Direitos humanos fundamentais. É cada vez maior o número das pessoas que os procuram. E amplia-se a percepção do que é que constitui um “direito”.
O que é um direito humano? Qual a autoridade que faz de uma necessidade percebida um direito? Muitíssimas vezes, quando se sente que determinada atividade significa progresso para a sociedade e é profundamente justa para o indíviduo, essa passa a ser descrita como um “direito”. Ora, o que estamos dizendo realmente é que justiça, compaixão, integridade, impeliram-nos a clamar pelo reconhecimento mais amplo de certos valores básicos.
Muitas nações sustentam tais direitos. Vários estadistas têm clamado por uma conscientização mais plena desses direitos e pela implementação deles. Franklin D. Roosevelt, por exemplo, partilhou alguns vislumbres que tocaram de leve sua visão do futuro. Numa mensagem dirigida ao Congresso dos Estados Unidos — amplamente conhecida como seu discurso das Quatro Liberdades — esse Presidente falou de quatro direitos essenciais: liberdade de palavra e expressão; liberdade de adorar a Deus; liberdade de não sofrer carência; e liberdade de não ter medo.Message to Congress, 6 de janeiro de 1941;
A algumas das liberdades por que almejam os povos pode-se chamar de direitos humanos em virtude de se acharem consubstanciadas numa verdade espiritual. O direito de não ter medo é corroborado por uma dessas verdades. Em geral, não são muitos, dentre os que esperam promover o progresso humano, os que a ele se referem. É ele um direito essencial que brota de uma verdade cardinal do ser — o fato de que, como imagem de Deus, o homem está isento do temor. Há poucos direitos que se fazem mais necessários do que esse direito primário de se estar livre do temor.
Os esforços no sentido de ajudar a humanidade lidam freqüentemente com os sintomas em vez de se voltarem para a causa. É o que se dá por vezes na obtenção daquilo que o povo comumente chama de direitos humanos fundamentais. A raça humana estará despojada de um número bem menor desses direitos quando sua libertação do medo for estabelecida de modo mais eficaz. Esse é um direito alcançável. A Ciência Cristã mostra como habilitar-se a ele.
Encontra-se a liberdade de não ter medo numa compreensão melhor de Deus. Muitas pessoas associam Deus ao amor. Um reconhecimento mais completo do que de fato significa ser Deus o próprio Amor, cura o medo. Deus é um Deus que ama. Mas isso apenas dá indícios da plenitude do que se pretende dizer ao definir o Amor como o único poder da realidade. Deus é Amor puro, divino. Sua substância é Amor infinito, sempre presente, perfeito. O Amor não tem antagonista, nem carência, nem limitação.
O medo é a crença de que o Amor não seja Tudo. É o argumento mortal ignorante e agressivo de que o homem possa ser colocado numa posição insegura — que não receba a solicitude da presença eterna do Amor divino. O medo é uma tentativa do pensamento mortal de encobrir o direito que o homem tem de saber que é abençoado, protegido, sustentado e preservado pela bondade infalível de Deus. Tal estado de pensamento mesmérico e errôneo implica na crença de ausência do Amor.
Subjacente a muito sofrimento e muita carência de que o mundo padece, encontra-se a ignorância de que o Amor está presente. O medo não tem poder — não tem substância, e é irreal — no tudo do Amor. João diz-nos: “Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele.” E afirma: “No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo.” 1 João 4:16, 18; Em muitas das curas que Jesus realizou ele aludia ao direito do indivíduo de estar livre das pretensões confinadoras impostas pelo medo. “Não temais”, “Não temas”, era o que ele ordenava àqueles cujas vidas afligidas estavam marcadas pela carência, pelo pecado e pelos males. Mas, como? Como poderia a ordem de não ter medo libertar aquelas pessoas em dificuldades?
O medo delas evidenciava que estavam cegas para a verdade de que o Amor é o único poder. Cristo Jesus sabia que o Amor é todo o poder, e essa iluminação espiritual desfazia o negrume da crença na presença do mal. Na cura pela Ciência Cristã um ponto fundamental é dissipar o medo do paciente. Quer o paciente seja um indivíduo ou uma comunidade — ou mesmo o mundo — precisamos apagar a mentira de que o Amor infinito se ache contraposto de algum modo por um poder chamado medo. “A prática científica cristã começa com a nota tônica da harmonia apresentada por Cristo: ‘Não temais!’ ” Ciência e Saúde, p. 410; escreve a Sra. Eddy.
Essa “nota tônica da harmonia” não é pedido esperançoso. É uma exigência do Cristo. A essência desse mandado é a mensagem de Deus à consciência de que o Amor é supremo. Você tem o direito de ficar livre do medo. Esse direito não é uma concessão governamental — nem de qualquer outra instituição. É um direito outorgado por Deus. Não pode ser cassado pela mente mortal. “O Amor é o libertador” ibid., p. 225., insiste a Sra. Eddy. Uma compreensão mais clara de Deus, quando demonstrada, sempre traz liberdade. Jamais leva à prisão. Os conceitos teológicos que traçam o Amor como um deus que consente na discórdia e na desarmonia — um deus que deixaria sua criação sofrer — não interpretaram bem a natureza de Deus e, portanto, os direitos do homem. Tais conceitos são errôneos. Tal deus não é o Deus que Cristo Jesus provou ser Amor.
Em todo o mundo dispendem-se hoje muitos esforços admiráveis a fim de animar o reconhecimento dos direitos humanos. Por vezes esses direitos pareceriam encontrar uma resistência mortal intratável. Mas quando um direito tem sua raiz no Amor divino, nenhum poder é capaz de se lhe opor com êxito. E nenhum direito humano sofre tantos abusos nem nenhuma necessidade humana é tão grande como o direito de se sentir livre do medo.
Aqueles que amam o Cristo e seu poder irresistível — sua capacidade de penetrar bem fundo na consciência e de trazer cura — têm uma oportunidade maravilhosa de contribuir tanto para o progresso individual como para o coletivo. Enquanto que o pensamento mortal rígido talvez obstrua os esforços humanos feitos no sentido de estender e expandir os direitos do povo, o Cristo anula a crença de que o Amor possa sofrer oposição. Mesmo hoje — por todo o mundo — sussurra suavemente na consciência um direito inalienável: “Não temais.”
