Existe um anseio, no fundo do coração, por algo mais consistente do que o brilho e o encanto que o mundo nos oferece. Provavelmente, a maioria de nós, em algum momento da vida, teve esse sentimento, talvez mesmo com certa freqüência. Contudo, será que soube identificar o que é esse anseio, e o que realmente lhe significaria ter tal anseio satisfeito?
Não seria que o que realmente desejamos é a santidade, a bondade pura e a exultação espiritual que provém de sentirmo-nos próximos a Deus? Em meio à experiência humana, onde meramente chegar às metas mais almejadas nem sempre traz consigo a satisfação esperada, e onde a existência está às vezes rodeada pelas mais tristes circunstâncias, permanece no íntimo de cada indivíduo uma espiritualidade fundamental, que não passará eternamente despercebida. E por mais que tenhamos sido iludidos (ou inundados) por sugestões e pelas supostas evidências de que a vida é material, limitada, fútil ou mortal, nosso sentido espiritual continua a persuadir-nos de que há algo maior que a existência mortal. Essa grandeza reside na santidade e na paz, o fruto de descobrir que nossa vida está em Deus, em unidade com o Espírito divino, aqui e agora. A beleza da santidade está à nossa disposição neste momento. Não precisa ser relegada à vida no além.
Uma vez reconhecido o anseio de nosso coração como realmente o anseio por estar próximos a Deus, demos um passo importante de avanço. Pois, como o diz Mary Baker Eddy em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “Sabemos que o desejo de santidade é requisito para obter santidade ....” Ciência e Saúde, p. 11.
O Salvador, Cristo Jesus, foi certa vez procurado por um homem rico, o qual evidentemente ansiava por algo que lhe proporcionasse satisfação mais permanente do que a recebida dos bens já adquiridos. Ao ver Jesus, o homem correu “ao seu encontro e, ajoelhando-se, perguntou-lhe: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?”
Jesus respondeu apontando as leis morais que Moisés dera ao povo havia muitos séculos: “Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, não defraudarás ninguém, honra a teu pai e a tua mãe.”
O homem referiu a Jesus que na realidade sempre obedecera a esses mandamentos. Lemos na Bíblia: “Jesus, fitando-o, o amou e disse: Só uma cousa te falta: Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; então vem, e segue-me.”
A narrativa do Novo Testamento relata, do homem, que “ele, porém, contrariado com esta palavra, retirou-se triste, porque era dono de muitas propriedades” Ver Marcos 10:17–22..
Seria a duradoura mensagem do Mestre para nós o pedido de que cada um deveria literalmente “vender” tudo? Ou seria essa lição uma penetrante recomendação aos seus discípulos, para estarem dispostos a desfazer-se da materialidade e a devotar a vida a Deus, com amor e afeto pelos outros, como Jesus mesmo havia feito?
A declaração citada anteriormente, de Ciência e Saúde, sobre o desejo de santidade, concorda perfeitamente com o próprio ensinamento do Mestre. A frase completa, no livro-texto da Ciência CristãChristian Science (kris’tiann sai’ennss), diz: “Sabemos que o desejo de santidade é requisito para obter santidade; mas se desejarmos a santidade acima de tudo, sacrificaremos tudo por ela.”
Podemos dar começo a esse sacrifício com a oração de petição a Deus para que nossa vida seja guiada pela Sua vontade, e não por ambições egoístas. Podemos esforçar-nos para pôr nossos motivos de acordo com aspirações espirituais, para substituir as metas que só dizem respeito a nossa própria pessoa, por ideais mais puros e amor altruísta. Podemos desfazer-nos do apego a objetos materiais como meras possessões pessoais altamente desejáveis, e, ao invés, começar a ter maior apreço pelas qualidades de beleza, harmonia, alegria, integridade e outras, das quais há tantas provas ao nosso redor. As qualidades espirituais são, na realidade, abundantes, e estão expressas por todas as idéias de Deus. Nunca se derivam da matéria, nem se confinam à posse e ao controle de uma minoria privilegiada.
Ao continuarmos com os esforços de confiar cada vez mais em Deus, e menos na matéria, descobriremos que nosso verdadeiro eu sempre esteve em unidade com Deus. Na verdade, cada um de nós é a própria expressão do Amor, o reflexo ilimitado do Espírito. E quanta liberdade se obtém ao demonstrar-se a verdade! Ciência e Saúde afirma este fato: “O ser é santidade, harmonia, imortalidade. Já está provado que um conhecimento disso, ainda que em pequeno grau, elevará a norma física e moral dos mortais, aumentará a longevidade, purificará e elevará o caráter.” Ciência e Saúde, p. 492.
Quando desejarmos a santidade e vivermos de modo digno de recebê-la, não só seremos nós abençoados, mas o mundo inteiro verá o resplendor de vidas tocadas e renovadas pela ação redentora do Cristo, a Verdade. Cantou o Salmista: “Confia no Senhor e faze o bem; habita na terra e alimenta-te da verdade. Agrada-te do Senhor, e ele satisfará aos desejos do teu coração.” Salmos 37:3, 4.
