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Usuário ou consumidor?

Da edição de abril de 1980 dO Arauto da Ciência Cristã


Eliseu demonstrou o fato espiritual de que a verdadeira substância nunca é exaurida. A viúva teve a prova desta verdade quando da botija continuou a jorrar azeite até que cada vasilha disponível ficou cheia. “Então foi ela e fez saber ao homem de Deus; ele disse: Vai, vende o azeite, e paga a tua dívida; e tu e teus filhos vivei do resto.”  2 Reis 4:7;

Cristo Jesus sabia que até mesmo a mais ínfima indicação de suprimento era prova do bem infinito que se desdobra. Abençoou cinco pães e dois peixes, e cinco mil pessoas foram alimentadas. “E ainda recolheram doze cestos cheios de pedaços de pão e de peixe.”  Marcos 6:43;

Que prova de suprimento tem você? Por mais pequena que esta prova seja, se você reconhece estar ela apontando para o Espírito infinito, estará garantindo sua continuidade e poderá usá-la livremente para atender a necessidades legítimas.

Pode ser traçada uma distinção entre usar e consumir. Consumir talvez dê a idéia de exaurir, de fazer com que algo chegue ao fim; usar talvez signifique pôr algo em ação ou em serviço. A botija de azeite, o peixe e o pão foram, diríamos, usados. Foram respostas às orações de um profeta e do próprio Mestre.

A maioria do mundo ora — inda que nem sempre o faça de maneira formal. Essa oração envolve, muitíssimas vezes, a busca de algo, tal como alimento, moradia, roupas. Às vezes parece que tais orações não chegam a ser atendidas. Não há uma explanação simples para isto. Porém, respostas mais coerentes advirão, por certo, quando as pessoas esquecerem o raciocínio materialista e adquirirem verdadeira compreensão de Deus, o Espírito.

A observação que se encontra no livro de Tiago a respeito de pedir mal talvez encerre uma lição mais profunda do que meramente ensinar-nos a fazer distinção clara entre desejos e necessidades: “Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres.”  Tiago 4:3;

Sem dúvida, o desejo leva ao consumo. Uma sociedade que não tenha meta mais elevada do que o consumo materialista acabará, sem dúvida, num beco sem saída. Mesmo do ponto de vista da economia humana, um sistema que dedica seus recursos — tanto em bens materiais como em talentos — aos produtos de consumo apenas, está em apuros. A criação progressiva e a manufatura de coisas úteis aos seres humanos requerem pesquisa contínua, além de dinheiro e talentos.

Uma pesquisa básica é ainda mais necessária ao se considerar a economia divina, na qual o Espírito é a fonte do suprimento. Será que consideramos cada parcela mínima de bem em nossa vida como a indicar o desdobramento da infinidade e nos voltamos à origem desse bem para aprender mais a respeito das coisas espirituais? Quando assim fazemos, somos usuários dos recursos divinos — recursos que não podem ser consumidos.

Identificando o bem com a prova material apenas, nós o limitamos ao que é ou será consumido. A pesquisa espiritual básica e o raciocínio metafísico cuja premissa seja a totalidade do Espírito, Deus, fazem-se necessários ao atendimento das necessidades individuais e mundiais. A pesquisa básica feita num nível humano, a cooperação tecnológica, a melhor distribuição, a eliminação do desperdício — só isso não bastará para erradicar do mundo a carência, por mais construtivamente úteis que essas coisas possam ser.

É preciso fazer uma demonstração de recursos espirituais e da lei espiritual para garantir a continuidade do suprimento. Isto, é claro, faz de nós melhor classe de usuários em vez de meros consumidores. O suprimento de idéias corretas permanece sempre na Mente; essas idéias nunca chegam ao beco sem saída da matéria. Nós as usamos; não as exaurimos.

Se bem que a tentação possa ser de pensar que esta seja uma solução bastante impraticável para atender aos desejos da humanidade, é ela realmente de valor imenso tanto no que concerne a resultados imediatos como de longo alcance.

Na medida em que entendemos melhor a natureza infinita da realidade, adquirimos naturalmente um ponto de vista diferente a nosso respeito, e isso pode resultar num estilo de vida bem diverso. Cultivamos qualidades espirituais de valor duradouro. Desejos que prometem apenas satisfação a curto prazo são encurralados em áreas cada vez menores de nosso pensamento e de nossas ações. Começamos a abandonar a tendência a um consumismo estúpido.

Tal viver moral capacita-nos a avançar na compreensão da natureza mental e espiritual da verdadeira substância. “A pureza, a abnegação, a fé e a compreensão têm de reduzir todas as coisas reais à sua própria designação mental, a Mente, que divide, subdivide, aumenta, diminui, constitui e sustenta, de acordo com a lei de Deus” Retrospecção e Introspecção, p. 28;, escreve a Sra. Eddy.

Eliseu demonstrou a lei da Mente que sustenta; Jesus provou a lei da Mente que dá o crescimento. O resultado foi imensamente prático para a viúva e para os cinco mil.

Estes dois casos, e há muitos outros, desafiam a presunção de que a matéria consumível seja a verdadeira substância. A medida que compreendemos que o Espírito é a verdadeira substância, e dele dependemos, tornamo-nos usuários das idéias de Deus em vez de consumidores de matéria limitada.

A pergunta — consumidor ou usuário? — é profunda. Precisa, porém, ser respondida em diferentes níveis. Neste exato instante, podemos começar a mudar da dependência material para a dependência do Espírito e valermo-nos da lei do Espírito para suprir necessidades.

Só assim podemos verdadeiramente ver realizar-se esta declaração feita pela Sra. Eddy no livro Ciência e Saúde: “Na relação científica entre Deus e o homem, descobrimos que tudo o que abençoa um, abençoa todos, como Jesus o mostrou com os pães e os peixes — sendo o Espírito, não a matéria, a fonte do suprimento.” Ciência e Saúde, p. 206.

Respondendo nossa pergunta de maneira simples, diremos: a dependência da matéria torna-nos consumidores e conduz a um tipo materialista de consumismo. Depender do Espírito capacita-nos a conhecer e usar a lei de Deus para o bem de toda a humanidade.

Este é a maneira mais prática de erradicar do mundo a carência por um lado e o consumo excessivo por outro. Para muitos, um consumo menos esbanjador é o primeiro passo moral e imediato a ser dado — não um fim em si mesmo — que leva a uma demonstração mais elevada da lei de Deus com sua bênção universal.

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