Quando pequena, eu gostava muito de uma canção intitulada “Tostões celestiais”, porque me fazia imaginar uma chuva de moedas. Tudo o que eu faria, seria apanhá-las e assim iria ter todas as coisas que se fizessem necessárias.
Ainda criança tive uma experiência com a qual aprendi que nosso verdadeiro suprimento, apesar de não ser o daqueles tostões caídos do céu pelos quais eu almejava, é ainda mais jubilosamente abundante e que esta verdade pode ser comprovada.
Logo após o falecimento de meu pai, a renda de nossa família não correspondia às despesas. Certa ocasião, não havia dinheiro sequer para comprar comida. Passei o dia inteiro preocupada. Cada vez que pressionava minha mãe por uma solução, ela respondia com uma afirmação deste tipo: “Deus supre a todas as nossas necessidades.” Em nenhum momento durante o dia consegui que ela determinasse o que iríamos fazer humanamente. Quase tudo o que disse eram afirmações da Verdade — da absoluta plenitude, ou inteireza, do homem como idéia espiritual de Deus.
À noite um parente veio buscar-nos para fazermos as compras. Lá fomos nós, minha mãe totalmente apoiada na convicção de que nossas necessidades seriam supridas por Deus. No caminho paramos brevemente para visitar outro parente. Em momento algum mencionou-se a nossa falta de recursos. Quando estávamos saindo, na realidade, quando já havíamos dado a ré até a rua, este parente fez-nos sinal e gritou: “Esperem um minuto.” Correu para dentro de casa e voltou com dinheiro que deu à minha mãe em pagamento de um serviço anteriormente feito. A quantia mais do que supriu às nossas necessidades imediatas.
Desde então, nunca mais aceitei a crença generalizada de que o suprimento humano depende necessariamente de circunstâncias materiais. Reconheci que a abundância divina pode ser demonstrada por meio do sentido espiritual — ou seja, por meio da percepção, pelo menos em certo grau, da absoluta totalidade de Deus e da plenitude do homem como reflexo de Deus. A natureza infinita e inexaurível do verdadeiro suprimento, ou substância, pode ser comprovada na vida de todos mediante a iluminação da consciência humana individual. Começamos por vislumbrar a verdade de que Deus, o bem, é literalmente Tudo e que, como Sua exata imagem e semelhança, o homem inclui, por herança, todo o bem. A infinidade é a medida do ser, ou substância, do homem.
O erro sugere que somos mortais, presos a um meio ambiente material e sujeitos a circunstâncias sobre as quais não temos controle. Essa sugestão persistente, ou crença da mente mortal, não é verdadeira. O homem é sempre a expressão espiritual de Deus, e nEle habita. Não pode haver um único instante em que Deus e o homem, Sua idéia infinita, estejam separados. Conseqüentemente, não pode haver um só momento em que o homem esteja separado de sua inteireza.
Em The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany Mary Baker Eddy escreve com convicção: “Inteiramente à parte desse sonho mortal, dessa ilusão e desse engano dos sentidos, a Ciência Cristã vem revelar que o homem é a imagem de Deus, Sua idéia, coexistente com Ele — Deus dando tudo, e o homem tendo tudo o que Deus dá.” Miscellany, p. 5. À proporção que separamos do sonho da existência mortal a verdadeira consciência, vemo-nos como Deus nos criou, absolutamente espirituais e completos, de nada carecendo. A limitação não tem origem na Mente divina, a única Mente verdadeira. Conseqüentemente, a limitação carece de validade. É simplesmente uma fase da crença errônea de que somos mortais e que dependemos da matéria para nosso suprimento. Temos autoridade divina para inverter essas mentiras com o fato espiritual e, desta forma, demonstrá-lo.
No ambiente econômico depressivo de hoje, com seu desemprego e receitas reduzidas, podemos afirmar que o homem é o filho de Deus, que, portanto, ele não está sujeito a leis humanas de oferta e procura. Os indicadores econômicos poderão subir ou baixar; eles não exercem influência sobre Deus e Suas idéias. A atividade e afluência da Mente divina não podem ser circunscritas a condições materiais nem tampouco podem ser medidas ou definidas por métodos materiais. Por ser Deus infinito, não há limite para Seu poder, Sua autoridade e Seus recursos. E o homem é a manifestação infinita de Deus.
Examinemos a palavra “infinito”. Algumas definições dizem: “não sujeito a nenhuma limitação ou determinação externa”, “imensurável ou inconcebivelmente grande”, “o que excede ou ultrapassa qualquer valor por maior que seja”. Que verdade maravilhosa! O ser real e espiritual do homem é infinito, totalmente livre da carência e da limitação, isento de crer nelas!
As bênçãos do ser ilimitado são nossas para demonstrar aqui e agora. Começamos por reivindicar e claramente compreender nosso relacionamento com Deus, o criador e provedor de todas as Suas idéias. Lemos em Miscellany: “Ficai certos de que Ele, em quem habita toda vida, saúde e santidade, suprirá a todas as vossas necessidades, segundo a Sua riqueza em glória.” Ibid., p. 186. A necessidade humana básica não é nunca de algo material; ao contrário, é de mais profunda compreensão de Deus e do homem, Seu reflexo incircunscrito. Nossas necessidades são atendidas mediante a contemplação, em espírito de oração, e do emprego, das verdades espirituais.
É importante que nos esforcemos para não perder de vista o status espiritual do homem. A mente mortal assevera constantemente à consciência humana o sentido falso, material, da existência com suas pretensões de carência, e isto produz temor, dúvida e desânimo. Se damos ouvidos ao erro, passamos a contar nossos tostões ao invés de nos regozijarmos com a abundância de nossa riqueza espiritual. Nosso verdadeiro suprimento não é um cheque de pagamento nem qualquer outra forma de renda material. É, isto sim, o suprimento de verdades espirituais que constantemente penetram na consciência. Acalentando-as, começamos a ver a nós mesmos como os receptores espirituais do infindável bem de Deus. Essa visão elevada acerca da fonte espiritual de nosso suprimento evidencia-se naturalmente em nossa experiência humana e constatamos que todas as nossas necessidades ficam supridas.
Eliseu forneceu magnífico exemplo de como utilizar a compreensão espiritual para suprir às necessidades. No incidente da viúva cujo escasso suprimento consistia de uma vasilha de azeite, Eliseu, com sua percepção espiritual, deve ter visto muito além da situação humana. E passou a dar instruções específicas à mulher.
Primeiro, disse-lhe para pedir emprestadas vasilhas vazias e foi específico: “Não poucas.” 2 Reis 4:3. Não estaria ele conduzindo a mulher a esvaziar o pensamento da crença em limitação e preparar-se para imensa abundância? A seguir, disse-lhe para fechar a porta sobre si e os filhos. Ela precisava expulsar as crenças metediças de carência e limitação, provenientes da crença falsa mais básica de que o suprimento é material. Por fim, Eliseu disse-lhe que enchesse as vasilhas com o óleo que já possuía. No livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy, “óleo” está assim definido: “Consagração; caridade; doçura; oração; inspiração celestial.” Ciência e Saúde, p. 592. A mulher precisava usar toda a compreensão acerca de Deus, o bem, que ela já possuía e confiar em Sua infinita provisão enchendo com seu óleo as demais vasilhas. Graças a haver observado fielmente as instruções do profeta, as necessidades humanas da viúva foram supridas rápida e abundantemente.
Os episódios em que Cristo Jesus alimentou as cinco e ás quatro mil pessoas foram, sem dúvida alguma, demonstrações inigualáveis da natureza ilimitada do verdadeiro suprimento e de sua disponibilidade no momento presente.
Também nós podemos superar as sugestões limitadoras da mente mortal ao alicerçarmos o pensamento firmemente no Espírito e nos fatos espirituais do ser. Isto significa recusar-se resolutamente a dar ouvidos ao erro e habitar continuamente na consciência de Deus.
Uma palavra freqüentemente associada ao suprimento humano é “economia”, a qual tem sua origem nas palavras gregas que significam “administração” e “casa”. Sob o ponto de vista científico, a economia pela qual somos responsáveis é a da administração de nossa “casa”, ou consciência, o que nem sempre é trabalho fácil! Com freqüência a mente mortal usa métodos que parecem ter muita autoridade, inundando o pensamento com análises e estatísticas econômicas negativas. As pretensões do erro nunca são, porém, autênticas. Somos sempre os herdeiros do Espírito, Deus, e possuímos uma herança espiritual e rica aqui e agora e sempre. O reconhecimento de nossa dimensão espiritual ilimitável como filhos e filhas de Deus anula o erro, libertando-nos do temor e da dúvida.
Onde quer que pareça haver falta de suprimento, ao invés de ficarmos atemorizados e nos queixarmos da economia, podemos desafiar e inverter imediatamente esse falso sentido de limitação e seus efeitos. O que compreendemos da imensidão de Deus e do ser ilimitado do homem como Sua expressão descerra para nós a visão da infinidade. O pensamento toca o divino, vislumbrando o ser ilimitado do homem como filho do Único infinito.