Poderíamos ser mais simples e, no entanto, mais profundos ao comemorar a Páscoa? Sim. Existe um meio: aprender e provar que o Cristo está conosco aqui, agora mesmo.
Os cristãos acreditam que a ressurreição de Cristo Jesus deu prova da vida eterna. Deste ponto de vista resulta cura, porque a crença na imortalidade aprimora, de inumeráveis formas, a qualidade da sociedade, aliviando, pelo menos um pouco, o medo à mortalidade e a mesquinharia que o acompanha.
Contudo, mais de uma vez Jesus animou todos os que acreditavam nele a realmente o seguirem na demonstração da vida eterna. A Bíblia registra-o em linguagem simples e direta. Eis um exemplo: “Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á: quem perder a vida por minha causa, esse a salvará.” Lucas 9:23, 24. Seguir tais diretrizes é verdadeiramente algo profundo.
A Ciência CristãChristian Science (kris´tiann sai´ennss) mostra como seguir Jesus de maneira racional, sistemática e eficiente. A prática da Ciência Cristã revela os sinais da abnegação de si próprio e do ganho espiritual que demarcam a estrada para o reino do céu. A Ciência explica como fazer ambas as coisas, desprender-se do eu mortal e salvar-se a si mesmo. Nada existe de místico ou abstrato nesta prática do cristianismo. Mas, é preciso aceitar continuamente que as qualidades crísticas de amor, pureza, inteligência espiritual, originadas em Deus, são os elementos de nossa verdadeira identidade, e é preciso rejeitar completamente quaisquer qualidades negativas que ocultariam o homem criado por Deus. A vitória de Jesus sobre a morte ilustra que a onipotência de Deus sustenta toda essa regeneração.
A ressurreição é, por certo, um sinal central, vivo, que temos de seguir. E a Ciência Cristã oferece, sem qualquer mistério ou incerteza, uma explicação espiritualmente lógica da ressurreição que satisfaz a todo aquele que a põe à prova em sua própria vida. Jesus provou, com sua vitória sobre a morte, que a mortalidade baseia-se na crença de que a vida é material, é um amontoado finito de dores e prazeres sensuais. E o reaparecimento de Jesus na carne, por breve período de tempo, após ele levantar-se do túmulo, mostrou também que a vitória sobre a matéria traz à luz progressivamente, sob formas visíveis e tangíveis, a individualidade verdadeira, espiritual, do homem. Auto-sacrifício científico e maior espiritualidade não nos transformam em fantasmas ou seres inexistentes! Nem negam, de fato, significação válida a qualquer aspecto digno da vida humana.
A própria morte, então, é apenas um estágio da falsa crença em que a vida seja material, crença que muito se assemelha a um sonho. Portanto, comemoramos a Páscoa mais profundamente quando despertamos, agora mesmo, para a presença eterna da Vida divina, nossa Vida, nosso Deus, a presença eterna evidenciada na prova, que o Mestre deu, de que o homem tem filiação imortal. Penetramos a crença da morte na proporção em que aceitamos e seguimos o que Jesus mostrou-nos: que a matéria é apenas um espectro da consciência errônea. Deus é a única Vida do homem, verdadeiramente tão presente aqui e agora como o brilho do sol num dia sem nuvens. Conquanto nossa demonstração plena da Vida divina faça-se mais lentamente e de modo menos dramático que a de Jesus, ainda assim participamos da ressurreição ao nos despirmos do materialismo, a começar com as formas mais grosseiras de egoísmo que nos sobrecarregam e nos cegam.
Quando rejeitamos conscientemente a matéria como padrão de vida e de amor, capacitamo-nos a ver o significado espiritual dos Dez Mandamentos e a nos moldar por eles, esforçamo-nos continuamente para viver as qualidades cristãs ressaltadas no Sermão do Monte, oramos pela purificação interior que revela nossa espiritualidade inata como filhos e filhas de Deus. Mediante tais esforços, e pela oração silenciosa, o Cristo, a Verdade, desperta-nos aqui e agora, realizando nossos desejos de conhecer Deus e o homem a quem Deus criou. Deste modo, a luz crística da Páscoa diz-nos suavemente que estamos satisfeitos em ser as idéias completas de Deus: harmoniosos, obedientes, contentes, na compreensão da totalidade da Vida.
Durante o percurso todo da Páscoa temos a vida de Jesus por ensino e encorajamento. A Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, Mary Baker Eddy, escreve: “Nosso Mestre provou para Tomé, o discípulo incrédulo, que a morte não destrói as crenças da carne. Também, demonstrou que somente a Ciência divina é capaz de superar a materialidade e a mortalidade, e comprovou esta grande verdade por sua ascensão após a morte, por meio da qual ele se ergueu acima da ilusão da matéria.” Miscellaneous Writings, p. 28.
É de grande ajuda ver que a ascensão de Jesus é mais um sinal vivo à nossa disposição na mesma estrada para o céu. O Salvador apareceu sob forma corpórea aos seus discípulos após a ressurreição, mas dentro de pouco desapareceu da vista deles. Contudo, a verdadeira identidade de Cristo Jesus não foi a parte alguma, nem realmente desapareceu para o sentido espiritual. O que sumiu foi apenas o véu da carne, a crença temporária de mente na matéria. A subseqüente obra de cura realizada pelos seguidores de Jesus provou que eles viam, até certo ponto, que o Cristo permanecia com eles. Haviam aprendido a confiar no sentido espiritual.
Num culto de Páscoa a Sra. Eddy relatou que após sua cura de ferimentos graves devidos a uma queda, cura essa obtida mediante oração apenas, uma mulher lhe perguntou: “Como é que a Senhora nos foi restituída? O Cristo retornou à terra?” A Sra. Eddy replicou: “Cristo nunca a deixou; o Cristo é a Verdade, e a Verdade sempre está aqui: o Salvador impessoal.” Ibid., p. 180.
É correto e científico conscientizar-se de que a ressurreição e a ascensão provaram que o céu está aqui, neste momento, embora seja compreensível e visível apenas àqueles que rejeitam na matéria a base da realidade. A Sra. Eddy escreve: “Como o homem real está ligado pela Ciência ao seu Criador, os mortais só precisam volver-se do pecado e perder de vista o eu mortal para acharem o Cristo, o homem real e sua relação com Deus, e para reconhecerem a filiação divina.” Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 316. O Cristo, apresentando a verdadeira identidade do homem, revelou-se na vida de Jesus como presente, real e definido, a expressão espiritualmente tangível de Deus, a Vida eterna, nosso próprio e verdadeiro Pai-Mãe.
Algumas pessoas presumem que rejeitar a matéria é rejeitar a criação de Deus e rejeitar Deus como Redentor da humanidade. Contudo, a ressurreição e a ascensão de Jesus, juntas, oferecem autoridade incontestável para o estabelecimento da irrealidade da matéria. As últimas palavras de Jesus, tais como foram registradas por Mateus, são: “Eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” Mateus 28:20. Não estava Jesus referindo-se à sua individualidade real, ao Cristo, que ele provou achar-se conosco sempre, até ao fim de toda crença na matéria? Em outras palavras, Cristo, a divina manifestação de Deus, não se vai nem se foi, e o advento do Cristo esteve, até certo ponto, sempre disponível para aquele que enxerga além da matéria. Somente nossa crença individual num Deus corpóreo e num homem feito de carne é que nos impede de ver que o Cristo está conosco sempre. Esta verdade da presença divina encontra-se no âmago da descoberta da Ciência do Cristo, realizada pela Sra. Eddy, e é a base para se provar a irrealidade do pecado, da doença e da morte.
A epístola aos hebreus afirma: “Assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação.” Hebreus 9:28. Poderíamos dizer, para os que procuram a vida imortal no Espírito, Cristo aparecerá aqui e agora sem carne. Este é o caminho da salvação, o caminho para o céu, a realidade divina, a vereda ao longo da qual conscientizamo-nos da presença do Cristo.
A Páscoa é uma época para provar mais profundamente do que nunca que o Cristo, a idéia espiritual de Deus com respeito à verdadeira condição do homem, à nossa identidade real, nunca se foi. Perceber esta verdade vem a elevar-nos para o que realmente somos.
 
    
