Estava passando os olhos por nosso arquivo particular de apólices de seguro. De repente dei com esta pergunta escrita em letras grandes e em negrito: “Será que você leva uma vida perigosa?” Fazia parte de um panfleto retratando um homem preocupado que caminhava inseguro numa corda bamba, equilibrando-se com uma sacola de dinheiro deflacionada e um saco inflado de contas. As páginas internas do panfleto proclamavam que a doença, a inflação, o desemprego, podiam atacar a qualquer hora e que o melhor meio de alguém proteger-se era fazendo um seguro com a dita empresa. Só então, diziam, se poderia gozar de paz de espírito e de um futuro seguro. Esse quadro desalentador foi algo a que logo resisti e desafiei.
O panfleto tentava fazer crer que a pessoa média não tinha controle sobre as circunstâncias, ao andar na instável corda bamba do viver diário. Isso não passava de conversa de vendedor e eu não seria tão incauta a ponto de aceitar tal coisa como norma para mim ou qualquer outra pessoa.
O seguro pode ser um investimento prático e sábio e, por vezes, é exigido por lei. Mas a proteção segura contra o mal sob todas as suas formas repousa numa base espiritual. Cristo Jesus mostrou a diferença entre pagar as nossas obrigações espirituais e resgatar as humanas, quando disse: “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.” Marcos 12:17.
A paz de espírito e um futuro assegurado são por demais preciosos para serem meramente colocados aos cuidados de uma empresa comercial. Merecem cobertura total do Divino. Precisamos estar certos de que nossa segurança reside em Deus.
A Ciência Cristã revela que, na realidade, somos filhos de Deus e, por isso, sempre estivemos e haveremos de estar perpetuamente envoltos, satisfeitos e seguros no Amor que é Deus. Ora, como podemos demonstrar essa verdade agora? Achegando-nos a Deus; enchendo o nosso pensamento com a verdade absoluta do ser, com a convicção da perfeição total de Deus e de Sua criação espiritual, e, portanto, sentindo a presença da paz de Deus exatamente onde estamos. “Chegaivos a Deus e ele se chegará a vós outros” Tiago 4:8., aconselha a Bíblia.
No livro Ciência e Saúde, no capítulo intitulado “Respostas a Algumas Objeções”, a Sra. Eddy levanta uma questão fundamental para a Ciência Cristã e, portanto, para a nossa certeza de estarmos seguros em Deus: “Na Ciência Cristã, entende-se que a substância é Espírito, ao passo que os adversários da Ciência Cristã acreditam que a substância seja matéria. Pensam que a matéria seja alguma coisa, quase a única coisa, e que as coisas concernentes ao Espírito sejam quase nada, ou estejam muito distantes da experiência diária. A Ciência Cristã adota um ponto de vista exatamente oposto.” Ciência e Saúde, pp. 349–350.
O Espírito, por estar dentro e fora de tudo o que existe, é Tudo-em-tudo. O livro Ciência e Saúde afirma: “Deus é ao mesmo tempo o centro e a circunferência do ser.” Ibid., pp. 203–204. Por isso o homem está, precisa estar, incluído no reino de Deus. Nesse reino não há apólice de seguro, pois não existe coisa alguma contra a qual se tenha de fazer seguro. Tudo está acalentado por Deus, que criou tudo. O Amor ama as suas próprias idéias. O lar, a família, a vida, estão em Deus e são de Deus.
A paz e a alegria são qualidades naturais do homem, pois o reino dos céus precisa também ser o reino da Mente. As decisões de Deus nunca estão erradas; Suas idéias são idéias corretas. O homem não pode deixar de manifestar a serenidade e a alegria de Deus, que estão à sua volta e constituem o seu próprio ser.
Aquilo a que chamamos de nosso futuro é na Ciência divina um desdobramento contínuo do bem, uma aventura na Verdade e no Amor, em que nós, como manifestações de Deus, somos participantes ativos e nunca podemos fazer parte de nada que não seja bom. O nosso “futuro” já está seguro em Deus, porque Suas manifestações nunca podem estar separadas dEle. Onde quer que a Mente onipresente esteja, estamos nós.
Não era a isso que Jesus se referia quando disse que o reino de Deus estava à mão? Na medida em que englobarmos mentalmente o reino do Espírito, nós o veremos a nos englobar como filhos de Deus. E, ao ver isso, temos o direito de esperar que o bem seja a norma de nosso viver presente. Não se trata de mero pensamento positivo ou de controle pela mente. É oração cristã, inteligente, que ativamente reconhece o reino do céu como algo presente e, portanto, demonstrável agora.
Os pequeninos correspondem naturalmente à verdade da eterna presença de Deus. Meu filhinho de quatro anos de idade, que nunca nadara sem a ajuda de bóias, mostrou sua confiança em Deus quando se viu na parte funda da piscina sem estar com as bóias. Repentinamente entusiasmado com a chegada de amigos, o pequenino decidira jogar longe as bóias e atirar-se na água funda. Incapacitada de alcançá-lo eu o vi afundar cada vez mais. Embora só o topo da cabeça estivesse fora dágua, ele continuou a nadar e atingiu os degraus, e cheio de júbilo me disse que não me preocupasse porque, em suas palavras, “Deus estava me segurando!”
O melhor tesouro que possuímos é a confiança em Deus e nossa compreensão acerca dEle. Depositar confiança radical em Deus para o atendimento de todas as nossas necessidades nunca nos coloca em perigo, mas sempre abençoa. E individualmente cada um pode sentir a convicção e a certeza que resultam de tal confiança.
Senti muitíssima necessidade de tal certeza quando estava esperando o meu primeiro filho. Não conseguia convencer-me de que as medidas humanas costumeiras — exames médicos, vacinas, etc. — pudessem prover segurança para o meu filho ou para mim mesma, e almejava uma segurança mais elevada. O que eu estava precisando era de uma fé mais firme em Deus. Ficava imaginando o que Jesus teria dito a alguém como eu. Suas palavras em Mateus me deram a resposta: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á.” Mateus 7:7. Eu jamais seria capaz de encontrar Deus se me pusesse a preocupar a respeito de Sua existência; o que eu precisava era buscá-Lo com sinceridade. Que melhor maneira de começar do que pela leitura do livro Ciência e Saúde? Eu o conhecia havia muito tempo, mas pela primeira vez na vida dispus-me a lê-lo com objetividade. Quando concluí a leitura, fiquei tomada da convicção avassaladora de que nunca encontraria segurança nas coisas materiais. A segurança real reside no Espírito, no entendimento de Deus, o Pai-Mãe de todos nós.
Ao tomar a decisão de colocar meu filho e eu mesma nas mãos de Deus e de confiar radicalmente para todas as nossas necessidades em Sua lei, da forma como está revelada na Ciência Cristã, dei-me conta de que isso não era algo que se podia empreender com leviandade; exigia minha rededicação ao Cristo, à Verdade. Tinha de trilhar o melhor que podia pelo caminho que Cristo Jesus ensinou. Esse era o prêmio que eu precisava pagar, mas eu sabia que as retribuições seriam grandes.
Aprendi que quanto maior devoção se empresta a Deus, maiores serão as oportunidades de realizarmos Sua obra, inclusive o trabalho de igreja. Começar o dia com o reconhecimento de que sempre se tem tempo para o bem levantou as restrições impostas pelo tempo, e constatei ser capaz de realizar tudo o que Deus requeria de mim. Fui capaz de desfrutar um pouco mais do reino de Deus à mão.
Estas palavras de Jesus significaram muito para mim: “Ajuntai para vós outros tesouros no céu...; porque onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” 6:20, 21.
Uma grande reviravolta tivera lugar em meu pensamento, e daí por diante minha família vem sendo ricamente abençoada.
Certo é que em alguns casos de apólices de seguro humano recebemos de volta o que aplicamos. De igual modo o amor e a confiança e o serviço que prestamos a Deus não deixam de receber sua recompensa. Mas se quisermos colher os benefícios totais de Sua proteção, precisamos dar prioridade a Deus em todas as coisas. Para liberar a afluência espiritual da bondade ilimitada oriunda de Deus, precisamos ser coerentes em obedecê-Lo, nunca temendo depender da supremacia do Espírito. Só isso pode dar-nos paz de espírito e em verdade assegurar o nosso futuro.
