O anseio de expressar amor é universal, como também o é a capacidade de expressá-lo. Cada um de nós está dotado dos recursos de Deus, o Amor divino infinito, e é capaz de amar com calor e riqueza. Todos podem levar compaixão sanadora às pessoas necessitadas para que sejam verdadeiramente auxiliadas.
No universo de Deus o homem é a verdadeira expressão do Amor. “A identidade é o reflexo do Espírito,” escreve a Sra. Eddy em Ciência e Saúde, “o reflexo em variadíssimas formas do Princípio vivente, o Amor.” Ciência e Saúde, p. 477. A grande maravilha do universo de Deus é a infinidade de Sua manifestação de amor.
Esse fato da Ciência divina pode trazer conforto àqueles que sentem que, pelo fato de não expressarem afeição como os outros o fazem, são deficientes em seu amor pela humanidade como um todo. Conforta também os que talvez duvidem de sua própria capacidade de sentir e expressar afeição, num sentido individual e de modo satisfatório. Pessoas que não se consideram capazes de demonstrar amor como as demais parecem fazer, sentem-se muitas vezes angustiadas por esse motivo.
Perguntas como estas talvez as importunem: Sou deficiente no tocante a sentimentos normais de compaixão e afeto? Sou um misantropo, o que odeia pessoas? Sou indigno de amor e também incapaz de amar? Com essas dúvidas poderá advir um sentimento infeliz de indecisão: Devo evitar o casamento e amizades mais íntimas por temer ser incapaz de dar aos outros a ponto de contentá-los? Devo deixar de ajudar os outros para evitar que eu diga ou faça algo errado tornando as coisas piores, por carência de solicitude genuína e por falta de compreensão?
Tais sentimentos de dúvida tendem a enregelar o afeto humano. Afastam-nos ainda mais das alegrias do companheirismo cheio de calor humano e do amor compartilhado que faz com que o lar seja tão abençoado. Levantam também uma barreira que nos impede de ir ao encontro de pessoas que se sentiriam felizes com a consideração que somos capazes de lhes prestar. Tais sentimentos negativos, porém, não são legítimos. O grande coração do universo é Deus, o Amor divino. Ele criou o homem à Sua semelhança e manifesta Seu amor em todos nós. Nosso amor, portanto, não pode deixar de ser expresso com calor e adequadamente. É nossa dívida para com o criador dar prova disto.
Amar é essencial ao viver e à verdadeira adoração. “Amar a todos, eis a prece pura”, disse o poeta. O poema de Whittier intitulado “Adoração”, do qual constam as palavras acima, é encabeçado pelo seguinte versículo bíblico: “A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo.” Tiago 1:27. E, por, certo, Tiago, autor desse versículo, que dirigiu-se aos seguidores de Cristo Jesus como “amados irmãos”, tinha algo mais elevado em mente do que o estereótipo da visita, impessoal e desprovida de calor humano, do assistente social que freqüentemente e de forma deturpada pensa que sua maior responsabilidade é fazer um relatório em triplicata antes que algo possa ser feito para suprir à necessidade da viúva.
A Sra. Eddy expõe a impropriedade da mera ajuda formal, desprovida do verdadeiro e compassivo interesse, quando escreve: “Se o médico descuidado, a enfermeira, a cozinheira e o brusco homem de negócios que faz uma visita ao doente, soubessem, compadecidos, que estão plantando espinhos no travesseiro dos doentes e daqueles que, com saudades do céu, desviam da terra seu olhar — oh! se o soubessem! — esse conhecimento faria muito mais no sentido de curar os doentes e de preparar os seus assistentes para a ‘chamada da meia noite’, do que todos os gritos de ‘Senhor, Senhor!’ ” Ciência e Saúde, pp. 364–365. Nossa Líder, porém, deixa claro que Deus é Amor e que o homem é a manifestação de Deus. O homem, portanto, em seu verdadeiro ser, irradia com naturalidade o Amor divino que é universal e imparcialmente expresso. E tal fato espiritual deve ser demonstrado humanamente por meio de compaixão e afeto cheios de calor e interesse pelo próximo — e isso conforta e cura.
O ato de expressar cálida afeição não denota fraqueza, mas força, se emanar do genuíno reconhecimento da atividade do Amor divino. “A ternura acompanha toda pujança que o Espírito confere” Ibid., p. 514., escreve a Sra. Eddy. Como a poderosa Fundadora e Líder da Ciência Cristã, ela própria foi mulher de grande força espiritual, que fazia jus ao respeito e à obediência; muitos vizinhos e auxiliares diretos mencionaram, porém, seu terno amor e atenta solicitude com relação ao conforto e bem-estar deles. Acima de tudo, ela deu provas do poder sanador do amor e recomendou que seus seguidores desenvolvessem essas qualidades do coração que lhes possibilitariam confortar os angustiados e remover os temores dos inválidos de modo tão completo que eles seriam curados das incapacidades que estes temores engendram.
A capacidade de sentir e expressar amor não é determinada pela genética ou por circunstâncias do lar ou da educação — apesar de os pais, mediante seus próprios sentimentos e expressão de amor, poderem fazer muito para auxiliar a despertar em seus filhos a consciência do amor de Deus e a alegria de ser a expressão do Amor. Todos nós, em nosso ser real, somos idéias amadas, ou descendentes, de Deus, o Amor divino. À medida que nos tornamos conscientes do amor de Deus por nós, expressamos natural e gradativamente mais amor para com Ele e para com Seu universo. Como claramente nos esclarece uma das epístolas de João: “Nós amamos porque ele nos amou primeiro.” 1 João 4:19. E no processo do despertar de nosso amor por Deus não podemos deixar de encontrar a alegria de amar também Seus filhos.
