Ciência Cristã.
Eu ainda estava com receio de contar à minha mãe que eu estava grávida, e por isso pedi-lhe que parasse de trabalhar em meu favor, e em vez disso pedi a ajuda de um praticista da Ciência Cristã. Pela primeira vez fui completamente honesta com alguém. Contei-lhe pelo telefone que eu estava doente, e depois de desligar, escrevi-lhe uma carta explicando tudo. Nunca deixarei de ser grata pelo amor crístico que esse praticista expressou. Não houve choque, nem condenação. Ele sabia quem eu realmente era — o reflexo de Deus, a evidência de que Ele existe. Como me era lindo saber que Deus estava se deliciando naquilo que eu era como obra Sua. O praticista pediu-me que lesse um artigo escrito pela Sr.a Eddy, chamado “Caminhos que são vãos”. Senti-me chocada ao constatar que esse artigo descrevia com exatidão o estado mental no qual eu havia caído. O fato de que a Sr.a Eddy pôde tão especificamente pormenorizar meu caso convenceu-me realmente de que seus livros foram divinamente inspirados, e de que eu devia aceitar também o que ela expunha sobre a causa e a cura desse modo de pensar.
Nesse artigo ela conta como o magnetismo animal (a crença de haver inteligência na matéria) atrai, mediante argumentos silenciosos, o indivíduo que de nada suspeita. Ela escreve: “Invertendo as maneiras de ser do bem na atração silenciosa que exercem sobre a saúde e a santidade, [o magnetismo animal] impele a mente mortal a cometer erros de pensamento, e a incita à perpetração de atos estranhos à sua inclinação natural. As vítimas perdem sua individualmente, e se prestam voluntariamente à execução de planos urdidos por seus piores inimigos, mesmo aqueles que as induziriam à autodestruição.” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 211;
Todo esse tempo eu havia acreditado que o intercâmbio sexual tinha valor intrínseco. Eu argumentava que esse intercâmbio era um ato natural e que, portanto, não fazia sentido querer restringi-lo. Ora, eu podia compreender que a matéria, por si só, não tinha bem algum a me oferecer. O conhecimento que eu tinha de minha união com Deus, como expressão espiritual dEle, era para mim de suprema importância. Porém um comprometimento sexual irresponsável me havia afastado de Deus.
Libertei-me de um grande peso quando compreendi que o prazer de pouca duração, que eu havia considerado tão importante, era realmente um nada em comparação à minha necessidade vital de conhecer e expressar Deus. Eu podia compreender que dentro do casamento a união sexual podia ser uma expressão normal do amor especial e da intimidade de que compartilhavam marido e mulher; mas isso desempenha papel incidental nesse relacionamento. Contudo, esse intercâmbio, quando realizado fora do casamento, assume uma posição injustificada de importância nociva ao crescimento espiritual do indivíduo. Foi tão bom, saber finalmente, por que razão as relações sexuais premaritais estavam erradas.
Pouco a pouco comecei a me sentir perto de Deus. Deixei de exigir que Ele Se me comprovasse. Dei um grande passo quando compreendi que a onipotência de Deus não significava que Ele tem todo o poder de fazer o que eu queria que Ele fizesse, mas sim que Ele tinha o poder de fazer o que é o melhor. Quando compreendi isso comecei realmente a prestar atenção para entender o que Ele estava pedindo que eu fizesse ou soubesse. Em vez de dizer: “Por que estou doente? Por que Tu não me curas?”, comecei a perguntar: “Que queres que eu veja?” As respostas que recebia sempre me afastavam do problema físico, mas com a compreensão espiritual aumentada veio a cura da doença. Que emoção senti ao constatar que era realmente possível comprovar a verdade!
“Se alguém está em Cristo, é nova criatura: as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.” 2 Cor. 5:17. A idéia de que todas as coisas podiam tornar-se novas libertou-me gradualmente da confusão que se tinha formado através dos anos. Não era uma questão de me esforçar por adquirir certas qualidades que me faltavam; era um ceder a Deus. Ele me havia feito perfeita para que eu incluísse todas as idéias e qualidades boas. A única coisa que eu tinha a fazer era aceitar aquilo que Ele me havia dado. Para mim era essa toda a diferença a de ver que Ele era minha fonte, que Deus era meu progenitor, não a matéria, e que eu podia contar com Ele para me suprir de tudo quanto eu necessitasse, de um modo tal que eu pudesse compreender. Deus tinha um propósito para mim; o Próprio Deus necessitava de mim, pois eu podia ser um exemplo do Seu poder curativo, de Seu terno amor pelo homem.
Empreguei os seis ou sete meses seguintes estudando e orando. Comecei a compreender a completa irrealidade do pecado e percebi que qualquer história do erro era simplesmente um sonho. Se Deus governa o universo, quando foi que Ele não exerceu controle completo? Nesse ínterim, minha fé em Deus não era mal aplicada. Agora eu tinha curas físicas de resfriados e dores de cabeça, bem como exemplos de que Deus me estava dirigindo. Até mesmo uma só cura mediante oração prova que a matéria não tem poder. Percebi que para ser coerente eu tinha de percorrer o caminho inteiro e admitir que minha perfeição era eterna.
A princípio foi-me realmente duro pensar acerca de mim mesma como alguém que sempre expressou Deus. Mas eu sabia que eu não era mais forte do que Deus e assim eu não me podia ter tirado para fora do reino do Seu governo. E depois, como podia eu explicar o que parecia uma história física, evidente, de atos ímpios? O praticista explicou que se eu estivesse exibindo diapositivos e um deles estivesse mal focalizado eu não teria necessidade de tentar mudar o diapositivo ou de me aborrecer sobre o horrível desastre que havia acontecido com o retrato. Tudo quanto eu necessitava fazer era ajustar o projetor. O diapositivo propriamente dito, nunca tinha sido lesado pela projeção fora de foco, assim como meu ser espiritual nunca havia sido tocado pelo pecado.
Esta compreensão, de que minha bondade era intocada, libertou-me de qualquer sentimento de culpa ou vergonha. De fato, agora eu constatava que tinha uma missão tremenda a cumprir. A Ciência Cristã podia curar o pecado, e eu podia partilhar deste conhecimento com outras pessoas, pelo modo com que eu expressasse Deus.
Durante esse tempo minhas necessidades humanas foram maravilhosamente providas. Cada passo que eu dava era guiado por Deus, e eu crescia em força e compreensão à medida que seguia a orientação de Deus. Decidi não me casar, e houve separação harmoniosa entre meu namorado e eu. Cheguei à conclusão, que no meu caso, eu não deveria ficar com a criança, e assim tomei as necessárias providências para que ela fosse adotada depois do parto. Em curto espaço de tempo a agência tinha encontrado uma família de Cientistas Cristãos em condições de adotar a criança poucos dias depois do seu nascimento. Por compreender que Deus era o Pai e a Mãe do homem, pude deixar, sem ter qualquer sensação de perda, que os cuidados humanos para com a criança fossem assumidos por alguma outra pessoa.
Muitas mentiras sobre meu verdadeiro eu foram postas a descoberto e corrigidas, e muitas curas se verificaram durante esse tempo. Finalmente pude honestamente aceitar minha pureza nativa, sem mácula. Comecei novamente a sair com amigos, e que sensação de liberdade me vinha por saber que minha natureza não era pecaminosa mas sim semelhante a Deus! Fui também capaz de perceber que não é bondade ceder permissivamente a alguém, de um modo que isso glorifique o erro. A maior dádiva que se pode dar é aquele amor que eleva as pessoas à sua mais alta expressão de Deus, ainda que nessa ocasião elas pareçam apreciar isso ou não.
Meu desejo crescente de depender exclusivamente de Deus para conservar minha saúde e felicidade não me excluiu do convívio mundano mas vivificou meu apreço pelo bem que nele há. Estou agora casada e sinto-me feliz; e quando, antes de nosso casamento, contei ao meu marido essa cura, não o fiz numa atitude de confissão mas sim movida pela idéia de partilhar com ele algumas maravilhas que aconteceram comigo por causa de todas as verdades que eu havia descoberto. O fato dele se alegrar com isso foi justamente mais uma prova de como minha cura havia sido completa. Não houve um “rememorar tristonho” de ordem mental, emocional ou física. Todas as coisas haviam de fato se tornado “novas”.