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O que é a realidade?

Da edição de junho de 1981 dO Arauto da Ciência Cristã


Que é a realidade? Será, simplesmente, a soma total do que vemos e ouvimos à nossa volta? Ou há algo mais que deveríamos ver e alguma aptidão que nos ajudaria a interpretar as impressões dos sentidos de modo mais acurado?

Experiências diárias mostram que nos é possível distinguir fatos reais de ilusões. Por exemplo, linhas paralelas, como os fios telefônicos que acompanham uma estrada, sempre parecem encontrar-se no horizonte. No entanto, nunca se encontraram e nunca se encontrarão. Sabemos disso e procedemos de acordo com o que sabemos, não com o que vemos. O processo é semelhante quando analisamos qualquer outra evidência material.

É claro que todas as pessoas sofrem a mesma ilusão óptica provocada pelos fios telefônicos. Mas nossas reações individuais ao que vemos e ouvimos em situações mais complexas são significativas, também. Em outras palavras, nem todos interpretamos dada situação da mesma maneira.

O comentarista de um programa britânico de rádio explicou nosso comportamento, da seguinte maneira: “Toda vez que você faz algo, está fazendo uma declaração da realidade como só você a vê. E apenas porque um milhão de outros dão a impressão de acreditar na mesma coisa em que você acredita, isso não prova que um milhão e um estão certos. Eu disse ‘impressão’ — e isso é tudo o que podem dar. No que diz respeito à realidade, você está sozinho.”

O comentarista salientou a importância de se compreender “o extraordinário negócio do que se passa naquela ‘coisa’ misteriosa entre seus ouvidos, enquanto você processa a avalancha de dados provenientes do mundo à sua volta, a cada milésimo de segundo de sua vida. Pois isto é o que a realidade é: o que você faz com os dados, não o que os outros fazem com eles.” James Burke, “The Real Thing,” Radio Times (Londres), 15–21 de março, 1980, p. 4.

Há dois aspectos aqui. O primeiro: que nós próprios determinamos nosso conceito da realidade. Até certo ponto, a Ciência Cristã concorda com isso.

O segundo: que nosso conceito de realidade é formado por influências grandemente fora do nosso controle, como hereditariedade, genética, meio ambiente, história pessoal. A Ciência Cristã, porém, define a realidade como algo infinitamente superior a essa opinião. Nossa visão da realidade não é algo que nos amarre, fazendo-nos reagir sempre da mesma forma a circunstâncias semelhantes. Pelo contrário, ela se desenvolve e expande à medida que nos apercebemos mais do Espírito e dependemos menos dos sentidos para nossa informação.

Em outras palavras, não temos de aceitar impensada e repetitivamente tudo o que ouvimos e vemos, pois é notório que os sentidos materiais são falíveis. Não nos é necessário permitir que seus relatos nos enganem ou limitem, pois, mediante a presença do Cristo, possuímos a inteligência, o discernimento e o critério para testar e desafiar toda evidência material. Temos, de fato, a percepção espiritual inata que nos pode guiar intuitivamente o tempo todo. E, à medida que esse sentido se torna mais claro e mais vigoroso, suplanta o que parece ter influenciado a formação do pensamento em nossa história humana em particular.

Cristo Jesus disse: “Não julgueis segundo a aparência, e, sim, pela reta justiça.” João 7:24. J. B. Phillips dá a seguinte versão: “Não julgue segundo a aparência das coisas, mas pela realidade!”

Ao final, não importa muito o que a evidência material nos diz ou quais os fatores que contribuíram para nossas reações. O falso estado de coisas pode ser invertido e substituído pela realidade em determinada situação. E podemos aprender a fazer isso, agora.

Em resposta à pergunta: “É real qualquer coisa de que os sentidos físicos se apercebem?” a Sra. Eddy escreve: “Tudo é tão real quanto o fazeis, e não mais. O que vedes, ouvis, sentis, é um modo de consciência e não pode ter outra realidade a não ser o conceito que entretendes a esse respeito.” E continua no parágrafo seguinte: “É perigoso apoiar-se na evidência dos sentidos, pois tal evidência não é absoluta e, portanto, não é real, no sentido que atribuímos a essa palavra.” Unity of Good, p. 8.

Esse enfoque confronta a pessoa com uma nova responsabilidade, a de ver além do que seus olhos e ouvidos lhe comunicam e, então, agir de acordo com o que discerne. Nada que seja material pode apresentar a realidade definitiva. A realidade é totalmente espiritual. Quanto mais elevado o nosso conceito da realidade, e quanto mais vemos dela, tanto mais somos capazes de apresentar a realidade divina em nossa experiência humana.

Primeiramente, temos de conhecer a realidade a nosso respeito. A Ciência Cristã revela que o homem é completamente espiritual. Ele não é um mortal que tem uma mente própria, dependente dos sentidos materiais. Nem é ele processado e programado pelo cérebro, levado a formar conceitos distorcidos e limitados da realidade e então a observá-los se externarem em sua experiência, caindo assim em sua própria armadilha mental.

Pelo contrário, o homem é o reflexo de Deus, a Mente divina. Vê, ouve, sente, sabe, como essa Mente o impele. Mesmo um vislumbre de nossa verdadeira natureza de homem habilita-nos a pensar, falar e agir de acordo com esta natureza. E, como resultado, nossa experiência humana não pode deixar de mudar.

“Aqui, não vemos muito do homem real, pois ele é o homem de Deus; enquanto que o nosso é o homem criado pelo homem,” escreve a Sra. Eddy. E, logo, acrescenta: “O homem científico e seu Criador estão aqui; e não seríeis outro homem senão esse, se subordinásseis as percepções carnais ao sentido e à origem espirituais do ser.” Ibid., p. 46. Esse enfoque não significa simplesmente ter uma visão cor-de-rosa da vida e ignorar tudo o que pareça feio ou ameaçador. Antes, encaramos a cena humana, quando boa e promissora, como o indício da realidade; e, quando não o é, como a perversão da realidade, e, então, agimos de acordo.

Como relacionar esse modo de ver com algumas das coisas que fazemos? Será que, quando dirigimos um carro, encaramo-lo como uma invenção mecânica para se andar por aí, como símbolo de status que insufla o ego, ou vemo-lo como evidência de liberação da restrição, algo que revela um crescente domínio sobre o espaço, até mesmo como um vislumbre mais avançado da presença constante da Mente divina?

E o que dizer dos outros motoristas? Representam um perigo em potencial para nossa segurança, ou aceitamo-los como sendo o homem de Deus como nós, impelidos pela Mente e, portanto, controlados, amáveis e obedientes à lei? É provável que encontremos o que aceitamos e esperamos.

Será o lavar roupa apenas um afazer semanal cansativo? Ou podemos aproveitar essa tarefa como oportunidade de expressar mais da ordem e do frescor que gostaríamos de ver de modo mais generalizado? Atitudes modificam conceitos e conceitos moldam a experiência. E isso não é simplesmente uma bela teoria.

Nossas opiniões sobre situações coletivas também podem ser modificadas, mesmo aquelas que temos em comum com um milhão, ou mais, de pessoas. Certa vez, quando eu estava começando a compreender a natureza subjetiva da existência, confrontei-me sem êxito com uma repartição do governo que me parecia arrogante, burocrática e estúpida. Muitas outras pessoas nisso concordavam comigo! Ora, a questão era importante para mim e, ao reconsiderá-la, lembrei-me de que alguém me dissera que eu só poderia encontrar meu próprio ser. Não gostei daquilo que estava encontrando, por isso comecei a examinar os meus pensamentos com mais cuidado.

Pensei na realidade da lei como justa e inteligente, a atividade do Princípio divino, que protege e não pune. E vi que a função daquela repartição era representar tal conceito de lei e não pervertê-lo. Ater-me a essa visão científica foi um trabalho árduo, já que a evidência material, fortemente escorada por meu desejo de justificação própria, insistia em mostrar que a repartição não estava retratando qualidades espirituais. Contudo, persisti e, no momento adequado, a política foi completamente modificada e a questão foi resolvida de maneira feliz.

Nosso conceito de realidade não é simplesmente algo que torna as coisas melhores para nós. Antes, a realidade é infinita e mais dela aparece à medida que cresce nossa aceitação do Cristo.

“Toda crença material sugere a existência da realidade espiritual; e se os mortais são instruídos nas coisas espirituais, ver-se-á que, ao inverter-se a crença material, em todas as suas manifestações, encontrar-se-á o tipo e o representante de verdades de valor inestimável, eternas e bem à mão ” Miscellaneous Writings, pp. 60–61., escreve a Sra. Eddy. Essa orientação e sua implementação, e não o que ocorre “entre nossos ouvidos”, determina o nosso conceito de realidade e como a vivenciamos a cada dia.

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