Seria você um pouco tímido em falar na verdade com outras pessoas? Acharia que, se tentasse partilhar as boas novas do amor de Deus pelo homem, enfrentaria ceticismo e rejeição pessoal? Eu costumava achar que assim era.
Mesmo depois de tornar-me estudante da Ciência Cristã, passei anos guardando-a mais ou menos para mim. Estudava com dedicação a lição-sermão, do Livrete trimestral da Ciência Cristã, ia à igreja e usufruía das bênçãos que brotam da Verdade e do Amor divinos. Mas hesitava em falar na verdade com outros. Hesitava em deixar minha luz brilhar.
Quando me conscientizei mais de minha identidade verdadeira como idéia espiritual de Deus, passei a ver que eu era o representante da Divindade — da Vida, da Verdade e do Amor — que era, mesmo, o agente de Deus. Como tal, eu existia para evidenciar meu Princípio. O fato de que o homem é a própria expressão de Deus, da Mente única, tornou-se realidade para mim.
Essa visão esclarecida mudou de todo a minha atitude. Como era bom perceber que Deus Se manifesta por meio de Sua idéia, o homem. Isso dizia respeito a mim, ao meu ser real. Assim, deixar minha luz brilhar no dia-a-dia da vida, em palavras e em ação, era ceder a Deus, era dar prova da Vida, da Verdade e do Amor. E deixamos nossa luz brilhar quando nos ocupamos em expressar as qualidades de Deus.
Cada um de nós pode ser a clara transparência da Verdade. Cada um pode ser, de maneira singular, um mensageiro do Amor, refletindo a luz da Luz. Falar com outros, de forma prática, na bondade e na presença de Deus quando divinamente impelidos, é obedecer a nosso Princípio, o Amor, cuja ação abençoa e cura.
A cada manhã, em nossa cidadezinha, as pessoas vão ao correio para apanhar a correspondência. De tempos em tempos, encontrava me lá com certo homem de negócios e conversávamos um pouco. Certa manhã, notei que ele estava muito perturbado e com dores. Quando lhe perguntei, respondeu que teria de submeter-se a uma cirurgia para remover um tumor no cérebro.
Quando dei por mim, estava acorrendo com palavras de conforto. Contei-lhe como eu e vários membros de minha família evitáramos uma operação por volver-nos a Deus. Assegurei-lhe que Deus o amava e que era capaz de abençoá-lo e de cuidar dele.
Numa cidade pequena, as novidades sobre as pessoas circulam. Eu ouvira dizer que ele estava tendo problemas nos negócios, além do problema físico. Senti-me impelido a repetir-lhe que todas as coisas são possíveis para Deus; que ambos os problemas podiam ser resolvidos por meio da oração. Ele ouviu-me em silêncio e então, balançando a cabeça em assentimento, agradeceu-me.
Não voltei a vê-lo por vários anos. Quando tornamos a nos encontrar, perguntou-me se me recordava de nossa conversa sobre o tumor no cérebro e aí comentou: “Não me lembro do que você disse, mas lembro-me claramente de como me falou. Ajudou-me muito.... Nunca fui operado, pois o problema desvaneceu-se.” Também comentou que presentemente estava num negócio novo e bem sucedido, em outra cidade.
Não alego ter curado meu amigo. Mas quero ressaltar que a cura e o ajustamento ocorridos em sua vida, deram-se porque Deus é a Mente verdadeira de todos. Deus é o Espírito sanador. Sua é a inteligência que é suprema, até mesmo na experiência humana. Minhas palavras haviam-lhe transmitido um pouco dessas verdades. A Sra. Eddy nos diz em Ciência e Saúde: “Dize a verdade a toda forma de erro.” Ciência e Saúde, p. 418.
Cristo Jesus nunca hesitou em falar no amor do Pai por Seus filhos. Também disse: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas, pelo contrário terá a luz da vida.” João 8:12. Jesus é o Guia de todos os cristãos. Se desejamos segui-lo, igualar seu exemplo, também nós temos de deixar a luz da Vida, da Verdade e do Amor brilhar.
Jesus era “a luz do mundo” no sentido de que estava manifestando o Cristo, a Verdade. A Ciência Cristã mostra que o Cristo é a verdadeira idéia de Deus, trazendo a radiância da compreensão espiritual. Essa luz dirige e ilumina o caminho de cada pessoa, quando esta procura representar seu Princípio divino. Foi essa luz que guiou e sustentou Jesus enquanto ele representava, de forma tão fiel, o Pai, o Princípio criativo, para toda a humanidade. É a luz do Cristo que nos guia e sustenta a todos.
Jesus também salientou a seus seguidores: “Vós sois a luz do mundo.... Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.” Mateus 5:14, 16.
Quando falamos na verdade com outra pessoa, comunicamos a Palavra de Deus, como ordenado pelo Próprio Pai. Deixamos nossa luz brilhar. Nisso há uma bênção. Ninguém deveria recusar uma bênção. Ninguém deveria desviar-se do bem.
Declaramos a realidade espiritual porque é a realidade. Falamos a fim de despertar em outros a consciência e o apreço pelo que já está presente com todos nós. Apelamos à natureza espiritual de outros, sua verdadeira consciência, que é o reflexo do divino. A consciência infinita e divina é a única consciência ou Mente que de fato existe. E podemos estar certos de que a resposta às nossas palavras terá sido impelida pela Mente, pelo próprio Amor.
Encontramos a seguinte jóia na Bíblia: “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo.” Prov. 25:11. É sábio não procurar raciocinar pelo outro. É sábio também falar apenas a seu tempo, ou seja, quando é evidente que a pessoa precisa da verdade e quando somos impelidos por Deus a partilhá-la. Então não nos intrometemos. Quando falamos conforme o Amor nos move, não nos faltará tato e nossas palavras estarão carregadas de convicção.
Ao partilharmos a Palavra de Deus, só encontraremos oposição se crermos que haja muitas mentes, que o homem seja mortal e que tenha mente e vontade próprias com as quais resistir à Verdade. Se virmos os outros como possuidores de uma mente independente e obstinada, erigiremos resistência em nosso próprio pensamento e, em geral, colheremos os resultados de nosso modo de pensar errôneo. É nos possível eliminar a oposição reconhecendo a totalidade e unicidade da Mente e reivindicando que esta é a Mente do homem, a sua e a minha consciência verdadeira.
Ciência e Saúde nota: “Milhões de mentalidades sem preconceitos — que com simplicidade procuram a Verdade, viandantes fatigados, sedentos no deserto — aguardam, atentos, o repouso e o refrigério. Dá-lhes um copo de água fresca em nome de Cristo, e nunca receies as conseqüências.” Ciência e Saúde, p. 570.
Dar este “copo de água fresca” é a atividade do próprio Amor em nós, atendendo à necessidade de outrem. Refletindo o Cristo de Deus, podemos deixar a luz preciosa do Cristo brilhar para a glória de Deus. Partilhamos o ouro de uma “palavra dita a seu tempo” com aqueles que dela precisam.
