No dia em que nos mudamos para nossa nova casa, pouco antes do Natal, a nova amiga e ajudante que arranjamos comentou que sempre quisera fazer uma reunião para cantar melodias natalinas, mas não tinha piano. Vendo o nosso, disse: “Por que vocês não fazem uma reunião dessas?” Eu via muitas razões para não fazer. Afora o piano, tínhamos poucos móveis. Não conhecíamos ninguém no novo país, para convidar. Nossos recursos eram limitados. Ainda assim, aceitamos a sugestão e convidamos amigos dela. Improvisamos bancos, pondo cobertores sobre tábuas. Tivemos uma noite das mais felizes, partilhando a alegria do Cristo.
Quantas vezes pensamos que temos de adiar o bem? Quantas vezes choramos a perda do bem em nossas vidas? Estamos acaso estacionados, a ponto de desistir por acharmos que não sabemos o suficiente sobre Deus e sobre a oração, para ser curados? A Ciência Cristã nos assegura que nossa natureza real como expressão do Amor divino pode ser reconhecida e demonstrada agora mesmo.
Podemos fazer como o mercador que, na parábola de Cristo Jesus, “negocia e procura boas pérolas; e tendo achado uma pérola de grande valor, vendeu tudo o que possuía, e a comprou” Mateus 13:45, 46.. Essa pérola é a Ciência Cristã, que transmite a compreensão científica da realidade espiritual, inclusive o reconhecimento de que somos os filhos queridos de Deus, reflexos do Amor divino, do Amor vivo. A Sra. Eddy escreve: “A Ciência Cristã é não só o ápice da Ciência, mas também a coroa do cristianismo. É universal. Atrai o homem como homem; ao todo, e não a uma parte; ao homem física, bem como espiritualmente, e a toda a humanidade.” Mais adiante, escreve ainda: “... sim, é a pérola de valor inestimável de que nosso Mestre falou, dizendo que, se um homem a encontra, vai e vende tudo o que tem e a compra.” Miscellaneous Writings, pp. 252-253.
Damos o primeiro passo quando procuramos, com sinceridade, meios de viver como a manifestação do Amor. Expressar o Amor é o propósito que Deus nos transmite. O amor altruísta para com nosso próximo é o trabalho que Deus nos ordena fazer e que traz consigo a habilidade de Deus, de cumprir Seu propósito para o homem. Abandonando o medo e a dúvida, confiamos no Amor, acima de tudo. Abandonando um sentido humano de capacidade pessoal, reivindicamos a habilidade de Deus, acima de tudo. Abandonando qualquer noção de fraqueza física, aceitamos, acima de tudo, a força sempre presente da totalidade do Espírito. Desse modo, vendemos tudo e compramos a “pérola de grande valor”. Daí, não só nossas próprias necessidades são atendidas, mas também as daqueles que nos pedem ajuda e precisam de cura.
Ao progredirmos no bem, também veremos o progresso dos outros. Acaso ficamos comparando nosso progresso com o deles, achando que vamos mais depressa ou mais devagar? Ficamos tentados a achar que as circunstâncias das quais temos de escapar são melhores ou piores que as de outros? Invejamos as realizações de outrem e menosprezamos as nossas? Tais sentimentos atrapalham nosso crescimento espiritual. Ceder a eles é como jogar no chão nossas próprias pérolas e pisoteá-las. Jesus disse também: “... nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com os pés, e, voltando-se, vos dilaceram.” Mateus 7:6. Sim, questionar a imparcialidade e universalidade do Amor divino fecha os nossos olhos, a nossa receptividade, ao todo-poder do Amor, pois duvidar em dada situação pode indicar dúvida em todas as situações. Apreciar o mínimo do bem em nossa experiência e na de outros, sem um toque de orgulho ou de inveja, amplia nossa percepção deste bem.
Uma praticista da Ciência Cristã disse-me certa vez que eu seria meu pior inimigo sempre que duvidasse do desdobramento progressivo do bem. Eu tinha muito medo ao ridículo e um grande complexo de inferioridade. Quando comecei a lecionar, achava que outras pessoas estavam sempre me vigiando e julgando. O tempo gasto imaginando o que outros pensavam a meu respeito, era perdido e egoísta. Vi que podia aproveitar melhor meu tempo melhorando o meu trabalho e a mim mesma, percebendo que tinha, por reflexo, todas as qualidades divinas e a capacidade de utilizá-las ao máximo, a todo instante. Tinha de ver e apreciar essas qualidades expressas por Deus em mim e em outros. Sem saber, estivera pisando em minha própria pérola, bem como na dos demais. A situação na escola e em casa melhorou, quando recusei não só deixar-me enganar por crenças discordantes em um ser mortal e pessoal, mas também reagir a elas. Fiquei mais feliz ao procurar, e encontrar, a pérola da semelhança divina refletida em mim e em outros. E as demais pessoas também ficaram mais contentes.
Quando cultivamos qualidades de amor altruísta como honestidade e humildade, podemos contar com progresso. Talvez não vejamos os frutos na primavera, mas sabemos que aparecerão na época da colheita. Se reviramos a terra para ver se uma semente está crescendo, só atrapalhamos seu crescimento. É melhor ter a confiança de que ela cumprirá seu propósito. Da mesma maneira, alegremo-nos em continuar pacientemente a fazer o melhor possível, a confiar em que o propósito do Amor divino está se desdobrando para nós e para toda a humanidade, elevando-a e regenerando-a, e a regozijar-nos com isso. Assim acalentamos e protegemos nossa pérola de compreensão espiritual.
Como a terra produz os seus renovos,
e como o jardim faz brotar
o que nele se semeia,
assim o Senhor Deus fará brotar
a justiça e o louvor
perante todas as nações.
Isaías 61:11
