Numa época de minha vida quando tudo estava indo bem e ia ficando cada vez melhor, eu tinha todos os motivos para ser feliz e sentir-me seguro. Em vez disso, eu estava deprimido e com medo, e não podia encontrar a razão desse meu estado. Buscando uma resposta — ou antes a solução, estudei a Bíblia e o livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde pela Sr.a Eddy. Queria ver a lei de Deus como a única lei em ação em minha vida e sentir a paz e a alegria que eu sabia vir de se habitar com Deus. Mas, por mais que eu reivindicasse diligentemente o controle da lei divina, ainda assim a ansiedade persistia.
Certa noite despertei de um sono agitado e com pesadelos. Naquela hora foi como se uma voz interior autoritária me dissesse: — Declare que você tem uma só Mente, Deus, e que não existe nenhuma outra. — Segui as instruções recebidas. Então a “voz”, que, não resta dúvida, era intuição espiritual, falou novamente: — Trate da sugestão mental agressiva. Negue a existência de várias mentes, a suposição de haver uma mente mortal, a noção de que haja uma mente separada de Deus. — Acendi a luz de minha cabeceira e estudei em meus livros cerca de meia hora, até que senti que havia readquirido domínio sobre meu próprio pensamento.
Na manhã seguinte fui a uma Sala de Leitura da Ciência Cristã e pesquisei sobre magnetismo animal, sugestão mental agressiva, e mesmerismo. Encontrei uma passagem que me mostrou que eu estivera enganado em pensar que o mesmerismo era um termo que se referia apenas ao controle hipnótico de uma vontade humana sobre outra mentalidade. Pode significar muito mais do que isso. No livro-texto, a Sr.a Eddy ressalta certa distinção: “A grande diferença entre o mesmerismo voluntário e o involuntário consiste em que o mesmerismo voluntário é produzido conscientemente e deve causar, como de fato causa, sofrimentos a quem o pratica, ao passo que o automesmerismo é produzido inconscientemente, e é por seu próprio erro que o homem muitas vezes aprende.” E a seguir, diz ela: “No primeiro caso compreende-se que a dificuldade é uma ilusão mental, enquanto no segundo acredita-se que o infortúnio é um efeito material. Num caso emprega-se a mente humana para eliminar a ilusão, mas no outro, recorre-se à matéria.” Para que o pensamento de alguém fique mesmerizado, não é preciso um homem de capa preta que balança de um lado para o outro um relógio de ouro preso a uma corrente; o pensamento pode ser mesmerizado pela crença na matéria e no efeito material. A Sr.a Eddy conclui o parágrafo sobre os dois aspectos do mesmerismo, dizendo: “Em realidade, ambos têm sua origem na mente humana e só podem ser curados pela Mente divina.” Ciência e Saúde, p. 403;
A crença na existência da mente mortal, material, limitada, produz tal estado mesmérico no indivíduo que abriga essa crença que esconderia dele sua união com Deus, o Espírito. Magnetismo animal é o nome que a Sr.a Eddy deu à suposta força que faz o pensamento ir contra a atração ascendente do Espírito. Tudo o que nos eleva e nos afasta da crença num corpo material e numa mente mortal, é o Cristo, e procede do Espírito. Tudo o que constitui a crença de que a vida ou a mente está na matéria, e que a essa crença nos prende, é magnetismo animal. Quando somos atraídos pelo Espírito e a ele guiados, nossos dias refletem isso em energia, harmonia, finalidade e alegria. Quando estamos sendo puxados para baixo, mesmerizados pela matéria e por um quadro de desordem, instabilidade, desespero, excessiva complexidade, tristeza ou algo semelhante, significa que caímos na armadilha do magnetismo animal.
Quer tenhamos um sentimento de infelicidade geral ou vago em nossa vida, ou estejamos sentindo-nos infelizes sobre determinado assunto específico, veremos que a causa subjacente é o magnetismo animal que não foi eliminado de todo de nosso pensamento. Portanto, para livrar-nos dele, precisamos antes de tudo saber com convicção que a Mente, o Espírito, é perfeita e infalível, e então negar a sugestão mental agressiva de que a mente é mortal e pode manipular-nos. É preciso ver a irrealidade da aparente realidade do magnetismo animal, da crença de que a vida está na matéria e acha-se separada do Espírito, antes de voltar a atenção para os sintomas específicos de discórdia. Deus é a causa subjacente de todo o bem; a crença de magnetismo animal está por trás de todo o mal.
Observe como os Dez Mandamentos dizem claramente que é preciso que a humanidade faça algo mais do que apenas glorificar o Deus único, por mais importante que isso seja. Com o segundo mandamento somos instruídos a negar severamente a crença em outros deuses e a existência de outros deuses; em termos científicos, somos instruídos a negar o magnetismo animal: “Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.” Êxodo 20:4; Essa é uma maneira ampla de negar o magnetismo animal. Outros mandamentos negam o mal sob formas mais específicas — ira, vanglória, luxúria, engodo, inveja, etc. Nenhum desses estados imorais e voluntariosos da mente, todos eles desejos errôneos, sintomas da atração degradante e falsa, são em si mesmos e de si mesmos causadores do mal. Tal como a doença e a morte, são eles o produto do erro básico da crença num poder e numa presença separados de Deus. Esses estados da mente não passam de mero produto do mal impessoal ou do magnetismo animal que não foram desafiados.
A Sr.a Eddy escreve: “A luxúria, a malícia e todas as espécies de mal são crenças doentias, e só podes destruí-las destruindo os motivos perversos que as produzem.” Ciência e Saúde, p. 404; O aparente pecado pessoal, ou desejo errôneo, é apenas um “boneco” ou “testa de ferro” do magnetismo animal hipnótico. Para destruir o erro, temos de arrancá-lo pela raiz.
Se somos idólatras “em cima nos céus” ou, como poderíamos dizer em linguagem moderna, pseudo-religiosa, “em baixo na terra” (conscientemente), ou “nas águas debaixo da terra” (inconscientemente), então estamos consentindo em sermos escravizados pelo magnetismo animal, em termos um quadro falso da realidade, e como conseqüência, em sofrer. O objeto de nossa idolatria pode ser a fama, a segurança financeira, a aventura, um corpo saudável, a satisfação sexual, o conhecimento intelectual, ou o afeto humano. Nem todos esses são de si e por si necessariamente males, mas o idolatrá-los é sempre um mal. O magnetismo animal idólatra, seja sob a máscara de amor ao dinheiro ou de qualquer outra coisa não espiritual, é a raiz de todo o mal.
Quando minha saúde, as circunstâncias e o meio ambiente todo pareciam tão certos, e contudo eu sentia-me tão teimosamente infeliz, não consegui de início encontrar a razão. Mas quando vi que para encontrar a raiz de minha infelicidade eu só tinha de encarar o magnetismo animal, senti um ímpeto de força e alegria, sabendo que o poderia derrotar. E o derrotei, mediante negação e afirmação coerentes. As noites mal dormidas, a insegurança, a depressão, tudo se sumiu. E o que é melhor de tudo, é que hoje, vendo com exatidão o que o magnetismo animal é, tenho uma ferramenta indispensável de que me posso valer para enfrentar qualquer enfermidade, seja psíquica ou física, que surja diante de mim. É claro que só o magnetismo animal procuraria me induzir a pensar que eu nunca mais terei de enfrentar e vencer outra vez suas sugestões! Com sabedoria e por amor aos seus estudantes, a Sr.a Eddy escreveu: “Será dever de todo membro desta Igreja defender-se diariamente contra sugestão mental agressiva, e não se deixar induzir ao esquecimento ou à negligência quanto ao seu dever para com Deus, para com sua Líder e para com a humanidade.” Manual de A Igreja Mãe, § 6° do art. 8°.