Há poucos dias um estadista acentuou numa entrevista televisionada que “as pessoas precisam hoje em dia de um propósito mais elevado que o da compra de objetos materiais”.
De que modo podemos eliminar qualquer mancha no quadro que mostra o propósito de nossa vida? Vinculando nosso modo de pensar à vida, à vivência e ao homem, como estes são definidos na Ciência Cristã. Quando o fazemos, uma coisa que há de surgir — e que fará enorme diferença na nossa perspectiva — é a seguinte: conseguir objetos materiais, ter apenas êxito material, não é o que realmente constitui a vida. A Descobridora da Ciência Cristã, Mary Baker Eddy, diz-nos: “A Ciência Cristã apresenta desdobramento, não acréscimo; não manifesta evolução material da molécula à mente, e sim um transmitir-se da Mente divina ao homem e ao universo.” Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 68;
O que é que isso implica? Os mortais, segundo sua própria crença, crescem de um embrião. O homem, na Ciência, irrompe da Vida divina. Os mortais, em grau maior ou menor, volvem-se para a matéria a fim de se sustentarem. O homem real é mantido e satisfeito pela Vida divina. Viver uma vida cujo único objetivo é o de acumular coisas materiais significa ter e não ter! De outro lado, dar prioridade à apreciação de idéias espirituais e aguçar introspecções espirituais é entender e provar que o homem tem tudo porque o homem reflete o Tudo que é Deus.
A Ciência Cristã não passa simplesmente um sermão ou dá uma lição de moral sobre a vida, nem mostra como podemos viver mais contentes num mais elevado nível mortal. Ela põe um paradeiro definitivo à toda a noção de que a vida é orgância e dá-nos a convicção de que a Vida é Deus e que o homem é a idéia da Vida. A Ciéncia desafia com êxito toda pretensão de que a vida possa realmente não ter significado e ser temporária. A vida real é o efeito da Vida divina.
Dedicar todos os nossos esforços meramente a tentar enriquecer a vida mortal é um passatempo insípido e lúgubre. Então, o que é que eleva a humanidade? Não um estado de preocupação consigo mesmo. Não os aparelhos engenhosos que a humanidade tiver inventado, ainda que muitos desses inventos sejam construtivos e eliminem um mourejar estafante. “O espírito da Verdade é a alavanca que eleva a humanidade” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 130;, é o que a Sra. Eddy afirma.
Movimentamos essa alavanca toda vez que nos compenetramos de que a Verdade, a Vida divina, é onisciente, onipresente e onipotente. Movemos essa alavanca quando nos compenetramos de que o homem não é um pequeno ente mortal, perscrutando através dos sentidos físicos um inexplicável cosmos de matéria. Movimentamos essa alavanca quando reconhecemos, com a mais profunda convicção e humildade, que o homem é o reflexo imortal do grande Eu Sou, Deus.
Não olhemos para a matéria à procura de significado e permanência. Nela não os podemos encontrar. Encontramos, porém, o significado da vida — e sua eternidade — quando os procuramos na Vida divina. Estamos acreditando erradamente que existe significado na matéria quando imaginamos que o grangear renome em alguma profissão especial, grangear o respeito na nossa comunidade, ostentar poder numa comissão importante, são por si sós metas finais. A conquista desses pontos talvez explique que compreendemos a vitalidade e inteligência da Vida divina. Mas em alguns casos esses objetivos envolvem o exercício da vontade humana que embaça o verdadeiro sentido de propósito; e se montamos o cavalo rebelde da vontade humana, estamos sujeitos a ser jogados por terra a qualquer momento.
Aquilo que tem propósito espiritual sempre terá propósito. O propósito do homem — o verdadeiro propósito de cada um — é o de ser a emanação da Vida. Esse propósito nunca pode ser perdido. A idade não pode roubar o homem do seu propósito, porque o homem é imortal, não envelhece. O desemprego não pode roubar o homem do seu propósito, porque o homem está sempre empenhado em ser a idéia da Vida. A aposentadoria não pode terminar com o propósito do homem, porque o homem nunca cessa de manifestar Deus.
A Vida desabrocha em significado quando reconhecemos não apenas a verdadeira natureza espiritual do homem e o seu propósito verdadeiro, mas entendemos que somos esse homem agora mesmo.
Cristo Jesus tinha profunda compreensão do que vem a ser o propósito, e tinha também uma vida abundantemente rica e construtiva. Por quê? Porque ele se identificava como o Filho ou o efeito de Deus. Para ele o ser real era resplandecentemente vívido, imutavelmente completo e perpetuamente demonstrável. Sua carreira e seus ensinamentos abrem para nós, neste século vinte, perspectivas de propósito com ilimitados horizontes. Infinitamente mais do que uma figura religiosa que viveu há dois mil anos, Cristo Jesus foi o mais destacado luminar espiritual de toda a história.
Podemos volver-nos para sua vida e para seus dizeres se alguma vez nos sentirmos tentados a dizer que a vida decorreu insípida para nós. Quer o desânimo se nos defronte como uma inundação avassaladora ou como uma torneira a gotejar irritantemente, uma revisão da carreira de Cristo Jesus sob o foco que a Ciência Cristã nela projeta não pode deixar de nos proporcionar esperança. Ele compreendia a Ciência da Vida, era uma absoluta transparência para ela. Certa vez anunciou: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” João 10:10. Seu sentido da vida era divino e não humano. Ele é nosso modelo, e à medida que nosso sentido humano da vida é substituído pelo divino descobrimos que temos cada vez maior êxito em rebater quaisquer pretensões de tédio, fracasso, falta de propósito ou letargia.
Será que estamos à procura de propósito e significado? Esses estão justamente aqui, porque a Vida divina e sua idéia, o homem, estão justamente aqui, e nada mais pode, nunca, estar presente.