“Independência” significa coisas diferentes para pessoas diversas em ocasiões várias. Todo ano, no dia 4 de julho, esta palavra vem inevitavelmente ao pensamento de milhões de americanos ao considerarem a maravilha que é o nascimento de uma nova nação. A 7 de setembro, milhões de brasileiros lembram o lanço arrojado em busca de liberdade ocorrido em 1822, quando seu futuro primeiro imperador fez a escolha de permanecer na nova pátria, e deu o brado: “Independência ou morte!” Esses acontecimentos foram de importância vital para o mundo todo, bem como para os cidadãos dos países neles diretamente envolvidos.
Ora, a independência que vem de outras maneiras mais particulares é de igual importância e é também profundamente acalentada pelas pessoas. Para algumas pode tomar a forma de um carro e de uma carteira de motorista. Para outras, a capacidade de andar sem ajuda depois de longa enfermidade, ou a libertação de um hábito escravizante. Para outras ainda, um salário dignamente auferido depois de um período de desemprego, ou a liberdade de pensar, falar, agir, ou adorar de acordo com os ditames de sua própria consciência.
Pessoas há que em todos os tempos lutaram pela liberdade e deram a vida por ela. Os mortais muitas vezes encontram dificuldade em obtêla; no entanto o apóstolo Paulo referiu-se à “liberdade da glória dos filhos de Deus” Romanos 8:21; e seguiu o exemplo de Cristo Jesus libertando a si mesmo e a outros não só das cadeias e dos muros da prisão, mas também da doença, dos perigos e, até mesmo, da morte.
O Mestre ensinou que a liberdade é um direito divino que o homem tem, e provou que ela vem à humanidade mediante o Cristo — mediante a verdadeira idéia de Deus, que ele representava. Esta verdadeira idéia revela o fato espiritual de que o homem, a manifestação de Deus, está eternamente livre. Quando nos atemos a esta verdade, sabemos que o homem — o homem criado por Deus — nunca esteve aprisionado na matéria, nunca foi vítima da vontade mortal ou da malícia, nem servo da limitação, nem esteve sujeito a acidentes, deterioração ou término, nem o está agora. Esta compreensão da liberdade presente do homem real, aceita em pensamento, abre o caminho para que a independência apareça na existência humana mediante o acerto correto da maneira como precisa ser feita.
Ora, o dom espiritual da liberdade, tal como qualquer outra qualidade divina recebida de Deus pelo homem, não surge simplesmente na vida humana para ser mal-empregada. Um criminoso que ora para se libertar da prisão a fim de cometer outro crime não pode esperar que sua oração seja atendida. “Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres” Tiago 4:3;, explica o escritor no Novo Testamento.
A Ciência Cristã insiste que a verdadeira independência só pode ser uma bênção, tanto para os outros como para aquele que a obtém. Se a liberdade é pervertida ou interpretada como licença para causar dano a outrem ou para tolher-lhe a liberdade, esta é perdida. A liberdade é inseparável da responsabilidade. Usada com irresponsabilidade, sem o devido respeito à manifestação de todas as qualidades da Verdade e do Amor, e à liberdade e ao bem-estar alheio, corre o risco de ser perdida.
Quando Paulo e Silas foram libertados da prisão em conseqüência de sua oração e de seu louvor a Deus, isso deu-se graças à demonstração da justiça divina. Os dois homens não haviam cometido ofensa alguma contra a lei humana ou a divina, e a justiça requeria a independência deles. Daí por diante eles continuaram em sua missão inspirada por Deus, a missão de pregar o evangelho do Cristo, usando a liberdade — como a primeira epístola de Pedro consigna — não “por pretexto da malícia, mas vivendo como servos de Deus” 1 Pedro 2:16;. Ou, de acordo com a New English Bible, não “para prover uma cortina para o mal-fazer, mas como escravos a serviço de Deus”.
A verdadeira liberdade é conquistada apenas mediante a dependência total de Deus, o Princípio divino, e a obediência a Ele. É ela uma qualidade divina que o homem reflete. O homem não é independente de Deus, mas depende inteiramente dEle. O homem não pode existir por si, mas deve sua própria existência e continuidade a Deus, por cujo poder é ele sustentado. Deus é responsável pelo homem, e só nos é possível demonstrar a posse da “liberdade da glória dos filhos de Deus” ao atermo-nos coerentemente, em humildade e obediência, à Sua vontade. A Sra. Eddy escreve: “Não podemos obedecer a Deus, o bem, e ao mesmo tempo obedecer ao mal — outras palavras, os sentidos materiais, as sugestões errôneas, a obstinação, os motivos egoísticos e a política humana.” E ela continua mais adiante: “Honestidade sob toda condição, sob toda circunstância, é a regra indispensável da obediência.” Miscellaneous Writings, p. 118;
Em 1900 a Sra. Eddy lançou um aviso solene: “A meu ver, os perigos mais iminentes que confrontam o século vindouro, são: a espoliação da vida e da liberdade das pessoas sob a égide das Escrituras; as pretensões da política e do poder humano, a escravidão industrial e a insuficiente liberdade de concorrência honesta; e o ritualismo, os credos e consórcios em lugar da Regra Áurea: ‘Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles.’ ” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 266.
Hoje, três quartos de século mais tarde, bem pode ser vantajoso examinar-nos introspectiva e profundamente para determinar se a independência e a liberdade que conquistamos — tanto nacional como individualmente — estão sendo mantidas com responsabilidade. Se a resposta for positiva, nossas liberdades estarão mais firmemente estabelecidas do que antes. Se for negativa, não é demasiado tarde para dar passos que haverão de purificá-las e fortalecê-las mediante maior obediência ao nosso Princípio divino, o Amor.
