Bem no íntimo de todo indivíduo está o amor a Deus, potencial e poderoso. Algumas pessoas entendem a importância desse amor. Deixam que ele governe suas ações. Para outros esse sentimento natural parece dormente, sem ser reconhecido. Mas, mais cedo ou mais tarde, todos nós descobrimos o surgimento de um amor a Deus.
O que é que finalmente faz com que esse sentimento se exteriorize? O que é que estimula esse anseio natural de amar a Deus? Jeremias vislumbrou um fato que nos leva a uma explicação: “De longe se me deixou ver o Senhor, dizendo: Com amor eterno eu te amei, por isso com benignidade te atraí.” Jer. 31:3; A epístola de João completa a resposta: “Nós [o] amamos porque ele nos amou primeiro.” 1 João 4:19;
Deus ama a cada um de nós. Ele cuida de nós, nos provê às necessidades e nos sustenta. Através de toda história as pessoas perceberam esse fato. Volviam-se a Deus e O adoravam porque, intuitivamente, percebiam que um poder fora delas mesmas era o derradeiro responsável pelo seu bem-estar. O amor que as pessoas têm a Deus exerce profundo efeito na direção que imprimem a sua vida, e à própria substância de sua vida. “Aquilo que amamos determina o que somos” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 270;, escreve, com sua perspicácia, nossa Líder, Mary Baker Eddy.
Não poderíamos, talvez, dizer que essa afirmação se aplica imensamente a cada um de nós? Que é que amamos? Do que é que cuidamos ou o que é que ponderamos? Acaso ficamos ruminando um desentendimento que tivemos com alguém? Sonhando com alguma atividade de recreação? ou nutrindo ansiedade sobre uma causa social que muito de perto nos diz respeito? Na proporção em que submetemos nossos pensamentos, nossos atos ou nossa vida a tais elementos, eles, em certo sentido, apoderaram-se de nosso amor — ocuparam nossa atenção. E essa ocupação tende a moldar nossos pontos de vista e nossas ações, e até mesmo nossa vida.
De certo modo, a própria existência material nos instiga a lhe darmos atenção primordial. Tornou-se ela a deusa da humanidade. Determina o que um mortal é: um ente limitado, inseguro, destinado a ter um fim.
Mas o que é mortal é um falso deus. Deus é Vida, Espírito. E quando nos devotarmos mais completamente ao Espírito infinito, descobriremos que durante todo esse tempo ele já havia verdadeiramente determinado aquilo que realmente somos. Um despertar para nosso amor a Deus revela que o homem é a expressão do Espírito. Ele não é um mortal na tentativa de dar apreço a um poder que está lá longe e que intercede arbitrariamente nos seus assuntos, pois o homem é inteiramente espiritual, a prova imortal de que o Próprio Deus é Amor. Eis o verdadeiro relacionamento entre o homem e Deus, a base de seu pleno amor a Deus: expressar Deus, manifestar Sua natureza, representar Sua bondade.
Cristo Jesus provou que a bondade é a essência do homem. Pela ascensão ele se elevou à completa demonstração do amor a Deus. Provou as implicações de se discernir o amor de Deus por nós. As limitações foram desfeitas; e isso fez com que se manifestasse o ser puro e imortal. Como é que seguimos seu exemplo? Como é que deixamos nossa vida começar a produzir aquela espécie de prova que deu a vida dele, ou seja, a prova de compreender Deus? Um ingrediente essencial é a cura — vencer a doença, a carência, o pecado, o medo. A bondade de Deus não inclui nenhum desses males, e à medida que cresce nosso amor por Sua totalidade, a evidência da discórdia decresce.
O amor a Deus está na base de toda cura cristã genuína. Quando Lhe volvemos toda nossa atenção, perdemos de vista tudo quanto Lhe seja dessemelhante. “Para teres um só Deus e te valeres do poder do Espírito,” explica a Sra. Eddy, “tens de amar a Deus supremamente.” Ciência e Saúde, p. 167; Esse “poder do Espírito” é acessível, está inteiramente à disposição, e é de fato o resultado inevitável de volvermos nossa vida a Deus.
Mas isso não quer dizer que devemos procurar Deus como quem procura um ser humanamente pessoal e Lhe oferece um bom negócio — Lhe oferece amor em troca de Sua boa vontade em nos curar. O próprio aprofundamento de nosso amor a Deus expulsa as limitações da mortalidade. As limitações são, de fato, camadas de desentendimentos, que precisam ser lixadas. Quando uma compreensão apropriada a respeito de Deus como Espírito infinito se torna mais clara na nossa consciência, somos capazes de amá-Lo corretamente.
Ter sentimentos positivos e profundos por um Deus que, em realidade, não compreendemos limita a capacidade de curar. Mas amar a Deus porque compreendemos que Ele é a substância inteligente de toda a existência e que toda a Sua criação é espiritual significa termos somente um Deus e com isso nos valermos de Seu poder curativo. Então constataremos que estamos de acordo com o Salmista: “Amo o Senhor, porque ele ouve a minha voz e as minhas súplicas.” Salmos 116:1.
Por muito gratos que nos sintamos pelas curas que transformam nossa vida, é essencial ter diante de nós a visão de nossa verdadeira meta. Isso é coisa muito mais importante do que harmonizar situações humanas — algo até mesmo mais importante do que amar a Deus para que a cura se efetue (ou porque a cura já se efetuou). Nosso verdadeiro propósito é o de configurar que um crescente amor por Deus, por Sua totalidade, por Sua substância, dará nova feição à nossa vida. Em realidade esse propósito nos refaz. Salva-nos do pecado e da enfermidade, sim, mas faz ainda mais: leva-nos à conscientizacão de que o homem é a expressão divina do Amor. O homem é a manifestação de Deus, que é Amor. Amar plenamente a Deus significa vermo-nos transformados na própria expressão do Amor divino sempre presente.
