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Lendo os sinais dos tempos

Da edição de abril de 1980 dO Arauto da Ciência Cristã


Cristo Jesus repreendeu os fariseus e os saduceus quando estes tentavam que mostrasse “um sinal vindo do céu”. Disse: “Hipócritas! Sabeis... discernir o aspecto do céu, e não podeis discernir os sinais dos tempos?”  Mateus 16:1, 3 (conforme a versão King James); Nesta era moderna, se queremos ser cidadãos espiritualmente capazes — cidadãos do mundo — precisamos também ser capazes de “ler os sinais dos tempos” e pôr em ação com eficácia a nossa capacidade de discernir.

O que significa a conhecida frase “os sinais dos tempos”? Significa a importância interior de acontecimentos exteriores. Quando procuramos ler esses sinais, buscamos discernir o significado subjacente do presente e a visão do futuro. Assim armados, somos capazes de fazer com que as capacidades espirituais de que Deus nos dotou influenciem a cura das nações. A aceitação da responsabilidade espiritual cumpre nosso papel de cidadãos do mundo, mediante a cura que se estende do indivíduo à família, à comunidade, ao país e ao mundo.

A Sra. Eddy explica: “Conta-se que Jesus, quando viajava certa vez com seus discípulos, ‘conheceu-lhes os pensamentos’ — leu-os cientificamente. Do mesmo modo, discernia a doença e curava os doentes. Pelo mesmo método, acontecimentos de grande significação foram preditos pelos profetas hebreus. Nosso Mestre repreendeu a falta desse poder, quando disse: ‘Hipócritas! Sabeis. .. discernir o aspecto do céu, e não podeis discernir os sinais dos tempos?’ ” Ciência e Saúde, p. 85;

Muito se acha implícito no discernimento dos sinais dos tempos. Como Jesus exemplificou, nisso estava incluída a leitura científica do pensamento com o fim de perceber a doença, curar o doente e predizer grandes acontecimentos futuros. Compreender os sinais dos tempos é uma base indispensável de ação espiritual num mundo desafiador e conturbado. Graças a essa capacidade, Jeremias predisse perigos e Isaías proclamou o advento do Messias. O conhecimento profético possibilitou, muitíssimas vezes, prevenir e proteger a nação hebraica nos seus períodos tormentosos, quando uma cidadania ativa, em obediência a Deus, fazia-se essencial à sobrevivência. Na medida em que buscamos compreender espiritualmente os sinais de nossa era, também nós andamos na vereda da cura e da profecia num mundo em que, mais claramente do que antes, ninguém é uma ilha.

O discernimento verdadeiramente eficaz, o tipo de discernimento que lê corretamente os sinais dos tempos, baseia-se no sentido espiritual. “O sentido espiritual”, diz a Sra. Eddy, “é uma capacidade consciente e constante de compreender Deus.” ibid., p. 209; Todos estamos dotados desta capacidade. Ela faz parte de nossa herança como filhos e filhas de Deus. Nem sempre, porém, a exercitamos, a cultivamos. O esforço no sentido de entender Deus, a doce procura da Verdade divina, desenvolve o sentido espiritual. Pondo em ação devotadamente nosso sentido espiritual, nossa capacidade de compreender Deus, discernimos os sinais dos tempos e ajudamos o mundo.

A aplicação da verdade espiritual aos assuntos humanos, mediante a leitura dos sinais dos tempos, requer grande sabedoria. Requer o bom senso que vem da inspiração, bem como o senso espiritual. O sentido espiritual nunca cai no reino místico. Com a revelação é preciso vir também a razão; ou, mais simplesmente, quando alguém tem a cabeça nas nuvens é preciso que tenha os pés no chão.

Para ser sábio, precisa-se estar bem informado. Ninguém pode ser um cidadão do mundo sem saber o que acontece no mundo. A Sra. Eddy considerava a informação como um componente da ação sábia, ponderada. Com sua chancela, notícias de acontecimentos correntes fizeram parte do periódico semanal mais tarde chamado Sentinel, que ela fundou no ano de 1898, e essa é obviamente a função do jornal diário The Christian Science Monitor, por ela fundado em 1908. Apesar de profundamente envolvida em trabalho espiritual criador e nos assuntos de igreja, ela mantinha interesse ativo pelas notícias do dia.

Mesmo nos seus anos de relativa reclusão em Concord, New Hampshire, nos Estados Unidos, os visitantes podiam constatar com surpresa (para eles) que ela estava bem informada. Num certo dia memorável, interessante à luz das notícias de 1980, um visitante viu que ela estava informada em grandes detalhes a respeito dos chineses.

Em 1907, Michael Meehan, redator do Concord Patriot, levou um famoso viajante mundial e jornalista para vê-la. O Sr. Meehan escreveu: “Ao sairmos de Pleasant View, o Sr. Curtis estava admirado por ver que uma mulher tão completamente afastada do mundo conhecia tanto a respeito dos assuntos mundiais, e em particular por vê-la possuidora de conhecimento tão acurado e extensivo sobre a história e os hábitos nacionais dos chineses, povo tão pouco conhecido, e sobre os costumes da corte e as intrigas não publicadas a respeito de seus governantes.”  Lyman P. Powell, Mary Baker Eddy: A Life Size Portrait (Boston: The Christian Science Publishing Society, 1950), p. 201;

O conhecimento que a Sra. Eddy tinha dos acontecimentos correntes baseava-se na leitura de jornais e revistas e na sua vasta correspondência. No caso da China, a Sra. Eddy correspondia-se de vez em quando com a Sra. Sarah Pike Conger, estudante de Ciência Cristã e esposa de um representante diplomático americano na China.

Hoje o mundo acha-se inundado pelo fluxo de informação. Sociólogos e psicólogos falam de “indigestão de informações” e acreditam que esta ameace atordoar, ou mesmo, desmoralizar o indivíduo. Não precisamos aceitar a mentira de que podemos ficar atordoados pelo fato de ser o fluxo de informação vasto e complexo. Temos guias para afrontar o vasto fluxo de informação do mundo atual, superando o problema da indigestão. Ao peneirar as informações, analisá-las, avaliá-las, The Christian Science Monitor é um guia inigualável. As Sagradas Escrituras, os escritos da Sra. Eddy e o imenso alcance da literatura periódica da Ciência Cristã, provêm vislumbres que nos auxiliam a discernir quais as informações úteis e quais as que não o são.

Há perigos ocultos. Procurar a visão mediante a leitura dos sinais dos tempos pode ser uma experiência temerária. Pode convergir para o misticismo. E aqui o sentido espiritual evidencia-se no bom senso e na razão. “A razão”, escreve a Sra. Eddy, “é a mais ativa das faculdades humanas.” Ciência e Saúde, p. 327; Um dos grandes vislumbres que a Sra. Eddy teve é o da reconciliação entre a razão e a revelação encontrados na Ciência Cristã. Ao procurarmos compreender a avalanche de propaganda, de zelotismo, de charlatanismo, e separar a palha do trigo, certamente teremos necessidade de ambas, a razão e a revelação.

Com o nosso sentido espiritual a guiar o bom senso e a razão, podemos examinar as credenciais de toda e qualquer informação. Qual a sua fonte? É ela digna de confiança? Experiências passadas comprovaram-na fidedigna? Faz sentido? Qual é a motivação dessa fonte? Estão os informantes alerta e são eles sábios, ou dados a fofocas e sensacionalismo, até mesmo sinistros? É o informante motivado pelo desejo de curar e de abençoar?

Há hoje em dia muitas publicações — volantes, reportagens, fornecedoras de algum alegado vislumbre particular — que são dolosamente motivadas, embora algumas delas possam vir de zelotes sinceros. Misturam tanto quanto possível o fato com a ficção e isso pode ser sobremaneira enganoso. Para enfrentá-los e vencê-los é preciso que se exercite o sentido espiritual, o bom senso e a razão e daí se aplique o teste da fonte, da motivação e da integridade. Podemos ter certeza da motivação do Christian Science Monitor, que não professa ser infalível mas que procura separar o joio do trigo, apresentar informações e debatê-las, deixando ao leitor a tarefa final de tirar conclusões por si mesmo.

Outro perigo oculto ao se discernir os sinais dos tempos, algo muito antigo e difuso, é lançar a culpa dos males do mundo em algum bode expiatório — uma instituição, uma igreja, um ismo, um grupo étnico, uma raça. É fácil criar um bode expiatório em nosso próprio pensamento quase com a estatura de um anti-Cristo. Em cada caso, porém, um bode expiatório, mesmo que seja tão mau quanto se acredita ser, não tem poder. Não tem origem em Deus, e Deus é o único poder. Uma negação calma e clara de que o mal tenha poder nos liberta de aceitar que essas supostas forças malignas tenham qualquer poder. Comumente, também, são quimeras criadas em nosso próprio pensamento mediante a aceitação da propaganda. Com o sentido espiritual, o bom senso e a razão podemos ser libertados de todas as superstições.

Outro intruso de que necessitamos escapar é a pressão exercida pelas crenças da comunidade que nos cerca. Essas práticas e tradições acatadas cegaram muitas pessoas em nosso tempo, até que veio o despertar. Aceitar e apoiar o que está errado por render-se às pressões exercidas pela comunidade resultou em muitas tragédias, mesmo em tempos recentes. Aconteceu na América, na Europa, na África, e as conseqüências foram historicamente trágicas. O pensamento esclarecido, respondendo às leis divinas do que é certo e do que está errado, já leva hoje a humanidade por boa parte do caminho da justiça humanitária. O que fazemos é voltar ao código de moral revelado a Moisés e à nobre Regra Áurea de Cristo Jesus, e sua aplicação pode determinar a validade de qualquer ação ou pensamento social.

Nosso sentido da totalidade do bem não nos cega ao problema do mal. O mal precisa ser exposto para ser destruído. Como escreve a Sra. Eddy: “Quem é que adverte a humanidade contra o inimigo emboscado? É o informante aquele que vê o inimigo? Se assim é, escutao e sê sábio. Foge ao mal, e qualifica de mordomos infiéis aqueles que viram o perigo e no entanto nenhuma advertência fizeram.” ibid., p. 571; Essa vigorosa injunção anda de mãos dadas com a declaração da Sra. Eddy a respeito da finalidade e do objetivo do Christian Science Monitor apresentada em seu primeiro editorial: “divulgar indivisa a Ciência que opera sem desgaste”, e “não causar dano a homem algum, mas abençoar a toda a humanidade” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 353;.

Consciente dos perigos ocultos, superando-os, o leitor dos sinais mentais não se deixa enganar pela mente mortal porque compreende e afirma a onipresença da Mente. A Mente única tem capacidades infinitas, que o homem manifesta. Saber perceber os sinais mentais, lêlos, compreender e aplicar a compreensão espiritual na cura dos erros que os sinais indicam, demonstra nossa capacidade espiritual.

Como escreve nossa Líder: “O sentido material não revela as realidades da existência; mas o sentido espiritual eleva a consciência humana até a Verdade eterna.” Ciência e Saúde, p. 95. Assim, discernindo os sinais dos tempos, aceitamos nossos deveres de cidadãos do mundo e desincumbimonos de nossas obrigações.

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