Skip to main content Skip to search Skip to header Skip to footer

Elevando-se acima dos conceitos humanos

Da edição de janeiro de 1980 dO Arauto da Ciência Cristã


Se alguém se encontrar demonstrando corretamente o Princípio da cura pela Ciência Cristã, hão de surgir sem falta na sua vivência os “sinais que se seguem”. Esses podem vir sob a forma de amigos, de um lar feliz, de trabalho recompensador, etc. Muitas pessoas estão enganadas ao pensarem que a Ciência Cristã tenha simplesmente por finalidade harmonizar a experiência humana; e, alcançada essa finalidade — é a crença que o diz — ponham-se a descansar para usufruir o conforto de sua condição de ser humano feliz.

Não há nada de errado em querer-se ter uma vida feliz e saudável. De vez em quando alguém, ao aprender que a matéria é irreal, cai na esparrela de negar importância à felicidade humana. Ora, a demonstração que se elabora com a Ciência Cristã é uma atividade de pensamento ascendente. Essa demonstração leva-nos dos sofrimentos e prazeres de origem material, passando pelo contentamento proporcionado por aquilo que é bom no ser humano, para as alegrias da verdadeira identidade espiritual, cheias de paz e inspiradas pela Alma. Ser feliz, como resultado de estarmos demonstrando Ciência Cristã, é indício de que estamos no caminho certo em nossa jornada mental. A Sra. Eddy escreve: “A humanidade pura, a amizade, o lar e o amor recíproco, trazem à terra um antegozo do céu. Unem as alegrias terrestres e as celestes, e coroam-nas de bênçãos infinitas.” Miscellaneous Writings, p. 100;

Um dos perigos em nosso caminho é o de que, quando nos deixamos dominar pela alegria resultante dos conceitos humanos mais espiritualizados que estamos entretendo, talvez venhamos a constatar que o nosso progresso espiritual começa a parar. Ser colhido nos prazeres da satisfação pessoal de ter amigos, família, igreja, riqueza, é deixar-se escravizar pelos apelos fugazes das condições materiais, talvez sem mesmo darmo-nos conta de estar em cativeiro.

A relutância em nos libertarmos da dependência do conforto e das coisas familiares da carne prende-nos à materialidade. Tal satisfação pode ser a causa que nos impede de completar uma cura ou de entrar para a prática pública da Ciência Cristã, embora acalentemos esse desejo genuíno. A Sra. Eddy leva-nos de volta ao que é básico com lembretes como este: “Nada do que possamos dizer ou crer acerca da matéria é imortal, pois a matéria é temporal, e portanto, um fenômeno mortal, um conceito humano, às vezes belo, sempre errôneo.” Ciência e Saúde, p. 277;

Precisamos conhecer o propósito que a Ciência Cristã tem em nossa vida. Para início de conversa, temos de compreender que seu propósito real é o de nos mostrar o que Deus é e qual é o verdadeiro parentesco espiritual que há entre Deus e o homem. O fato de que durante o aprendizado das verdades divinas somos curados e nos tornamos mais felizes, é uma questão secundária.

A Ciência Cristã veio para levantar os seres humanos para fora da crença de que haja qualquer vida ou inteligência na matéria, quer a matéria seja feia ou bela. Até mesmo um vislumbre desse propósito mais elevado nos forçará a abandonar a complacência que temos para conosco. Nenhum relacionamento pessoal, por mais querido que seja, nenhum suprimento de riqueza material, por mais abundante que seja, nenhuma atividade humana, por muito boa que seja, poderá saciar o anseio íntimo de compreender a presença incorpórea de Deus que tudo abrange. O mais poderoso inimigo do nosso crescimento espiritual é o que aparece sob o disfarce da dependência de seres ou posses humanas.

Cristo Jesus reconheceu esse perigo quando no deserto se defrontou com o diabo. O sentido material das coisas o estava tentando traiçoeiramente. A Bíblia diz: “Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles, e lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Então Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele darás culto.”  Mateus 4:8–10;

Ao enfrentar essa tentação de considerar a matéria como algo desejável, Jesus valeu-se do método de reconhecer que Deus, o Espírito, é Tudo. Com isso, seu trabalho não era embaraçado pela preocupação com aquilo que poderia ganhar ou pelo contentamento pessoal. Sua recusa em reconhecer como reais as pretensões da carne o libertaram delas. Por estar livre da escravidão à crença em matéria, sua ascensão acima do sentido humano das coisas não podia ser paralisada. E esse é o padrão para o nosso progresso espiritual.

Superar o conceito humano das coisas não é algo que se consegue da noite para o dia. Mesmo Jesus teve alguns anos de demonstrações antes de alcançar a ascensão final. Tomar a decisão de ser totalmente espiritual e viver sem o sentido humano normal de lar, de amizade, de trabalho etc., seria procurar forçar uma situação a que ainda não chegamos mediante demonstração. E, não resta dúvida, redundaria em fracasso.

O primeiro passo que podemos dar é simples e de natureza mental. Precisamos estar conscientes de que os aspectos feios da vida humana, tais como a dor, a pobreza, a doença, não têm nenhum conceito divino que os sustente. São meros erros prontos a serem erradicados tão logo quanto possível, mediante a aplicação da Ciência Cristã. Daí, podemos nos empenhar na demonstração do poder que Deus nos deu de sobrepujar essas aflições de origem material.

Em seguida precisamos reconhecer a substância espiritual que dá origem a cada um dos belos conceitos humanos que acalentamos. Quando pensamos nas coisas boas — tais como família, igreja, amizade, saúde, emprego — como se estivessem sob o controle da matéria, elas passam a ocupar o nosso tempo e o nosso pensamento, ao procurarmos encontrar meios e recursos para cuidar delas e preservá-las. Elas nos absorvem mental e fisicamente e mantêm-nos presos ao conceito mortal que delas fazemos.

Quando pensamos naquilo que realmente são conceitos espirituais como se fossem pessoas, lugares e acontecimentos materiais, sujeitamo-nos a perdê-los devido à própria crença de que sejam materiais e temporais. Mas quando reconhecemos que a amizade, a saúde etc., estão sob o controle de Deus, porque são dons de origem divina a nós concedidos, e sustentamos este ponto de vista, estes estão a salvo. É quando nos elevamos além do conceito humano e mortal do bem que preservamos o bem na nossa vida, pois a idéia espiritual incorpórea existe exatamente aí onde o conceito humano parece estar.

Alguém pode concordar em teoria com a necessidade de se elevar acima dos seus conceitos humanos do bem, mas ainda não entender como elevar-se. A Bíblia dá-nos orientação na carta de S. Paulo aos romanos: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”  Romanos 12:2; As idéias divinas nunca se tornaram coisas ou pessoas materiais. São realidades espirituais agora mesmo e sempre o serão. É apenas para a assim chamada mente mortal que elas parecem materiais. Portanto, precisamos renovar, ou mudar, nossa “mente” a fim de que vejamos a identidade espiritual à mão. Isso se faz rejeitando a crença em uma mente pessoal nossa própria, que vê e experimenta os acontecimentos de ordem material.

Nossa tarefa é deixar que a Mente divina seja a nossa Mente e recusar a deixarmo-nos governar pelo que parece ser um mundo material povoado de entes materiais. Na proporção em que aceitarmos Deus como a nossa Mente, veremos o mundo, e todos os que nele estão, na sua identidade perene e inteiramente espiritual. A Sra. Eddy insta: “Abandona a tua crença material de que haja mente na matéria e tem uma Mente única, a saber, Deus; pois essa Mente forma sua própria semelhança.” Ciência e Saúde, pp. 216–217.

O ato de aceitar Deus como nossa própria Mente é um processo de estrita disciplina mental. Precisamos vigiar todo pensamento para ver se em cada caso estamos aceitando só o fato espiritual. Por exemplo, em vez de pensar em nossa família como se fosse um grupo de pessoas, pensamos na família como uma idéia divina que está incluída em nossa consciência, que é reflexo de Deus. Reconhecemos que esta idéia — a família — é boa e está sempre presente na consciência. Esse modo correto de reconhecer livra-nos de depender da família humana de maneira aprisionadora e amedrontadora, e abre o nosso pensamento à autocompletação, quer disponhamos de uma família humana quer não.

De fato não perdemos nada de bom quando descobrimos a nossa própria espiritualidade, a do nosso mundo, e a dos nossos entes queridos. Nosso conceito de família amplia-se, passando de um conceito pessoal de parentesco a um conceito mais amplo de fraternidade universal, ampliando-se ainda mais até chegar à unicidade e eternidade de Deus a englobar todas as Suas idéias.

Quão importante é não sustarmos nosso progresso espiritual por permanecermos no aprazível reino dos bons conceitos humanos! É possível a cada um de nós estender o olhar além do nosso sentido limitado do bem pessoal e encontrar a idéia divina — que está à espera de ser descoberta. Quando a encontramos, ficamos de fato contentes.

Para conhecer mais conteúdo como este, convidamos você a se inscrever para receber as notificações semanais do Arauto. Você receberá artigos, gravações em áudio e anúncios diretamente via WhatsApp ou e-mail.

Inscreva-se

Mais nesta edição / janeiro de 1980

A missão dO Arauto da Ciência Cristã 

“...anunciar a atividade e disponibilidade universal da Verdade...”

                                                                                        Mary Baker Eddy

Conheça melhor o Arauto e sua missão.