Em toda reunião de testemunhos das quartas-feiras em uma Igreja de Cristo, Cientista, é dada à congregação a oportunidade de oferecer testemunho do poder sanador da Ciência Cristã. Algumas pessoas respondem espontaneamente. Outras parecem incapazes de articular em palavras sua profunda gratidão.
Talvez algumas delas venham à reunião movidas pela intenção de dizer “Obrigado, Deus”, mas acabam fazendo o papel deste personagem: “... sempre que pensava estar na hora de começar,/Ele não podia por causa do estado em que se encontrava.” A. A. Milne, Now We Are Six (Nova Iorque: E. P. Dutton, 1961), p. 38.
Mas essa versão falseia as capacidades do homem. A Mente perfeita, Deus, criou o homem para manifestar a liberdade divina.
O ser espiritual é a única identidade do homem, a verdadeira identidade de cada um de nós. Como idéias de Deus, existimos para expressar a espontaneidade da Alma, a abnegação do Amor, a criatividade da Vida. O primeiro capítulo do Gênesis consubstancia o que foi dito; depois de haver Deus criado o homem à Sua imagem, abençoou-o e lhe disse: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra ...” Gênesis 1:28. Deus, então, proporcionou ao homem todas as ervas que dão semente. Está aí uma metáfora que poderia representar a atividade autoperpetuante de Deus, a qual prepara o homem para obedecer aos mandamentos de Deus. A discussão desse versículo bíblico, em Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy, está flanqueada pelo índice marginal “Ajuda fraternal” (ver p. 518).
As seleções lidas do pastor dual (a Bíblia, e Ciência e Saúde por Mary Baker Eddy) reafirmam a totalidade e atualidade de Deus e Sua criação perfeita e a demonstrável falta de poder do mal. Os testemunhos confirmam a eficácia da Verdade quando aplicada compreensivamente aos problemas humanos. Algum ouvinte pode vir a responder a um testemunho inspirado e relatar como sua própria cura ocorreu. Outro ouvinte levanta-se para aumentar a onda de gratidão, e assim por diante. Deste modo, o compartilhar de experiências abençoa a congregação com provas recentes da atividade redentora de Deus hoje em dia.
Quem poderá avaliar os efeitos desse evento coletivo? Coletivo, sim, como de fato deve ser! Cada um na congregação contribui com uma qualidade particular para enriquecer a reunião, qualidade essa não medida em termos de erudição, de aparência pessoal ou de habilidade de desenvolver e projetar o pensamento. Sempre que uma criança, um estudante do ginásio ou da faculdade, um homem ou uma mulher de negócios, um pai ou um aposentado capta a verdade de que Deus supre pensamentos corretos e o meio de expressá-los, a semente da gratidão se perpetua por meio de testemunhos que documentam a cura.
Quando nosso desejo primordial é o de, por meio de nosso falar, dar testemunho do poder curativo do Amor, mesmo umas poucas palavras O louvarão. Sempre vou me lembrar daquele motorista de táxi que, numa de nossas reuniões das quartas-feiras, levantou-se logo depois que o Leitor abriu o espaço. Nada de frases sonoras, nenhum intento de impressionar. Apenas genuíno apreço, na sua primeira reunião de testemunhos, pelo privilégio de tomar parte num encontro religioso devotado à cura.
E o que fazer quando pensamos não achar as palavras certas depois de ter levantado para falar? Podemos confiar em que Deus, por meio das “ervas que dão semente”, comunicará os pensamentos corretos e a habilidade de expressá-los da melhor maneira. Se o coração está disposto, as palavras serão impelidas pelo Cristo. A sinceridade permite à semente da Verdade explicar a si mesma. “De boas palavras transborda o meu coração”, diz o Salmista, “... a minha língua é como a pena de habilidoso escritor.” Salmos 45:1.
O verdadeiro estado do homem é o de domínio, e podemos demonstrar essa liberdade liberando a generosidade que há em nós. A artemísia exala suave fragrância após uma chuva. A graça de dar varre embora os sedimentos do sentido pessoal que nos faria calar quando o sentido espiritual nos sussurra “Fale!” O compartilhar abnegado afirma a liberdade inerente no homem e nega argumentos tais como: “Não estou preparado”; “Na semana que vem eu falo”; ou: “Quem poderia falar depois do Sr. Fulano?”
O homem verdadeiro não é um mortal egocêntrico, despreparado ou protelador. Em verdade, nem é um mortal. O homem, a semelhança de Deus, não tem que lutar para expressar-se. A semente de Deus, dentro de si mesma, supre vigor, liberdade e clareza. Aplicando essas verdades e dando voz à nossa sincera gratidão, provamos não estar motivados quer pelo medo à crítica pessoal quer pela busca da admiração.
Podemos vencer a passividade, caso esta tente bloquear a atividade de apoio por parte da congregação nas quartas-feiras à noite. Cristo Jesus disse: “De graça recebestes, de graça dai.” Mateus 10:8. Reter o bem é uma tendência da mente mortal — um estado mesmérico de não-fazernada. Por ignorar a liberdade da Vida e a semente frutífera que expressa vivacidade, tal suposta mente é insensível à atividade repleta de alegria.
Sonolência, insensibilidade, pouca disposição de partilhar — nenhum desses traços falsos pode reprimir a gratidão quando, em oração, confiamos na Alma para libertar o pensamento à expressão isenta de medo. Falando em Deus, a Sra. Eddy assegura-nos:
O revel hás de amarrar,
Peito cruel, ferir,
E a justiça, tão alvar,
Do homem, sacudir.Hinário da Ciência Cristã, n° 304.
A gratidão penetra tempo e espaço, e apressa o milênio destinado a revelar a harmonia universal. Que incentivo para liberar a gratidão contida!
