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Dois mundos ou um?

Da edição de abril de 1985 dO Arauto da Ciência Cristã


Muitas pessoas religiosas — cristãs e outras — acreditam em que há dois mundos: um céu e uma terra materialmente definida. Um é o reino de Deus, o outro é o lugar de habitação dos mortais. No céu, há felicidade perfeita; na terra, todo tipo de tribulação; e é preciso escapar da terra a fim de entrar no céu.

A Ciência Cristã aceita sem reservas esta declaração, feita bem no início do Evangelho de João: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.... Todas as cousas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez.” João 1:1, 3. Como não há criação senão aquela que Deus fez, não pode haver outro mundo além do Seu.

A evidência material contradiz isto; porém a evidência material é enganosa e não reflete os fatos espirituais. Durante séculos as pessoas acreditaram que viviam numa terra plana. No devido tempo descobriu-se que a terra era redonda. Isto não significa que, a partir daquele momento, os homens deixaram de viver numa terra plana e começaram a viver numa terra redonda. Nunca haviam vivido numa terra plana.

Os mortais talvez acreditem que o homem vive num corpo material e num universo limitado, mortal. Talvez anseiem por escapar e chegar a um estado mais espiritual, até mesmo perfeito. Mas o homem não vive, e nunca viveu, em outro lugar que não na presença de Deus. Cristo Jesus compreendeu-o e o provou. Assim a Sra. Eddy diz, a respeito do homem, em Ciência e Saúde: “Ele é senhor da crença de haver terra e céu e está subordinado unicamente a seu Criador. Eis aí a Ciência do ser.” Ciência e Saúde, p. 518.

O bem que conhecemos nesta experiência humana é semelhante à luz do dia sob um céu nebuloso. Não tem o brilho de um dia ensolarado, mas, mesmo assim, tem sua origem no sol. Da mesma forma, a verdadeira bondade que observamos humanamente não é o brilho do céu; no entanto, sua origem é divina. É o sinal de Emanuel, “Deus conosco”. Nossa demonstração de bondade no presente não é uma espécie diferente de bondade, separada de Deus, mas é a bondade de Deus parcialmente obscurecida pelas nuvens do sentido pessoal. Laboramos em erro quando acreditamos que “terra” e “céu” são entidades separadas, mundos diferentes. Falando acerca da visão de João relatada no livro do Apocalipse, a Sra. Eddy escreve: “Esse testemunho das Sagradas Escrituras sustenta o fato, na Ciência, de que os céus e a terra são espirituais para uma certa consciência humana, aquela consciência que Deus outorga, ao passo que para outra, isto é, a mente humana não iluminada, a visão é material. Isso mostra de modo inequívoco, que aquilo que a mente humana chama matéria e espírito indica estados e fases de consciência.” Ibid., p. 573.

Num certo sentido, o mundo do homem é o reino dos céus dentro nele. Se não o fosse, a cura espiritual seria uma impossibilidade. Não precisamos escapar da “terra” para o “céu” a fim de obter a cura. Quando, junto à sarça ardente, Moisés aproximou-se da revelação do Ser divino, ficou claro para ele que o lugar onde estava era terra santa.

Portanto, o genuíno bem do qual estamos conscientes neste exato momento baseia-se em fundamentos espirituais, pois é a evidência da Alma, não a do sentido pessoal. Confiar nisto significa começar a compreender a Vida, a Verdade e o Amor sempre presentes.

Entretanto, é preciso não negligenciarmos o dever de enfrentar os argumentos da limitação humana com os fatos do verdadeiro ser. Podemos afirmar que a vida que vivemos aqui e agora não está restringida a setenta anos, nem depende do organismo físico; o fato é que a verdadeira Vida do homem é eterna, indestrutível. A verdade espiritual que conhecemos aqui e agora não depende da evidência material nem é percebida pelos sentidos físicos; é a expressão da Verdade divina e é, portanto, imutável e demonstrável. O amor puro que sentimos aqui e agora não se origina numa personalidade humana, mas é, em certo grau, a emanação do Amor divino, que é puro, prático e ilimitado.

Além do mais, a substância real do homem não está sujeita a decadência nem a danos, porque é o reflexo do Espírito divino. Nossa saúde não está agora, em realidade, à mercê de leis materiais, porque está apoiada pela lei da Mente divina. Nossa identidade real não está vinculada a sorte, mas é determinada e sustentada pelo Princípio divino e é, portanto, plena de significado, e é inviolável. Nossa verdadeira felicidade atual não depende de personalidades, posses ou circunstâncias materiais; é a harmonia consciente, derivada da Alma.

Armados deste conhecimento, podemos enfrentar e superar os desafios da vida diária, com confiança e alegria cada vez maiores. A nenhum temor de sermos incapazes, a nenhuma relutância egoísta de enfrentarmos as necessidades do mundo será possível tentar-nos a ficar ocultos na mera contemplação das verdades espirituais. O amor, a paciência, a inteligência, a coragem, o vigor e, até mesmo, a compreensão espiritual, que são nossos, não podem ser inadequados para enfrentar as exigências de Deus. Estas qualidades não nos pertencem pessoalmente, mas originam-se em Deus. Como pode o bem dentro em nós deixar de dar frutos quando é, na realidade, o reflexo do Amor infinito?

Cristo Jesus ordenou-nos: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” Marcos 16:15.; e, como outro evangelista expõe: “À medida que seguirdes, pregai que está próximo o reino dos céus.” Mateus 10:7. Percebendo em cada raio de luz da verdadeira bondade a evidência do que é divino, a manifestação do céu, apreciamos o caráter humano, em vez de o depreciarmos; temos prazer em tudo o que é belo na natureza e na arte; desfrutamos as delícias do lazer sadio; respeitamos tudo o que reflete a fomentação de pesquisas nas ciências naturais; fazemos uso de invenções modernas válidas. Além disso, ficamos à vontade na companhia daquelas pessoas cujos hábitos sociais diferem dos nossos, porque sabemos que todas as manifestações de bondade, bom humor, generosidade e compaixão que elas expressam provêm da mesma fonte divina que origina as nossas. Podemos compartilhar livremente o desejo, por Deus inspirado, de examinar, junto com pessoas de religiões diferentes, a natureza e o significado do bem. Tornamo-nos generosos — na maneira em que a isso formos conduzidos como indivíduos — em apoiar atividades humanitárias. Qualquer evidência genuína de que o homem expressa o amor de Deus pelo homem, e não lhe passa de largo, é digna de nosso apoio.

Porque a Ciência Cristã revela a unidade do céu e da terra, isto não significa que encoraje a ingenuidade. Quanto mais forte a luz do sol, mais facilmente definidas ficam as sombras. Na proporção em que compreendermos e demonstrarmos a infinidade do bem, veremos o nada de seu oposto. À medida que nos afastamos de um sentido pessoal do bem e identificamos como o bem somente aquilo que é de Deus, superamos um sentido pessoal do mal e nunca identificamos o mal com o homem. Deste modo, aprendemos como obedecer às demais palavras de Jesus: “Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de graça recebestes, de graça dai.” Mateus 10:8.

Tudo o que é celestial tem seu lugar adequado na terra; tudo o que não é celestial não tem lugar nenhum. Na medida em que obtivermos a compreensão de que não existem dois mundos, mas somente um, descobriremos que o céu não é algo para se aguardar e, sim, algo para se buscar e demonstrar — aqui e agora, na terra.

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