Ao descrever os acontecimentos pungentes que envolveram a crucificação e a ressurreição de Cristo Jesus, registra o Evangelho de S. Mateus que José de Arimatéia tomou o corpo de Jesus “e o depositou no seu túmulo novo...; e, rolando uma grande pedra para a entrada do sepulcro, se retirou”. Mateus 27:60;
Talvez haja quem encare com um tanto de ironia esse ato de bloquear a porta do sepulcro. Embora tenha sido motivado pelo desejo humano de proteger o corpo de Jesus, não seria, porém, sua atitude indício da incapacidade desse discípulo de aceitar a promessa do Mestre de que ele tornaria a se levantar? Não teria ela fornecido um obstáculo adicional a ser vencido por Jesus? Como isso é típico da atividade do erro, visível em alguns dos problemas crônicos dos dias atuais! Esforçando-se por intensificar a escuridão mental com um último esforço para impedir o alvorecer da verdade, o erro acrescenta a última gota de amargura ao sofrimento humano.
Mas o relato bíblico continua, mostrando como se pode vencer o erro, por mais agressivo que seja. As duas Marias junto ao sepulcro viram que a pedra havia sido removida pelo “anjo do Senhor”, e ouviram a informação: “Ele não está aqui: ressuscitou como havia dito.” 28:2, 6; Mediante essa mensagem divina elas deviam ter vislumbrado algo do grande fato de que a materialidade é ilusória e assim não pode aprisionar o Cristo nem malograr sua santa missão. Hoje em dia a Ciência CristãChristian Science (kris'tiann sai'ennss) proclama a mesma estupenda verdade — que o sentido material com seu sofrimento, por intenso e prolongado que seja, é uma mentira e, portanto, não pode resistir à luz curativa de Cristo, a Verdade, revelada pelos anjos, ou pensamentos, de Deus.
Foi esta a experiência de Mary Baker Eddy, Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã. Desde a meninice até à idade madura, sua vida foi marcada por desapontamentos, tragédia, má saúde. Então, em fevereiro de 1866, ela caiu na calçada coberta de gelo e suas lesões foram diagnosticadas como graves. Esta “última gota” trouxe-lhe a hora de maior escuridão — mas também o alvorecer. Volvendo-se para a Bíblia, ela teve um momento de rara iluminação espiritual e ficou curada. Durante os três anos seguintes pesquisou as Escrituras para descobrir a Ciência da Verdade e depois dedicou o restante de sua vida — mais de quatro décadas — a partilhar com a humanidade a revelação que lhe fora feita do Cristo curativo. O livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, que ela escreveu sob a direção de Deus, tem salvo um número incontável de indivíduos nas suas horas mais negras, restabelecendo-lhes a saúde e as aptidões.
Ao revelar a maneira de sair das trevas do materialismo para a luz continuamente expansiva da compreensão espiritual, Ciência e Saúde faz com que a liberdade permanente esteja sempre ao alcance de todos. Mostra que a harmonia não só é possível agora, mas que ela é a realidade atual do ser do homem como reflexo espiritual de Deus. A veracidade e praticabilidade desta verdade são reveladas na consciência individual através de pensamentos de Deus, Suas mensagens. Na linguagem que lembra a descoberta feita pelas duas Marias de que o túmulo estava vazio, a Sra. Eddy escreve: “Meus anjos são pensamentos sublimes, que aparecem à porta de algum sepulcro no qual a crença humana tenha enterrado suas mais caras esperanças terrenas.” E, mais adiante, acrescenta: “Se sinceramente prestamos atenção a esses guias espirituais, eles ficam conosco, e hospedamos ‘anjos sem que o saibamos’. ” Ciência e Saúde, p. 299;
Alguém talvez pergunte: “Como posso entreter pensamentos sublimados quando minha vida está envolta em dificuldade e tristeza?” As circunstâncias materiais, por si sós, não têm poder para causar desespero ou sofrimento. Nossa reação às circunstâncias é a culpada — a reação do medo, da inveja, da confusão. A Ciência Cristã denomina tais estados mentais “mente mortal”, uma inversão hipotética da bondade pura, do domínio e da alegria da Mente infinita e única, Deus. Mas não precisamos consentir nessa aparente inversão. Em vez disso, podemos saber, com certeza, que a Verdade, por ser ela Deus, é irreversível e absoluta. O erro não pode realmente inverter a realidade. Seu suposto êxito em invertê-la é uma mentira. Por compreender isso, por inverter o erro e declarar a verdade, abrimos nossos pensamentos para que recebam as mensagens divinas do Amor. Agarrando a cobra pela cauda, convertemo-la num bastão. O livro-texto explica: “A mesma circunstância que teu sentido sofredor considera terrificante e aflitiva, o Amor pode converter num anjo que acolherás sem o saberes. ” ibid., p. 574;
Nesse trecho de Ciência e Saúde e no que o precede, a Sra. Eddy está citando ou parafraseando parte do seguinte trecho das Escrituras: “Não neglicencieis a hospitalidade, pois alguns, praticando-a, sem o saber acolheram anjos.” Hebreus 13:2; Um modo de hospedar consiste em manter abertas as portas, dando as boas-vindas aos hóspedes. Assim, se um problema não cede e o desespero quer nos assoberbar, será importante manter o pensamento aberto para dar as boas-vindas ao estrangeiro — a qualidade ou idéia espiritual dada por Deus — a qual vem a nós.
Talvez Deus nos tenha mostrado que nossa necessidade principal é a de acolher mais gratidão, alegria ou amor. Tais qualidades, vindas de Deus, talvez pareçam companheiras estranhas em meio à discórdia e á depressão, mas abramos a porta do pensamento, para dar-lhes hospitaleiramente as boas-vindas! Se sentirmos relutância em assim agir, reconheçamos ser precisamente essa resistência ao bem o que está bloqueando a cura que procuramos.
Por quê? Porque aquilo que precisa de cura é sempre alguma falsa crença ou algum traço de caráter, alguma forma de resistência mental ao bem — não uma condição física ou situação material. E o ressentimento, o medo e a ignorância espiritual são inevitavelmente curados pela luz do Cristo, a Verdade, pela verdadeira idéia de Deus.
De começo, essa luz no pensamento pode parecer pequena, mal-e-mal digna de ser tomada em consideração. Mas demos-lhe as boas-vindas, acalentemo-la, engrandeçamos o Senhor ver Salmos 34:3. e observemos como sua radiação irresistível cresce e cresce, dissipando a sombra do sentido material sofredor.
A maior compreensão do Amor divino e do reflexo do Amor, o homem, e a expressão crescente da alegria e do amor de Deus, curam a prolongada angústia e o desapontamento. Não mais temos de continuar a afligir-nos sobre nós mesmos, ruminando egoisticamente erros passados e oportunidades perdidas ou cultivando pressentimentos medrosos acerca do futuro. Por acolher os pensamentos de Deus, podemos adquirir novo respeito por nós mesmos como reflexos perfeitos dEle. Podemos começar a compreender que nosso verdadeiro eu está eternamente além do alcance de forças hostis, destruidoras, pois essas não podem existir no reino infinito do Amor.
A presença curativa do Amor divino não está alhures, fora de nós mesmos. Somos a própria expressão do Amor. Nunca podemos estar separados de Deus. Seus anjos estão sempre à mão. “Se sinceramente prestamos atenção a esses guias espirituais”, eles nos conduzem a um reconhecimento cada vez mais claro do Cristo ressuscitado, a Verdade curativa, e a maior liberdade e domínio.
