Toda pessoa que ouve o noticiário está a par dos conflitos raciais que num maior ou menor grau de intensidade há em muitas partes do mundo. Esse estado de coisas pede o remédio que a Ciência Cristã
Christian Science (kris’tiann sai’ennss) tem para oferecer.
Todo preconceito racial não desarraigado de nosso pensamento é estreito e doentio. É inteiramente errado e desprovido de espiritualidade na concepção e na prática. Em termos simples, o racismo bloqueia o crescimento espiritual e é, em si mesmo, evidência de materialismo. E se os que amam a Ciência Cristã deixam de enfrentá-lo agora, isso pode levar a humanidade a retardar a aceitação da verdade do ser.
Fazer discriminação contra outros com base em fatores superficiais, tais como a cor da pele, é muito mais do que a manifestação irracional do pensamento material: mostra a ação escravizadora do pensamento material. Nossa própria consciência é o lugar mais importante em que nos cumpre destruir essa tendência racista. É daí que o preconceito precisa ser erradicado primeiro, para que se possa reduzir o distanciamento racial.
Deixar-se distrair pelo que outros indivíduos ou outras nações estão fazendo, só protela o momento em que, em nosso círculo imediato — em nosso próprio pensamento — talvez tenhamos de enfrentar outras deficiências. Até mesmo a atitude geralmente benévola do Cientista Cristão, no tocante a pessoas de todas as nacionalidades e de toda cor, não basta. Precisamos vivificar o crescimento espiritual que aguça as nossas percepções espirituais fundamentadas no Amor e que dizem respeito ao homem real, impessoal e espiritual porque esse homem é criado na semelhança do Princípio divino, Deus. O que se requer de nós é que nossos afetos não sejam apenas de ordem moral — precisam ser de ordem espiritual.
Mary Baker Eddy expõe essa situação numa linguagem sem rebuços em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “Os mortais têm de gravitar rumo a Deus e espiritualizar suas afeições e seus objetivos — têm de se aproximar das interpretações mais amplas do ser e conseguir algum conceito apropriado acerca do infinito — a fim de poderem despojar-se do pecado e da mortalidade.” Ciência e Saúde, p. 265;
Tendo afetos e objetivos espirituais defendemo-nos de qualquer classificação automática de que as pessoas estão divididas em raças (algumas superiores a outras). Refutamos a estereotipagem das raças, induzida pelo magnetismo animal. A pretensão de haver vida e existência na matéria é a essência do magnetismo animal. O verdadeiro ser e a verdadeira vida só são encontrados na Vida divina, Deus. As únicas alavancas que o magnetismo animal pode introduzir são as que nós lhe fornecemos — o que fazemos toda vez que admitimos algum preconceito racista e lhe damos abrigo mental. O magnetismo animal, além disso, haveria de fazer com que nossa expectativa negativista a respeito de indivíduos de raça diferente da nossa parecesse concretizar-se; procuraria fazer com que vivenciássemos aquilo que de negativo esperamos aconteça.
A fraternidade de todos os homens e de todas as mulheres é a mensagem principal do cristianismo; essa mensagem se torna cabalmente prática no ensinamento da Ciência Cristã — proveniente do primeiro capítulo do Gênesis — de que o único homem verdadeiro é feito à semelhança de Deus. O homem à imagem de Deus: isto é tão fundamental na Ciência Cristã como o é no ensinamento espiritual da Bíblia. E os Cientistas Cristãos acatam o que a Sra. Eddy requer neste artigo de fé: “Como adeptos da Verdade, tomamos a Palavra inspirada da Bíblia como nosso guia suficiente para a Vida eterna.” ibid., p. 497. O preconceito racial não pode encontrar justificativa na Palavra inspirada da Bíblia. A Palavra inspirada indica indubitavelmente que o homem é imortal, espiritual, a emanação infinita de Deus.
Agora é o momento de desarraigar toda e qualquer manifestação de tendência racista latente em nosso pensamento. Talvez se faça necessário resistir solidamente ao argumento do magnetismo animal de que não vale a pena fazê-lo até que o clima social, cultural, político e econômico seja mais propício. Antes pelo contrário, é a nossa conscientização coerente e clara a respeito da verdadeira natureza do homem o que nos ajudará a concretizar as várias condições que hão de proporcionar justiça e oportunidades a todos os povos.
Se estamos cientes de uma atitude negativa ou apática quanto às questões raciais por parte de, digamos, uma Igreja de Cristo, Cientista, ou um professor de Ciência Cristã, isso não é convite à justificação própria ou ao mero desapontamento. É antes uma exigência imposta a nós para sermos sanadores. Tais atitudes talvez pretendam ser danosas a todos os indivíduos nela envolvidos — e o são, dentro da estrutura do pensamento humano. Mas os Cientistas Cristãos se alistaram voluntariamente para minorar a tendência de atribuir ao homem uma identidade mortal — não se alistaram para perpetuá-la. É-nos possível ajudar a situação por reconhecer que o homem verdadeiro e a Igreja verdadeira — idéias divinas de Deus — não são nem o agente nem o objeto de inclinações racistas, pois são totalmente espirituais.
A atividade de remoção de barreiras raciais deve ocupar lugar de destaque na agenda dos Cientistas Cristãos conscienciosos. Para erradicar as tendências racistas destruidoras, quiçá tenhamos de eliminar de nossa própria educação os resquícios espiritualmente superados e que não sintonizam com a Ciência Cristã. Talvez tenhamos de levantar o nosso pensamento até a verdade de que Deus é o divino Pai-Mãe de todos e que uma idéia de Deus nunca está impregnada de influências ou preconceitos mortais. Porventura temos de insistir resolutamente na verdade espiritual de que o magnetismo animal não tem poder de tornar-nos apáticos ou insensitivos quanto ao problema de atitudes raciais cruéis.
Sentir-se superior simplesmente devido à cor da pele é ter preconceito bem errado a favor de si mesmo. Isso lança fundamento à arrogância. E nunca nos defrontamos com homem, mulher, ou criança que em sua identidade verdadeira seja outra que a imagem de Deus, expressando ilimitadamente a natureza e a inteligência divinas. Esta verdade espiritual não tem exceções, independentemente de raça, nacionalidade ou cultura. Só nas ocasiões em que não estamos às claras quanto a nós mesmos, quanto a sermos imagem de Deus, é que vemos os outros como algo menos do que Sua imagem.
Que os Cientistas Cristãos erradiquem todo preconceito racista é uma necessidade premente. Uma vez que está na hora de lançar mãos à obra, nós o podemos fazer. Apenas passar julgamento nos outros não ajuda. Mas considerar o homem como a semelhança eterna de Deus, e basear nossas ações e normas nesse fato espiritual, dará ajuda ilimitada, pois Cristo, a Verdade, apóia tal julgamento.
