Uma dádiva que a Ciência do cristianismo nos oferece, e que é de vital importância para a saúde, é a maneira de nos sentirmos realizados em nossa vida. Realizar-se na terra, mas não com recursos terrenos, é a promessa do viver verdadeiramente cristão.
Anseios materiais insatisfeitos, profundos desapontamentos pessoais, corações feridos, se não forem refutados pela compreensão espiritual, podem se tornar em sementeiras de enfermidades. Cristo, revelando a totalidade de Deus e a plenitude de Sua idéia, o homem, eleva mais as aspirações humanas e torna mais certa a sua consecução. O potencial de realização genuína, com suas bênçãos reunidas para o bem de toda a terra, aumenta na medida em que escutamos o Cristo, a voz de nosso Pai celestial em comunicação conosco.
Cristo Jesus fazia aquelas coisas que agradavam a seu Pai; sabia quais elas eram, pois estava sempre em união com sua própria natureza cristã. E sua vida é o modelo para a vida de todos os cristãos, o exemplo de toda verdadeira realização, de toda concretização substantiva na terra.
Toda vez que há um anseio justo, ele não precisa ser subjugado ou reprimido; nem podemos consentir que seja falsificado ou deixado às soltas numa orgia de prazeres materiais. Anseio legítimo é, em essência, o desejo de ver o reino de Deus realizado na terra.
Se estamos acostumados a pensar em termos de satisfação material, acharemos difícil, de início, encontrar o caminho da verdadeira realização. Os meios materiais oferecem continuamente suas soluções. Muitas pessoas se tornaram escravas do fumo em resposta à propaganda que diz ser o cigarro fonte de satisfação. Outras passaram a usar drogas mais perigosas que prometem tornar realidade o anseio por uma existência diferente. Ainda outras atiraram-se à dependência do álcool, enquanto procuravam nessa droga o relaxamento de tensões. No entanto, quantas dessas pessoas se viram diante de apetites ainda mais descontrolados, de enfado e de apatia mais aguda, e sem desafogo das tensões!
“A Alma é a fonte infinita da felicidade; e somente alegrias mais santas e mais elevadas podem satisfazer aos anseios imortais” Miscellaneous Writings, p. 287., escreve a Sra. Eddy. Seus escritos tornam claro que o homem não é uma criatura insatisfeita, num mundo vazio. Este homem criado por Deus não é o pecador, que sempre erra o alvo da consecução e da realização. Nem é ele o lesado, procurando obter duvidosa satisfação das injustiças terrenas.
Através dos séculos, a vingança vem prometendo satisfação. Um musical norte-americano muito popular, Sweeney Todd, ilustra o resultado natural desse tipo de busca por satisfação. Somos testemunhas do final de Sweeney Todd, e não de sua realização pessoal.
O único modo de desagravar males é o de obedecer à lei cristã enunciada e vivida por Jesus: “Eu vos digo: Amai os vossos inimigos, abençoai os que vos maldizem, fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que maldosamente vos usam e vos perseguem.” Mateus 5:44 (conforme a versão King James).
O perdão científico que raciocina a partir da base de Deus perfeito e homem perfeito, reconhece que no ser espiritual, verdadeiro — no céu da realidade — não existe ofensa, nem mágoa e não há necessidade de se tirar satisfação pelas injustiças que nos foram causadas. A ação desta lei divina não afasta a necessidade de haver restituição nem ignora a abençoada oportunidade de fazer tal restituição. Reconhece que se encontra alhures a satisfação para os que foram injustiçados. A satisfação não provém dos recursos e meios terrenos, nem é adiada até que certas condições materiais sejam atendidas. Isto é verdadeiro tanto para grupos como para indivíduos, instituições e nações. “A vingança é inadmissível” Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 22., escreve a Sra. Eddy no livro-texto da Ciência Cristã. O meio de realização está no perdão.
Podemos ter certeza de que tudo o que seja considerado realizador na experiência individual ou como hábito cultural será purificado e elevado mediante o progresso espiritual. A realização vem pela graça de Deus que nunca deixa de estar acessível onde quer que estejamos, e que nunca deixa de se desdobrar progressivamente. Tempos em mutação não podem limitar as possibilidades do bem a ser gozado na terra em escala ascendente.
Hoje em dia, muitos jovens estão se debatendo com questões que dizem respeito a sua vida: será ela mais enriquecida e será maior sua contribuição à sociedade, se constituírem família ou se seguirem outras carreiras? Na medida em que os casais resolvem essas questões juntos, encontrarão a realização onde esta se encontra — em afeições mais puras. Não dependerão de qualquer circunstância para realizar sua vida, nem haverão de temer que esta se torne estéril e improdutiva, mesmo quando parecer haverem tomado a decisão errada.
Não existe um único caminho humano para se conseguir o maior bem em qualquer área da existência. Mas o Cristo está sempre presente na consciência humana, dizendo-nos qual é a vontade de Deus e como realizá-la na terra. “Sabemos que todas as cousas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus,” diz sempre esta voz cristã, “daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” Romanos 8:28.
Os propósitos de Deus são realizados na terra, mas nunca com recursos terrenos. Discernimos os recursos celestiais com maior clareza à medida que cresce o nosso amor a Deus, à Vida. Este é o caminho da realização progressiva. É o caminho no qual Cristo sempre nos conduz. Podemos confiar nos seus ímpetos espirituais e não ter medo de segui-los. O cristianismo pode realizar muito mais; os cristãos podem levar vida muito mais realizada.