Através da compreensão vivida com lealdade, podemos conhecer a Deus o suficiente para comprovar, em certa medida, que Ele é Tudo-em-tudo. Precisamos compreender Deus com o coração, se quisermos demonstrá-Lo. Compreender com o coração é conscientizar-se da própria presença de Deus, conhecê-Lo com total segurança.
Deus é Princípio divino. O Princípio divino é palpitante, e não meramente abstrato. O Princípio divino é o Ser Supremo, a Vida eterna do homem ideal de Deus, nossa verdadeira identidade. O Princípio é Amor, a fonte fundamental e causa imediata de todo o ser verdadeiro.
Recebemos a compreensão acerca de Deus e do homem no seio de nossas afeições ao nos movermos de acordo com as exigências morais e espirituais do ensinamento cristão. E à medida que assim agimos, ser bons e fazer o bem torna-se nosso mais elevado prazer. Na proporção em que reverenciamos o Princípio como nossa única Vida, Amor, Verdade, Mente, Espírito e Alma, nascemos de novo espiritualmente e atestamos nosso verdadeiro eu eterno como o do homem criado à semelhança de Deus.
Tem de haver, porém, dedicação sem reservas, a fim de que o discípulo cristão compreenda plenamente e demonstre infalivelmente o que Deus é, e o que isso significa em termos de obras de cura espiritual. Quando um indivíduo perguntou a Cristo Jesus o que deveria fazer para herdar a vida eterna, Jesus retrucou-lhe com outra pergunta, e aprovou-lhe a resposta: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e amarás o teu próximo como a ti mesmo.” Lucas 10:27.
Ainda assim, Jesus sem dúvida sabia que cada um progrediria gradativamente, a seu próprio ritmo. Afinal, preparar alunos para levar avante sua obra, fazia parte de seu ministério. Em seu esforço por cultivar a compreensão espiritual, dirigia seus ensinamentos diretamente ao coração dos ouvintes.
Quando os discípulos lhe perguntaram por que falava às pessoas em parábolas, Jesus disse: “Porque o coração deste povo está endurecido, de mau grado ouviram com os seus ouvidos, e fecharam os seus olhos; para não suceder que vejam com os olhos, ouçam com os ouvidos, entendam com o coração, se convertam e sejam por mim curados. Bem-aventurados, porém, os vossos olhos, porque vêem; e os vossos ouvidos, porque ouvem.” Mateus 13:15, 16.
O Mestre passou a abrir os ouvidos dos discípulos, para ouvirem a parábola que lhes despertara essa pergunta que lhe haviam feito. E ele interpretou para eles a história do semeador que semeara boa semente em diferentes qualidades de solo. A versão de Lucas diz que Jesus denominou a semente “a palavra de Deus”. De suas explicações acerca dos tipos de solo, podemos deduzir que a variedade deles representa a diversidade de caracteres daqueles que recebiam a palavra. Concluiu que a semente encontrava solo fértil naqueles que “tendo ouvido de bom e reto coração, [retinham] a palavra [a versão de Mateus diz “e a compreende” Mateus 13:23.]; estes frutificam com perseverança.” Lucas 8:15.
Alguns dos que ouviram Jesus naquele dia, realizaram depois obras notáveis. Ao verem seus olhos as obras do Mestre e seus ouvidos ou virem-lhe as palavras, o entendimento deles aumentava e passaram a demonstrar os ensinamentos de Jesus em elevado grau. Após haverem testemunhado a ressurreição do Mestre e sua ascensão, foram vivificados, e seus corações ficaram de tal modo plenos de compreensão, que puderam livremente demonstrar a cura cristã para si e para outros.
O Cristo, a idéia divina que Jesus exemplificou, é eternamente enviado por Deus para despertar a fé e a compreensão, e para nutrir a demonstração. A mensagem do evangelho, com raízes na integridade e na bondade de cada seguidor individual, está plenamente capacitada para trazer múltiplos frutos. E o Espírito Santo, a Ciência divina ou Consolador que vivificou os primeiros discípulos, está amplamente disponível hoje por meio da Ciência Cristã para animar-nos a compreender espiritualmente o Princípio divino do verdadeiro cristianismo.
Quem quer que siga sinceramente os ensinamentos da Ciência Cristã, pode despertar para ver, ouvir e compreender algo daquilo que a Sra. Eddy, quem descobriu e fundou esta Ciência, viu, ouviu e compreendeu quando foi movida pelo Espírito Santo. Explica ela: “A mão divina conduziu-me a um novo mundo de luz e Vida, um novo universo — velho para Deus, porém novo para um de Seus ‘pequeninos’.”
E acrescenta: “Tornou-se evidente que só a Mente divina tinha que responder e ser reconhecida como a Vida, ou o Princípio, de todo o ser; e que temos de reconciliar-nos com Deus, se quisermos estar em paz. Deus tem de ser nosso Deus de fato, guiando cada um de nossos pensamentos e ações; do contrário não poderemos compreender suficientemente a onipresença do bem para demonstrar, sequer em parte, a Ciência da Mente perfeita e da cura divina.” Retrospecção e Introspecção, pp. 27–28.
Pode parecer necessário um enorme esforço humano para despertar do sonho vão de um sentido material de identidade. A Ciência Cristã, porém, rompe o mesmerismo de crermos que não podemos despertar ou que não compreendemos a Deus o suficiente para demonstrar Sua Ciência.
No despertar espiritual, modificam-se nossas perspectivas. O sentido material de haver identidade em separado de Deus aparece como o engano que é. O sentido espiritual revela a compreensão, não laboriosamente acumulada, mas divinamente refletida pelo homem. Essa compreensão espiritual é uma dádiva do Princípio oniativo, a Vida. Em Ciência e Saúde a Sra. Eddy diz: “A compreensão espiritual revela a Mente — a Vida, a Verdade e o Amor — e demonstra o sentido divino, dando a prova espiritual do universo na Ciência Cristã.
“Essa compreensão não é intelectual, não é o resultado de conhecimentos eruditos; é a realidade de todas as coisas trazida à luz.” Ciência e Saúde, p. 505.
Tudo quanto precisamos compreender a fim de demonstrar a verdade do Princípio divino, a qual cura e salva, está já incluído na Mente, e acha-se dotado da faculdade de expressão. Disse o Salmista: “Grande é o Senhor nosso, e mui poderoso; o seu entendimento não se pode medir.” Salmos 147:5.
Para abranger uma compreensão infinita, seria necessário um coração infinito. E no coração infinito do Princípio — o Amor — o homem espiritual é muito querido e é a única identidade que jamais alguém possa ter. Quem for honesto em admiti-lo, e bom porque o está vivendo, pode provar que o coração compreensivo do Princípio divino se reflete em toda parte. Para esse indivíduo, o mundo se renova a cada momento, palpitante de esperança e iluminado de promessas. Sendo o Princípio primordial em suas afeições, a cura espiritual e a regeneração se multiplicam livremente em sua experiência, dissolvendo a ilusão de haver resistência ou oposicão à Verdade. Conclui que, em última análise, a revelação do Princípio divino sempre reside na compreensão, e jamais permanece estéril.
Passo a passo, pela oração e pela prática devotada de Ciência Cristã, podemos todos compreender que temos um coração compreensivo. E, tendo-o, podemos demonstrar com liberdade um Princípio que entendemos.
 
    
