Certa feita, um grande amigo, que trabalhava em publicidade e que falava pouco em Ciência Cristã, mas que a vivia amplamente, perguntou-me: “Charlie, como vão os seus negócios?” Eu, que estava no mesmo ramo e vendia publicidade a uma série de revistas, respondi: “Mais ou menos.” Ele continuou: “Você é o único Cientista Cristão no setor de vendas?” “Sim”, foi minha resposta. “Você deveria ser um fantástico vendedor”, insistiu. “Por que você não se mexe e faz alguma coisa?”
Por algum tempo continuei na luta sem muita alegria ou sucesso. Finalmente procurei um praticista da Ciência Cristã e disse-lhe: “Se eu tivesse um problema físico, não o importunaria com o caso. Poderia resolvê-lo facilmente com a ajuda de Deus. Este, porém, é um problema profissional que não consigo enfrentar com sucesso. E a razão é que há muita competição lá fora, más condições econômicas e outros tipos de problemas.” Sua resposta, típica e incisiva, foi que o desafio devia ser resolvido dentro de minha própria consciência. Seria necessário que eu mudasse de ponto de vista. “Acho que mudei”, respondi com ares de protesto, “mas aqui em meus negócios a Ciência Cristã não está funcionando.” “O que foi que você disse?” replicou ele. “A Ciência Cristã não está funcionando aqui nos meus negócios”, repeti. “Não agora, não para mim.” “Há algum parafuso solto nalgum lugar”, garantiu-me ele, “mas você pode ficar certo de que não é em Deus.” Foi aí que comecei a despertar.
Pouco tempo depois, durante uma viagem de negócios, pensei: “Suponhamos que eu fosse advogado. Receberia honorários pelo simples fato de ler livros de Direito? Não. Se fosse advogado e apenas lesse livros de Direito, possivelmente não conseguiria pagar minhas contas.” Foi então que percebi haver abordado erroneamente a Ciência Cristã. Estava lendo a lição bíblica No Livrete Trimestral da Ciência Cristã; e os periódicos da Ciência Cristã, mas não estava embebendo-me da verdade, articulando-a em minhas próprias palavras, e aplicando-a especificamente à situação com que me defrontava.
Decidi levantar-me uma hora mais cedo todas as manhãs e orar por minha atividade profissional — reconhecer que há um só negócio. Diz a Bíblia: “Há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos.” 1 Cor. 12:6; Minha oração reconheceu que “a única atividade que posso ter é a de expressar Deus. Não estou fixo num único lugar, não estou circunscrito. Sou a idéia infinita da Mente infinita. Estou trabalhando para Deus — para refletir Sua natureza. Deus está constantemente empregando-nos e eu estou sempre empregado. Ele concedeu a meu verdadeiro ser habilidade infinita, capacidade infinita e oportunidades infinitas de expressar o bem ilimitado, agora mesmo."
Continuei a trabalhar com essa forma de oração. Depois de uma semana de levantar-me uma hora mais cedo, comecei a sentir sono. Para vencer a sonolência, passei a colocar a Bíblia, e o livro Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy em cima da cornija da lareira e lia a lição-sermão de pé para não adormecer. Pensei: “Deus, vou fazer esta leitura todos os dias. Também vou orar para compreender que estou negociando com idéias, e que não estou trabalhando apenas para vender.”
Depois de um ano, minha maneira de pensar havia mudado. Eu compreendera que os negócios são primordialmente a expressão de idéias. E só disso que consistem — de idéias espirituais. Se estou rico em idéias espirituais, se aqui estou para glorificar a Deus e servir a meu próximo, é isto o que importa. O resultado dessa forma de pensar? Desenvolvi maior percepção espiritual. Esta guiou-me a fazer minhas visitas com mais sabedoria e a apresentar melhor meus argumentos de venda. Fui designado a áreas onde pude ser mais útil, mais prestimoso. Ao final daquele ano minha receita tinha mais do que triplicado. Então eu disse: “Deus, deste-me grande prova de que essas verdades funcionam tanto nos negócios como em outras áreas. Gostaria de dedicar meu tempo à prática pública da Ciência Cristã.” E essa foi a génese de minha carreira como praticista da Ciência Cristã que, anos mais tarde, culminou com a inscrição de meu nome no Christian Science Journal.
A medida que minha compreensão de Ciência Cristã aumentava, este pensamento simples sobre os negócios era-me útil. Constatei que se apanhasse um resfriado poderia rapidamente compreender, mediante a afirmação em espírito de oração a respeito da verdade do ser, que eu era uma idéia espiritual, que vivia no Espírito e do Espírito, e que meu ser não era constituído de um corpo físico suscetível a apanhar resfriados. Se, em primeiro lugar, minha verdadeira identidade não era formada de um corpo físico, a consequência era que eu não poderia contrair resfriado. Para nos curarmos de uma dificuldade física mediante a aplicação da Verdade precisamos compreender que não estamos na matéria, mas na Mente divina. O problema básico não é um resfriado, nem uma perna lesionada, ou seja lá o que for, mas o erro de que o homem seja um ente físico, um mortal, tenha um corpo, ao invés de ser a expressão espiritual e perfeita de Deus.
A mesma forma de pensar aplica-se aos negócios. Uma firma ou uma carreira profissional é uma pessoa — uma pessoa jurídica — e seria tão erróneo vermo-nos dentro de um negócio material como dentro de um corpo material. Comecei a perceber que na realidade eu não pertencia ao ramo da publicidade, a uma pessoa jurídica. Essa compreensão começou, pouco a pouco, a romper as limitações associadas com a crença de vida na matéria — seus altos e baixos, seus ciclos mercantis, e assim por diante.
Uma das referências da Sra. Eddy à finidade e ao pecado apresenta-nos um verdadeiro desafio: “A primeira manifestação iníqua do pecado foi um estado de finidade.” Retrospecção e Introspecção, p. 67; Diante disso, comecei a perceber que é também obstinação submetermo-nos a qualquer limitação, quer seja na vida profissional quer comercial, como o seria submetermo-nos à limitação de saúde. Alguém poderia perguntar: “É possível ter-se saúde em excesso?” É claro que não! No entanto, poderá perguntar: “É possível ter-se riqueza em excesso?” A resposta a essa pergunta poderá vir mais lentamente. Deveria, porém, ser imediata. Por riqueza entendo: ser rico em disposição espiritual. Refiro-me, também, ao sucesso, sem colocar, porém, o cifrão diante dele. Ter sucesso é ser rico em idéias espirituais. Tais idéias, quando reconhecidas, amadas e postas em prática, conduzem a uma vida satisfeita e útil.
Na proporção em que nos identificarmos como os filhos amados de um Deus infinito, inteiramente espirituais e inteiramente perfeitos, estaremos comprovando a promessa de Cristo Jesus: “Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto.” João 15:5.
