A parábola de Cristo Jesus a respeito das duas casas, uma edificada sobre a areia e que desabou sob pressão, a outra solidamente alicerçada na “rocha” Mateus 7:24. e portanto capaz de agüentar a tormenta, ilustra bem por que alguns casamentos duram e outros se desfazem. Alguns desabam tal qual a primeira casa, porque não foram edificados numa base espiritual segura. Em resposta à pergunta: “Que acha do casamento?” a Sra. Eddy disse: “Ele é muitas vezes conveniente, às vezes agradável, e, de vez em quando, um caso de amor.” Miscellaneous Writings, p. 52. A julgar pela elevada taxa de divórcios em muitos países, podemos dizer que ser “conveniente” ou “agradável” ou mesmo “um caso de amor” não basta para manter o elo do casamento. Realmente, esses são alicerces desprovidos de estabilidade.
Quais são alguns dos fatores que contribuem para um alicerce bem estável? Gratidão é um deles. Podemos ser gratos pelo fato de ser Deus o perfeito criador de tudo, de Seu reflexo individualizado ser completo e íntegro. Por ser o universo regulado pelo Princípio divino, nada de vital ao homem, quer se trate de inteireza, quer de saúde ou de suprimento, pode ser deixado de fora ou estar mal colocado. A Alma expressa, imparcial e eternamente, alegria, amor e contentamento em todos os seus filhos. A Vida divina e sua idéia, o homem, estão se realizando e encontram-se realizados agora, e nenhuma evidência humana pode anular esse fato espiritual.
O reflexo de Deus inclui o espectro total das qualidades espirituais, não só as que são humanamente classificadas como masculinas, mas também aquelas consideradas femininas. A Bíblia registra que nosso Pai-Mãe Deus criou o homem à imagem divina, “homem e mulher” Gênesis 1:27.. A conscientização de que as qualidades que se deseja ter por companhia já estão presentes na consciência e podem ser manifestadas a qualquer hora, abre o caminho à demonstração de inteireza — às vezes na companhia de outra pessoa, às vezes sem outra pessoa. Por certo, aniquila a mentira que diz: “Não consigo entender os homens (ou as mulheres)” ao elevar-nos acima dos estereótipos limitadores de “masculino” e “feminino” até à compreensão mútua e normal, baseada na identidade espiritual.
Isto significa, também, que não precisamos acrescentar nada à nossa identidade; antes, precisamos testemunhar o desdobramento do que já está incluído no reflexo completo de Deus. A Sra. Eddy escreve: “A Ciência Cristã apresenta desdobramento, não acréscimo; não manifesta evolução material da molécula à mente, e sim um transmitir-se da Mente divina ao homem e ao universo.” Ciência e Saúde, p. 68. Nunca devemos acreditar que dependemos de circunstâncias externas para sermos felizes. A experiência é subjetiva; portanto, o melhor meio de trazer à nossa vida determinada e desejada qualidade, quer seja ela gentileza, vigor, ordem, ou qualquer outra, é ver que a identidade procede da totalidade onipresente de Deus, é compreender que Deus expressa continuamente, através do homem, toda qualidade de valor, e demonstrar tais qualidades em nosso pensamento e ações. Expressar as qualidades desejadas é o meio mais seguro de vê-las expressas com relação a nós.
Ao mesmo tempo, precisamos confiar no amor e na sabedoria de Deus a ponto de, prazenteira e completamente, abandonarmos todo delineamento de como o companheirismo deve tomar forma humanamente. Certamente não oramos para sermos transformados de um mortal solteiro num mortal casado (ou vice-versa!), assim como não oramos para sermos mudados de um mortal doente num mortal sadio. Antes pelo contrário, a Ciência Cristã mostra que o homem é eternamente imortal.
Se verdadeiramente nos dedicamos a discernir a inteireza e o companheirismo já estabelecidos por Deus, então podemos descansar na certeza de que um relacionamento humano adequado se revelará no momento oportuno. Talvez sejamos tentados a pensar que há dez anos estamos prontos para isso e que simplesmente ainda não encontramos a pessoa certa; mas se confiantemente afirmarmos que a sabedoria infinita de Deus, e não a sorte, dirige os nossos assuntos, não seremos levados a um relacionamento vitalício, como o casamento, até que tenhamos demonstrado o que se faz necessário para torná-lo a bênção que deve ser. Lemos em Tiago: “Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes.” Tiago 1:4.
Se dermos atenção a uma série de sugestões, seremos induzidos a não confiar em Deus. Talvez esta sugestão lhe seja familiar: “Eu devia dizer ‘sim’ agora, porque não sei quando me pedirão a mão outra vez.” O pânico a ocupar o lugar da calma e da obediência confiante. Ou: “Ninguém se casaria comigo. Sou muito —(tímido, mandão, franco, etc.)”, como se algum traço de caráter humano temporário que precisamos superar pudesse obstruir a expressão da bondade eterna. Ou ainda: “Sei que é a pessoa certa, mas por que o meu amor não é correspondido?” Voluntariosidade sem recompensa a obscurecer a atividade do Amor divino, cujo reflexo nunca deixa de amar ou de ser amado. É maravilhosa a provisão divina concernente à Sua idéia, e quanto mais cedo deixarmos de tentar alterar a situação humanamente, e confiantemente passarmos a escutar a orientação de Deus, tanto mais cedo nos conscientizaremos de nossa perfeição permanente e veremos essa perfeição manifestar-se em circunstâncias humanas melhoradas.
Quer estejamos casados quer não, importa conscientizarmo-nos de que ter um cônjuge, inda que este seja humanamente a pessoa de nossos sonhos, não nos resolverá os problemas, não fará a vida mudar por completo, nem nos tornará continuamente felizes. Nossa felicidade, nossa alegria, nossa realização e nossa ajuda procedem da única fonte verdadeira desses elementos: de Deus, a Mente divina e suprema que sabe, forma e governa tudo. Não é científico nem proveitoso (para não dizer injusto para com o cônjuge) identificá-lo como a resposta a todas as nossas necessidades. O melhor caminho para fortificar o relacionamento com nosso par é estabelecer na consciência o nosso próprio inseparável e inabalável relacionamento com Deus e reconhecer, igualmente, o do nosso companheiro.
É preciso perguntarmo-nos: “Amo meu cônjuge pelas qualidades espirituais e eternas que expressa de maneira singular ou minha atração por ele, ou ela, baseia-se em fatores temporais, tais como o seu aspecto, status, riqueza, ou função específica?” Muitos casamentos ruíram quando a esposa passou a trabalhar fora de casa. Isso talvez indique que o marido tenha baseado seu casamento no papel temporário da esposa como “dona-de-casa ou mãe”, em vez de basear a união na fusão de qualidades eternas, como inteligência e atividade cheia de propósito.
Neste ponto, é essencia! a humildade: o reconhecimento de que há um só Ego divino, não dois egos humanos; que existe uma só Mente infinita e toda harmoniosa que supre a sabedoria para tomarmos decisões sadias e designarmos encargos específicos: uma Mente que dirige toda atividade, que faz jorrar continuamente a substância que sustenta e o amor que enriquece e unifica cada família. A humildade livra-nos não só de papéis estereotipados, mas também da dependência egoísta, exigente e pegajosa, bem como do falso sentido de responsabilidade.
Além de sermos gratos, confiantes e humildes, também devemos acalentar e nutrir o conceito de compromisso mesclado com dedicação. Podemos saber que honrar um voto de afeto constante e leal só pode enriquecer-nos o caráter porque tal afeição tem parte no divino. Ser leal a uma instituição que encoraja a pureza e a virtude, fortalece-nos a compreensão de pureza e de bondade e eleva ainda mais nossa demonstração desses atributos divinos.
Construir uma base sadia para o casamento é tal qual lançar um alicerce sadio para toda a nossa vida. Se basearmos nossa existência na perfeição eterna de Deus e na compreensão de que Deus é o todo-sábio arquiteto do ser, habitaremos uma “casa” perfeitamente segura, casa mental que é bela, completa e motivo de plena satisfação, na qual necessariamente está incluído o tipo de companheirismo humano que está certo para cada um de nós.