Como você se considera, um fracasso ou um sucesso?
A resposta dependerá de sua definição de sucesso. Acaso será sucesso obter uma posição de honra e um régio salário? Dirigir um carro que faz as pessoas voltarem-se para olhá-lo, ou comprar a casa dos seus sonhos?
Ainda que a afluência e o prestígio possam, às vezes, acompanhar o sucesso, se a pessoa crer que, em grande parte, o sucesso depende de símbolos materiais, correrá o risco de ficar frustrada. Definir o sucesso pelo sentido competitivo e limitador de chegar ao topo da pirâmide, relegaria a maior parcela da humanidade ao fracasso ou à mediocridade.
Alcançar posição ilustre poderá ser uma expectativa que nem todos desejam; como poderemos, então, medir nosso progresso? É útil considerar aqui o que a Bíblia e os ensinamentos da Ciência Cristã têm a dizer sobre o propósito da vida.
Pouco antes de sua crucificação, Cristo Jesus declarou: “Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade.” João 18:37.
Em seu pronunciamento na Message to The Mother Church for 1902 Mary Baker Eddy escreve: “Viver e deixar viver, sem clamar por distinção ou reconhecimento; esperar no Amor divino; escrever a verdade primeiro na tábua de nosso próprio coração — eis a razão e a perfeição de viver e meu ideal humano.” '02., p. 2. Não há, nessas declarações, coisa alguma sobre riqueza ou classe social e, no entanto, quão bem sucedida é a pessoa cuja vida diária expressa esse ideal!
Mesmo que fossem, de repente, despejadas sobre nós fama e fortuna, só obteríamos o verdadeiro sucesso pela nossa própria demonstração gradual e persistente do propósito espiritual. Sucesso real caracteriza-se por uma atitude — uma qualidade do ser — não por dinheiro ou reconhecimento. Tem menos a ver com o tipo de trabalho que desempenhamos do que com a maneira pela qual o fazemos.
Que o sucesso é uma condição de caráter, em vez de o resultado de empreendimentos materiais, ficou confirmado na vida de muitas figuras bíblicas bem conhecidas. Por exemplo, no início de sua carreira, José sofreu reveses que poderiam levar outras pessoas a renderem-se ao fracasso. José, porém, não dependia de dinheiro ou de prestígio para definir sua posição. Seu caráter exemplar e seu amor a Deus tornaram-lhe inevitável o sucesso, quer ocupasse uma posição honrosa ou estivesse numa cela de prisão. Quando prisioneiro, José não ficou esperando por uma audiência com o faraó para ter a oportunidade de sair-se bem. Foi recebido pelo faraó porque já era um sucesso, devido à sua obediência a Deus. Seu amor a Deus não dependia do clima sócio-político à sua volta. O domínio espiritual que lhe adveio desse amor, deu-lhe estatura muito superior à dos que ocupavam posições sociais mais elevadas.
Davi também foi provado em ambientes humildes antes de avançar e chegar à liderança. Não estava meramente passando o tempo no campo de seu pai, esperando para usar seus talentos quando alguma oportunidade espetacular aparecesse, pois já usava desses talentos da melhor forma ali mesmo onde estava, desenvolvendo suas aptidões de músico e pastor de ovelhas.
Cristo Jesus também provou sua eficácia como um trabalhador, antes de tornar-se o centro da atenção pública como o Messias. A Sra. Eddy, falando na importância da espiritualidade em cada faceta da vida do Mestre, escreve: “Essa idéia espiritual, ou Cristo, permeou as minúcias da vida do Jesus pessoal. Fê-lo um homem honesto, um bom carpinteiro e um bom homem, antes de torná-lo o glorificado.” Miscellaneous Writings, p. 166.
Esses exemplos mostram que sucesso em pequenas coisas é prérequisito para se obter domínio em responsabilidades maiores. O próprio Jesus transmitiu esse pensamento na parábola dos talentos, ao mencionar o homem que disse a um servo obediente: “Foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei.” Mateus 25:21.
Deveríamos, então, tentar fazer o melhor possível hoje só para receber alguma recompensa futura? Longe disso! Tal motivo revelaria má compreensão das Escrituras. Jesus aconselhou seus discípulos a não se preocuparem com quem dentre eles era o maior. Disse: “Pois qual é maior: quem está à mesa, ou quem serve? Porventura não é quem está à mesa? Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve.” Lucas 22:27. Isso não significa que nosso objetivo deve ser servir porque os servos são os maiores. Jesus estava desviando nossa atenção da questão de grandeza pessoal. Ser grande — seja servindo ou liderando — não é o objetivo de um cristão. A meta do cristão é a bondade, a semelhança a Deus.
Aqueles que procuravam o Cristo apenas pelos pães e peixes — os benefícios materiais extras — foram abertamente repreendidos por Jesus Ver João 6:26–59., cuja vida indica que, para ele, sucesso significava cumprir o plano de seu Pai, quer disso resultassem escárnio ou convite para jantar com os ricos. Nunca se preocupava em procurar grandeza humana, nem tornou-se um homem rico. No entanto, quem teve impacto maior sobre o mundo ou foi melhor sucedido no desempenho de sua missão do que Jesus? Mesmo a crucificação foi transformada em triunfo sem paralelo, por sua ressurreição e ascensão. Por que sua vida foi um sucesso tão grande? Porque fazia a vontade do Pai, em vez de procurar a aprovação de uma sociedade materialista e frívola. E o fazia não só em ocasiões religiosas especiais ou durante momentos de crise pessoal, mas a cada instante, dia após dia, quer estivesse passeando ou pagando impostos. Como é que nossa vida pode ser verdadeiramente bem sucedida? Da mesma maneira: fazendo a vontade do Pai, a toda hora.
Haverá algum momento em que não tenhamos oportunidade de experimentar o sucesso? Pensemos nisso: em tudo o que fazemos, desde varrer o chão até falar às multidões, temos escolha entre fazêlo o melhor possível ou de forma medíocre. Podemos realizar tarefas como se fôssemos mortais independentes, recorrendo a nossas próprias habilidades e entusiasmo limitados, ou podemos agir como imortais, criados e mantidos pelo Espírito, refletindo a habilidade ilimitada do único criador.
Para sentir a satisfação e o contentamento íntimos, pelos quais a maioria das pessoas anseia, temos de nos esforçar para desempenhar, tanto as tarefas grandes quanto as pequenas, da melhor maneira possível. Ao invés de ser uma luta competitiva para avanço pessoal, essa atividade é um reconhecimento calmo e animado da excelência que caracteriza a natureza real de cada um de nós como filho de Deus.
Disso podemos concluir corretamente que comungar com Deus na vida diária é ser um sucesso. Terminar o dia sem ter cedido ao desânimo, à autocomiseração, à raiva, à procrastinação ou a outro traço não divino, é ser um sucesso. Iluminar o dia de outra pessoa com um sorriso franco ou uma palavra gentil é ser um sucesso. Ver a nós e aos demais como a imagem perfeita do ser de Deus, e não como um mortal falho, é ser um sucesso.
Por que tais coisas são consideradas sucesso? Porque expressam, em certo grau, nossa identidade verdadeira como filhos de Deus. Como o fato cristão e científico é o de que somos criados à imagem de Deus, negligenciar a expressão de qualidades divinas significaria fracasso; enquanto que a manifestação ativa dessas qualidades significa sucesso em realizar nosso potencial individual — e ser realmente nós mesmos — ao máximo. Essa tarefa, conquanto exija muito, torna-se mais fácil quando percebemos que nossa identidade verdadeira como reflexo divino nos capacita a dar provas de nossa habilidade ilimitada de fazer bem todas as coisas.
À medida que nossos objetivos se elevam da busca de fins materialistas para a realização dos meios crísticos, nossa definição de sucesso passa a ter significado mais profundo. Torna-se algo mais do que mera medida mortal de comparações de riqueza e realizações. Torna-se atitude de pensamento, meio de vida, permeando de tal modo nossa consciência que toda a nossa vida é transformada e purificada. Tal sucesso nos une ao Cristo sanador e não se configura naquela pirâmide que poria a grande maioria das pessoas na base. Esse sucesso nasce do Amor universal e, portanto, está disponível para todos, em toda parte.
 
    
