As cidades são centros do pensamento humano. É, pois, compreensível que às vezes sejam centros cheios de problemas: decadência, dívida, alastramento irregular, até mesmo guerrilhas e terroristas urbanos.
A consciência mortal sempre tem problemas, de um tipo ou de outro. Eles provêm da mesma raiz — enigmas não resolvidos quanto à vida, seu propósito e significado.
As crenças humanas se exteriorizam em condições visíveis. Onde os pensamentos humanos estão densamente aglomerados, aí pode surgir um emaranhado de discórdias. A consciência material é uma arena de pontos de vista e teorias conflitantes. Desse conflito vem a tensão, bem como a tantas vezes acreditada criatividade e o desenvolvimento intelectual e artístico. A vida na cidade pode ser tanto estimulante e recompensadora como desafiante. O desafio é aumentar o bom e eliminar o que é menos do que bom.
Abarrotados nas cidades, acotovelando-nos, talvez nos perguntemos o que afinal a Ciência Cristã
Christian Science (kris’tiann sai’ennss) tem a ver com as condições urbanas. Esta Ciência tem tanta relação com os habitantes de cidades e suas tribulações quanto com outras manifestações do pensamento material, tais como escassez financeira e problemas físicos. A Ciência Cristã afasta-nos da aparência material e do caos dessa aparência, e leva-nos para a realidade espiritual e sua ordem. O pensamento expurgado de obsessões materiais e reforçado por introspecções espirituais, se expressa em uma experiência melhorada e num ambiente melhor.
A vida na cidade pode ser comunicativa e satisfatória. Se este não for o nosso caso, então talvez precisemos olhar além da mera paisagem citadina e identificar aquilo que realmente é e aquilo que realmente está acontecendo. Para além da aparência de sermos um mortal corpóreo no meio de milhões de outros num raio de dez ou vinte quilômetros, agindo reciprocamente, comprimidos e talvez mal dirigidos — de fato em lugar disso, em vez de para além disso — está a realidade espiritual de que a Mente divina reúne, classifica, ordena e unifica todas as idéias espirituais. O sentido material às vezes apresenta um quadro de entidades mais ou menos infelizes aglomeradas, sofrendo por causa de poeira, ruídos e outros incômodos, ou por causa de outras pessoas. Muitos nascem nessa situação e parece que não podem sair dela.
As crenças materiais, quando invertidas, apontam para as verdades espirituais. E uma verdade espiritual para a qual a crença material acima citada aponta, está indicada nas seguintes palavras de Mary Baker Eddy em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “O Espírito, Deus, reúne em canais apropriados os pensamentos ainda não formados e desdobra esses pensamentos, assim como Ele abre as pétalas de um propósito sagrado, para que esse propósito possa aparecer.” Ciência e Saúde, p. 506;
O Espírito não reúne idéias e pensamentos em canais e lugares errados, pois o Espírito é a Mente toda inteligente. É de grande ajuda compreender que o cidadão, em sua identidade na semelhança da Mente, não está enredado numa concentração de crenças — crenças em insuficiência de espaço, em atividades criminosas, em decadência urbana e assim por diante — mas está envolvido e é beneficiado pelo foco de idéias da Verdade. Nenhuma idéia espiritual está só ou é esquecida, ou está perdida na multidão ou esmagada por ela, é vulnerável ou acha-se abandonada.
Em nosso verdadeiro ser somos classificados pela Mente, não pela matéria e suas condições, e da Mente recebemos identidade. Mesmo que apareçam circunstâncias urbanas desagradáveis, podemos viver melhor pensando melhor. A Sra. Eddy dá-nos a metafísica sobre a qual estabelecer um pensamento melhor. Ela afirma: “O Espírito diversifica, classifica e individualiza todos os pensamentos, os quais são tão eternos como a Mente que os concebe; mas a inteligência, a existência e a continuidade de toda individualidade permanecem em Deus, que é seu Princípio divinamente criador.” ibid., p. 513; Toda individualidade e consciência começam no Espírito divino e aí permanecem. Nossa verdadeira identidade, como idéia do Espírito, não tem outro lar ou permanência.
Cristo Jesus enviou seus discípulos a “cada cidade e lugar aonde ele estava para ir” Lucas 10:1;. Por que fez isso? Teria sido porque onde havia concentração de pessoas havia concentração de problemas e oportunidade de curar? Hoje em dia não é muito diferente. Conquanto a locação de Cientistas Cristãos seja uma questão de resolução e demonstração individual, a Sra. Eddy aconselhou em sua época: “Na atualidade meus alunos devem residir em cidades grandes, e ali permanecer, para prodigalizar o maior bem a maior número de pessoas. A população de nossas cidades principais é suficientemente grande para proporcionar trabalho a muitos praticistas, professores e pregadores. Esse fato de modo algum interfere na prosperidade individual de cada trabalhador; antes, representa um acúmulo de poder a seu favor, o que proporciona a tranqüilidade e o bem-estar dos trabalhadores.” Retrospecção e Introspecção, p. 82.
Não é para se temer as cidades ou ressentir-se delas, mas para se compreendê-las com percepção espiritual, traduzi-las aos seus originais e às suas realidades espirituais. Podem ser apreciadas por suas oportunidades e seu vigor, pelas oportunidades que dão para sermos úteis no intercâmbio de idéias e na ajuda aos outros. Suas partes negativas podem ser diminuídas por meio da oração científica e metafísica, por meio de vidas e pensamentos iluminados pela Ciência e que transcendem a mesquinhez do viver meramente físico. Deveríamos ver nossa cidade não como um tipo de concentração de perigos, mas como um centro de possibilidades para provar a oniação do Amor imortal, a única causa da realidade, a única origem do homem, em qualquer lugar e época.
