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A mulher liberada por Deus

Da edição de junho de 1978 dO Arauto da Ciência Cristã


“Tente, se quiser, mas o senhor nunca conseguirá imaginar o que significa ter em si a força masculina de um gênio, e contudo sofrer a escravidão de ser uma moça.”

As palavras que a Princesa Halm-Eberstein disse a Daniel na novela de George Eliot, Daniel Deronda, talvez refletissem os sentimentos da própria autora. George Eliot era o pseudônimo de Mary Ann Evans, a brilhante escritora inglesa do século dezenove que teve de adotar o nome de um homem para ter suas obras publicadas e tratadas com respeito.

No Gênesis, lemos: “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” Gênesis 1:27; A Sra. Eddy assim explica esse trecho do Gênesis: “Para dar ênfase a esse pensamento momentoso, repete-se que Deus fez o homem à Sua própria imagem, para refletir o Espírito divino. Segue-se daí que homem é um termo genérico. Os gêneros masculino, feminino e neutro são conceitos humanos. ... O homem ideal corresponde à criação, à inteligência e à Verdade. A mulher ideal corresponde à Vida e ao Amor. Na Ciência divina, a autoridade que temos para considerar Deus masculino não é maior do que a que temos para considerá-Lo feminino, porque o Amor confere a mais clara idéia da Divindade.” Ciência e Saúde, pp. 516–517;

Quando vim a conhecer a Ciência Cristã, eu dera à luz três filhos em pouco mais de quatro anos. Achava-me num turbilhão mental e de frustração. Parecia-me haver um conflito entre o meu amor e a minha dedicação ao lar e às crianças e a busca intelectual que me iria incluir no mar da vida e dos desafios do mundo. As frustrações ainda eram agravadas pelo problema de um dos filhos, que apresentava sintomas de perturbação emocional e estava freqüentemente enfermo.

Cheguei a um ponto em que já não sabia para onde me volver. Eu estudava a Bíblia e era membro ativo de uma igreja protestante. Fazia tudo quanto sabia fazer por minha família, e estava disposta a fazer qualquer coisa por ela, só que não sabia mais o que fazer. Eu depositava pouca confiança nos recursos médicos para a cura, e sentia profundamente que Deus é Amor, e que no amor há poder. Certa noite, quando me achava num estado mental desesperador, orei para saber o que devia fazer a seguir. Dentro de uma semana conheci a Ciência Cristã e comecei a estudá-la com afinco.

A cura do filho que apresentava problemas emocionais, e a cura de outro filho, gravemente machucado num braço, trouxe toda a família à Ciência Cristã dentro de um ano após o começo de meu estudo. No decorrer do ano seguinte, o nascimento harmonioso, em casa, de um quarto filho, e a iluminação espiritual adquirida ao ter eu recebido instrução em classe, deixaram-me profundamente desejosa de dedicar minha vida à prática da Ciência Cristã. Eu já estava recebendo pedidos de tratamento, e parecia-me que dedicar o tempo ao trabalho de Deus era minha única maneira de recompensar Deus por todo o bem que nos advinha.

Novamente, porém, o conflito mental começou a agitar-me. Julgava que a prática pública da Ciência Cristã teria de ser adiada até que os filhos fossem adultos, porque a minha responsabilidade primordial era para com eles. Tendo obrigações para com meu esposo e quatro pequeninos, não me parecia possível dedicar à prática o tempo necessário.

Contudo, quanto mais eu estudava, mais sentia que esse era o plano de Deus para mim. O fato de ser mulher aparentemente me colocava numa posição inevitável: um forte sentimento de amor e de responsabilidade para com minha família parecia impedir-me de servir a Deus e de realizar-me como pessoa. Então, tornou-se-me claro que o fato de eu fazer o que é certo não me podia punir. Na Ciência, em vista de procederem de Deus, todos os desejos corretos só poderiam fundir-se numa vida ativa, integral e continuamente harmoniosa.

Volvi-me de todo o coração a Deus para me livrar do quadro mental de mulher que me estava escravizando, e para alcançar um conceito mais elevado da condição feminina. Estudei a passagem escrita pela Sra. Eddy e citada previamente, em que a mulher ideal está descrita como correspondendo à Vida e ao Amor. Ao ponderá-la, encontrei este trecho em Ciência e Saúde: “Algumas frases imortais, respirando a onipotência da justiça divina, foram poderosas para romper cadeias despóticas e abolir o tronco e o mercado de escravos; mas a opressão não desapareceu com o derramar de sangue, assim como a aura da liberdade não veio da boca do canhão. O Amor é o libertador.” ibid., p. 225;

A lei divina do Amor, compreendi, era a lei que tinha o poder absoluto de liberar a todos do falso sentimento de que amar é ser escravo. A mente mortal, em sua maneira mentirosa usual, argumenta que expressar amor é cair na armadilha mortal das exigências, dos caprichos e do cuidado constante das necessidades de outros mortais. Ora, se o Amor liberta, é preciso que exista um sentimento de Amor que nos livre de sermos oprimidos por exigências.

Percebi que eu havia aceito um sentido demasiadamente pessoal de mim mesma e de meu relacionamento com a família. Ao fazê-lo, inconscientemente eu vinha “me arrogando o papel de Deus” e crendo que me era necessário atender pessoalmente às necessidades dos membros de minha família. Compreendi que é apenas Deus quem satisfaz a cada necessidade — tanto a minha como a deles — e que, para amar de fato minha família, eu tinha de compreender e demonstrar que cada um de seus componentes é a manifestação imediata do Amor, estando, portanto, totalmente governado e bem suprido pelo Amor. Eu sabia que poderia ver esta verdade absoluta expressada cada vez melhor em nossa família, sem abdicar de minhas ternas responsabilidades de esposa e mãe.

Compreendendo eu realmente a ação científica dessa atividade do Amor, as crianças começaram a ser mais independentes, reclamavam menos, colaboravam mais e eram muito mais felizes.

Continuamente eu alinhava com Deus o meu pensamento a respeito da família, afirmando que cada um de nós se acha na dependência total dEle, e reconhecendo que todas as nossas necessidades estão atendidas por Ele. Deixei de supor que Deus tinha de agir por meu intermédio para atender às necessidades de cada um, e compreendi que individualmente todos nós expressamos a Deus. Assim livrei todos nós do sentimento de estarmos na dependência de personalidades.

Certo dia, enquanto lavava a louça, eu estudava o poema da Sra. Eddy intitulado “Amor”. As seguintes palavras me desvendaram os conceitos científicos que afinal me deram liberdade:

Ó, vem da luta libertar
Quem esperança tem,
E com amor o saciar;
O Amor é Vida, o bem. Hinário da Ciência Cristã, n° 30;

Naquele momento compreendi que, sendo Deus a Vida, a única Vida, e o Amor sendo Vida, nada realmente acontece ou se realiza se não tem sua motivação no Amor. E, como o pensamento mortal nada é, em vista de não provir da Mente divina, não se executa nenhuma atividade mortal, porque a mortalidade não faz parte da Vida divina. Tudo quanto é real, portanto, é executado espiritualmente, e é substancial por ser a manifestação do Amor, da Vida. Compreender estes fatos é o que realmente significa ser mulher.

Ali mesmo comecei a expressar conscientemente a presença do Amor em forma de verdadeira feminilidade, levando-a à tarefa de lavar a louça e a todos os demais afazeres domésticos. Comecei a viver! Nenhuma tarefa ficou de fora. Ora eu reconhecia cada tarefa como uma oportunidade de expressar esta verdadeira compreensão do Amor.

Prontamente dei-me conta de que tinha me sentido pessoalmente sobrecarregada e responsável pela atividade do bem porque não me havia alinhado com a fonte universal do bem, com Deus. Isso me fizera sentir separada das leis da Vida que sustentam o universo do bem. Ao identificar o meu eu verdadeiro com Deus, a minha Vida, a minha origem, a confiança nas leis universais que sustentam toda a vida inundou-me a consciência e o sentimento de estar sobrecarregada desapareceu. Percebi o que Jesus tinha em vista, quando disse: “O meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” Mateus 11:30; Tomaram nova feição as palavras de Paulo, que dizem que o amor “tudo suporta” 1 Cor. 13:7..

Continuando a esforçar-me por expressar conscientemente a verdadeira condição de mulher, verifiquei que o atendimento das exigências diárias de minha família e as da prática da Ciência Cristã, que crescia, estavam-se entrosando. Eu começava a contemplar a família universal, em vez de limitar o pensamento a uma família pessoal.

Em poucos anos tornei-me praticista e estava inscrita no Christian Science Journal.

Qual o efeito que teve, como demonstração cristã e científica, a libertação desta mulher — eu própria — sobre os filhos? O efeito é o de uma bênção que vai muito além da compreensão humana.

Nasceu-nos a quinta filha, também em casa. Com a idade de dois anos ela brincava “de praticista” no seu telefone de brinquedo. Às vezes, quando eu recebia algum chamado telefônico durante a noite, ela subia na minha cama; e, enquanto eu falava com o paciente, ela ficava orando, baixinho: “Eu sei que Deus gosta deles, e nós gostamos deles, e eles estão bem.” Após o que, voltava para a sua própria cama e caía no sono imediatamente.

Os quatro filhos que agora já estão com mais de doze anos são membros de A Igreja Mãe, sendo que os de treze e dezessete são membros ativos de uma igreja filial. Quando o que tinha doze anos decidiu tornar-se membro da igreja filial, o comentário que fez, foi: “A vida sem a igreja é cacete.”

O conceito da verdadeira condição da mulher que serve à família universal é uma bênção contínua para mim no criar a família e na prática pública. E estou-me realizando no Amor que é Vida. É isso o que constitui uma mulher liberada.

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