Aqueles que procuram pelas causas de moléstias alertam cada vez mais para os efeitos prejudiciais das emoções negativas. Médicos fazem advertências contra o nutrirem-se sentimentos de rancor, pesar e desespero. Muitas pessoas tratam de ajudar outros a ficarem livres desses sentimentos usando meios humanitários, às vezes úteis, mas sempre limitados. Alguns poucos métodos populares empregados hoje em dia são até bizarros. Certos grupos que se reúnem no afã de extrair tais sentimentos de seus esconderijos, podem, em verdade, ser danosos.
“Os elementos reprimidos da mente mortal não necessitam de uma detonação terrível para serem libertados”, escreve a Sra. Eddy. “Não é preciso dar temporariamente livre curso à inveja, à rivalidade e ao ódio até que sejam destruídos pelo sofrimento; deveriam ser sufocados por falta de ar e de liberdade.” Miscellaneous Writings, p. 356. A Ciência Cristã oferece uma premissa a partir da qual podemos destruir esses sentimentos, premissa que é a seguinte: as emoções negativas e destrutivas não são legítimas, pois não têm origem, e portanto o homem criado por Deus não as pode nutrir. Deus é Amor, e os salutares sentimentos que vêm do Amor são pelo homem refletidos como expressões naturais. Reconhecendo que o Amor divino é a origem real do homem e é a fonte de todo sentimento genuíno, as pessoas são capazes de excluir os negativos “elementos da mente mortal”. Também verificam que os elementos porventura não excluídos podem ser eliminados pelo mesmo reconhecimento e sem explosões emocionais.
Além disso, a Ciência Cristã mostra que a capacidade de amar é algo muito maior do que apenas nossa própria aptidão humana. É a capacidade que o Amor divino dá ao homem. Tal aptidão é a inata expressão de Deus manifestada pelo homem real, é a capacidade que as pessoas podem cultivar e usar como base para excluir e desfazer todos os outros sentimentos.
Quando achamos ser impossível amar — a nós mesmos, aos outros ou à própria vida — podemos volver-nos ao Amor divino e ter restaurada nossa capacidade de amar. “Toda fé, esperança e oração cristãs, todo desejo devoto,” indica a Sra. Eddy, “pedem virtualmente: Faze-me a imagem e semelhança do Amor divino.” Message to The Mother Church for 1902, p. 6.
Se achamos justificado pôr em dúvida o nosso merecimento de receber amor, podemos volver-nos àquela oração que nos foi dada por Cristo Jesus. O grande apelo a Deus: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores” Mateus 6:12., é assim interpretado espiritualmente pela Sra. Eddy: “E o Amor se reflete em amor.” Ciência e Saúde, p. 17. Nos momentos em que de nossos olhos caem as escamas do autoengano, talvez possamos perceber o egoísmo de alguns dos nossos caminhos e notar o quanto são desprovidos de genuína realização. Veremos que há muito de que nos arrepender. Contudo, é possível abreviar nossa passagem por esta fase necessária ao progresso espiritual, quando honestamente reconhecemos a incapacidade mortal de amar e alinhamos nossos pensamentos e atos com o Amor que se reflete em amor.
O Amor é a substância de toda ação dirigida por Deus; é o impulsionador do ser do homem. “O Amor impele as boas obras” Mis., p. 358., promete nossa Líder, a Sra. Eddy. Aceitando esse impulso como nossa volição e motivação, abandonamos a procura de confortos e vitórias mesquinhas do ego mortal e passamos a servir onde e como o Amor nos guia.
E aí está a prevenção contra grande parte do ódio e do rancor; e a subseqüente culpa e pesar do modo de viver meramente mortal. Impelidos pelo medo, supersolicitados pela ambição egoísta, encontraremos, por fim, a frustração e o fracasso com seus sentimentos desesperadores e angustiantes. Mas, impelidos pelo Amor, empreenderemos tarefas que podem e devem ser feitas.
E caso não tenhamos impedido que se intrometessem sentimentos mortais, ainda assim há um meio — sanador e não explosivo — de nos desvencilharmos desses fatores insalubres. Requer a força da convicção espiritual o afastarmo-nos dos elementos da mente mortal, que estávamos expressando havia, talvez, cinco minutos, e dizer: “Vocês nunca foram minha mente.”
Isto pode soar ilusoriamente simples, ou mesmo simplista. Mas quando começamos a compreender o homem a partir da base bíblica de que ele é, de fato, a imagem e semelhança de Deus, o Amor, então tudo que se move em contrário do Amor carece de legitimidade. Quando permitirmos que o próprio Amor defina e explique o homem, aceitaremos a afeição, o perdão e a compaixão como sentimentos legítimos, e o ciúme, o ódio, o medo, como ilusões sem razão de existir e sem lei para continuar.
De fato, esta é a atividade salvadora do Cristo. E desta atividade salvadora não nos podemos apropriar por meios e métodos puramente humanos, por mais sincera que uma pessoa possa ser em seus desejos de libertar a outra de sentimentos essencialmente pecaminosos e doentios. Qualquer método verdadeiramente útil precisa conter algo da luz do Cristo, que mostra a bondade de Deus e Sua idéia, o homem. Não é necessário dizer que esta atividade crística nunca nos encontrará a proferir boas palavras, ou mesmo a cultivar bons pensamentos, sem relacioná-los com alguma ação.
O modo crístico de pensar e de viver destrói sentimentos produtores de moléstias. E o Cristo, revelando nossa própria consciência verdadeira, habilita-nos a correr o olhar por todos os sentimentos mortais, suas causas e seus efeitos, e a externar esta verdade transformadora: Aí mesmo, em lugar deles, está o amor, a emanação do Amor.
O Senhor é a minha rocha,
a minha cidadela, o meu libertador;
o meu Deus, o meu rochedo em que me refugio;
o meu escudo, a força da minha salvação,
o meu baluarte.
Invoco o Senhor,
digno de ser louvado,
e serei salvo dos meus inimigos.
Salmos 18:2, 3