De tempos em tempos, líderes do mundo ocidental e seus conselheiros financeiros reúnem-se para debater a questão da instabilidade que parece ter dominado a cena econômica no decorrer das décadas mais recentes. Há nações que se vêem forçadas a uma política contraditória, tipo “vai-não-vai”. Lutam com problemas — inflação, desemprego, subprodução e assim por diante — que parecem ser insuperáveis por meios humanos apenas.
Como acontece com todas as situações de caráter global ou nacional, o desafio começa com o indivíduo. Há muitas pessoas que lutam individualmente com um sentimento de insegurança financeira. Dominadas pelo mesmerismo da carência, sentem-se desesperadas.
A Ciência Cristã pode lançar um jato de luz nesses problemas. Pode mostrar ao indivíduo que não lhe é preciso passar necessidade nem temê-la, capacitando-o a encontrar recursos espirituais ilimitados e a neles confiar, recursos que estão de contínuo ao dispor de todos. A Sra. Eddy escreve: “Deus vos dá Suas idéias espirituais, e estas por sua vez vos dão suprimento diário. Nunca peçais para amanhã: basta que o Amor divino seja uma ajuda sempre presente; e se esperardes, nunca duvidando, tereis a cada momento tudo o que necessitais.” Miscellaneous Writings, p. 307;
A Bíblia assevera-nos que a fonte de todo o bem é Deus, infinito e ilimitado. “O meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades” Filip. 4:19;, proclamou um autor do Novo Testamento. Nesta declaração do amor abundante de Deus não há qualquer indício de carência. Anteriormente, um profeta havia descrito a capacidade de Deus de suprir a necessidade de Seu povo, dizendo: “Águas arrebentarão no deserto e ribeiros no ermo.” Isaías 35:6; Até mesmo um mero vislumbre desse fato espiritual mostrou-se adequado para atender às necessidades dos israelitas durante sua jornada em busca da Terra Prometida, plena de abundância.
Recentemente eu estava sentado perto de um regato nas montanhas de Snowdônia, no País de Gales. Embora tivesse começado apenas como filete d'água, o regato vinha ganhando força, aprofundando-se, alargando-se. Eventualmente, sabia eu, tornar-se-ia um rio, alimentado por muitos tributários. Ao percorrer seu curso, o rio haveria de fornecer energia hidrelétrica a cidades. Irrigaria plantações e pastagens, antes de continuar como poderoso curso d'água rumo ao oceano.
Em Ciência e Saúde a Sra. Eddy define “rio” como “canal do pensamento”. E continua, dizendo: “Quando manso e não obstruído, simboliza o curso da Verdade; mas lamacento, espumante e impetuoso, é o símbolo do erro.” Ciência e Saúde, p. 593.
O rio de Snowdônia começara como pequenino regato no alto dos morros e fora alimentado por outros ribeiros, todos contribuindo para sua força dinâmica. Nosso verdadeiro suprimento é espiritual, composto de idéias provenientes da única fonte divina, Deus, que é infinito. Como o ribeiro da montanha, que começara como mero filete d'água, nossa compreensão desse suprimento espiritual talvez não passe de ínfimo vislumbre do amor de Deus por Sua idéia, o homem, mas é o começo de um conceito de verdadeira abundância. Os conceitos espirituais irão reabastecer nosso pensamento até que o medo de carência seja varrido dali completamente.
A Ciência Cristã mostra-nos como vigiar e purificar continuamente a nossa consciência e mantê-la espiritualmente ativa, a fim de conseguir o benefício do suprimento divino de idéias corretas.
Ao seguir do seu curso, esse rio do País de Gales corria dentro de um canal bem definido, profundo e livre de obstruções. Alguns rios, porém, desintegram-se num charco ou pântano, para nunca mais correrem como uma entidade. Na medida em que as águas vão ficando rasas podem ir-se estagnando, e o rio perde sua função. Todo rio leva consigo sedimentos que se vão acumulando quando têm a menor oportunidade — especialmente quando o leito é raso. Um regato que flui rápido tende a ser claro; mantém sua pureza — permanece incontaminado e livre de poluição — por meio de um movimento contínuo e cada vez mais avançado.
Se desejamos garantir um jorrar contínuo de idéias, um sentido contínuo de suprimento, precisamos verificar se estamos receptivos a pensamentos novos — pensamentos livres de limitação, de previsões econômicas feitas pelo homem, de noções preconcebidas. A fim de manter livre o nosso pensamento é preciso vigilância e atenção espiritual para que não aceitemos as nuances sutis que, se permitidas a se firmarem, haveriam de interferir com o reconhecimento das idéias da Mente. Como podemos salvaguardar a pureza do nosso pensamento? Mantendo nossa união com o Pai, a Mente divina; vendo que somos inseparáveis dEle; e estando mais conscientes de que o bem é tudo.
É por demais fácil aceitar os prognósticos que regem a teoria econômica e que chegam a nós diariamente por meio das redes de comunicações. As sugestões de que haja falta de produtos, e por isso os preços vão subir; de que o tempo é caprichoso, por isso há escassez de alimento ou superabundância; de que as populações estejam fora de controle, razão de desemprego; de que o equilíbrio fundamental na quantidade dos que trabalham na sociedade esteja fora de proporção, por isso um pesado fardo recai sobre os ombros dos que se esforçam para sustentar os que não ganham o seu pão. Estes e muitos outros argumentos são os sedimentos que, repetidamente, se acumulam em nosso pensamento. Tais sugestões precisam ser substituídas pelos fatos contrários que aprendemos na Ciência Cristã.
Fundamentalmente, os desafios econômicos procedem do conceito errôneo de que a substância seja material, limitada, e de que o homem seja material, e, portanto, esteja à mercê de influências tais como a flutuação do fisco, o desemprego, a inflação e a manipulação do mercado. No entanto, a verdadeira substância é espiritual e o homem, sendo espiritual, tem domínio sobre todo o bem e nunca passa necessidade. Deus é Princípio, a fonte do bem sempre presente, e o homem, como idéia de Deus, é a manifestação individualizada do bem.
Pode a lei espiritual do suprimento tornar-se prática em nossa vida? Desde os tempos bíblicos essa lei vem sendo comprovada e repousa sobre a premissa de que Deus supre invariavelmente de todo o bem ao homem, Sua expressão. Na medida em que confiamos inteiramente nesta lei de Deus e a Ele escutamos e obedecemos, vemos nossas necessidades supridas com tanta certeza como quando Moisés deu de comer aos filhos de Israel no deserto e Cristo Jesus alimentou a multidão. A lei de Deus pode ser aplicada com igual êxito hoje em dia para derrotar o mesmerismo da carência e para provar que o bem, a verdadeira substância, está sempre disponível.
Faz alguns anos, aceitei um emprego num país que ficava milhares de quilômetros distante de minha casa. Previra que a venda de minha casa cobriria as despesas de mudança e as passagens, mas a venda de propriedades não estava indo bem, e o valor apurado foi menor do que o esperado. Não havia dúvida quanto ao acerto da mudança e, por isso, eu sabia que podia confiar em Deus — minha única fonte de suprimento. Ao aproximar-se a data da partida, no entanto, minha situação financeira não mudara.
O medo, sob diversas formas, tinha de ser vencido. Os argumentos de carência, apresentados pela mente mortal, tinham de ser varridos do pensamento. Eu sabia que o homem nunca está separado de sua verdadeira fonte, Deus, mas houve ocasiões em que o pânico me tentava fazer duvidar dessa inseparabilidade.
Volvendo-me humildemente a Deus em busca de orientação, foi-me reassegurado que cada passo ser-me-ia mostrado se eu escutasse e fosse obediente a cada orientação procedente da Mente divina. Paz, antecipação esperançosa e confiança passaram a ocupar meu pensamento, de modo que, no último dia antes da partida, não causou surpresa a chegada de um cheque proveniente de fonte inteiramente inesperada e num valor que cobria todas as despesas. Isso provou, mais uma vez, que quando agimos com sabedoria, reconhecendo obediente e coerentemente a verdadeira fonte do suprimento e confiando implicitamente em Deus, nunca precisamos duvidar de que todas as necessidades serão atendidas. Vemos que a verdadeira fonte de nosso bem-estar é Deus — ativo, todo-poderoso, infinito, sempre ao alcance, nunca atingido pelas limitações da mente carnal. Sabemos que a verdadeira substância é espiritual, não material.
A Ciência Cristã persuade-nos a aceitar o fato espiritual de que, neste momento, estamos no ponto da perfeição. Nossos sentidos humanos vêem meras contrafações da verdadeira criação divina, quando, em realidade, já agora não existe carência. Temos de trocar o nosso ponto de vista, afastar o olhar das provas dos sentidos humanos e reconhecer a lei divina e espiritual de suprimento abundante.
Não temos de aceitar a crença mundial de limitação. Podemos enfrentar o desafio e começar a estabelecer para nós mesmos e para toda a humanidade o fato de que a abundância de suprimento espiritual está sempre ao dispor de todos.
