Na última ceia, de sua alegria falou,
Aos amigos falou de sua alegria.
Quando o Mestre ao espaço se alçou
Por sobre a cruz, além do túmulo, deixou
Esta mensagem de eterna alegria —
Que ninguém tirar jamais poderia —
E que aos confins do mundo levariam.
A alegria não é coisa que nos venham dar,
Ou com astúcia ou por capricho consigam roubar.
Ela do leste ou do oeste não vem,
Nem por palavra ou ato de alguém.
Não está guardada em distante armazém,
Nem protegida por tranca ou ferrolho.
Nunca à espera que se vire a folha
Do calendário, ou mova-se, do relógio,
O ponteiro. Nunca ligada ao dia de ontem,
Nem no amanhã escondida se encontra.
A alegria não se pode ganhar,
Nem perder, entre o nascer e o pôr do sol.
Não a governa a roda da fortuna,
Nem o lance de dados ou a virada
De cartas. Não é ganha com o mourejar,
Nem é comprada por preço.
A alegria é de nosso ser o alicerce.
Mais próxima que o pulsar do coração,
O sangue ou a respiração. Não está sujeita
À decadência ou à morte. Não se encontra
Aos nossos pés, nem é atraída de longe, não vem
Para cá, nem se afasta de nós. Nenhuma escala finita
Pode medi-la, ou um número lhe dar, nem par
Nem ímpar. A alegria não é algo que temos,
Ou não temos. A alegria é o que somos,
A mesma por fora e por dentro,
Na circunferência ou no centro,
Vem direta de nossa base elementar,
Da nascente calma e profunda, da fonte
Borbulhante da Vida, eterna, infinita.
O homem de alegria é homem de Deus.
