Há alguns anos atrás, conheci uma jovem que me disse algo que eu nunca esqueci e que me ajudou a solucionar vários problemas, desde então.
Naquela época eu estava no primeiro ano da faculdade e minha vida social podia ser tudo, menos feliz. Havia situações e pessoas que eu gostaria fossem diferentes. Tendo sido Cientista Cristã durante toda a minha vida, eu me apoiava na Ciência para resolver alguns poucos problemas físicos, porém nunca antes havia enfrentado problemas de relacionamento pessoal tão desafiadores. Nessa ocasião, eu tinha pensamentos que se baseavam exclusivamente num ponto de vista mortal e material das coisas.
Minha nova amiga (que já havia feito o Curso Primário de Ciência Cristã) ouviu meu relato aborrecido e, então, me disse simplesmente: “Se você quer que as coisas aconteçam, deve elevar-se ao nível onde essas coisas estão acontecendo.” Essa afirmação funcionou como se me acendessem uma luz e percebi que era a resposta completa a meu problema. Apreendendo a verdade subjacente a essa declaração, comecei a orar humilde e espontaneamente, partindo de uma base espiritual, para resolver minha dificuldade — exatamente como eu faria para curar um mal físico.
Eu tinha um bom conhecimento dos ensinamentos básicos da Ciência divina, tal como são apresentados no livro Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy. Assim, comecei a estudar mais profundamente as lições bíblicas contidas no Livrete trimestral da Ciência Cristã e passei a rejeitar toda sugestão adversa que se me apresentasse, substituindo-a pela sua contrafação, que eu sabia existir na única Mente divina. Lembro-me da grande elevação que tive ao reconhecer, com regozijo, o fato de que o verdadeiro companheirismo assenta na constante unidade do homem com Deus. Este versículo do livro de Salmos veio ao meu pensamento: “Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra delícias perpetuamente.” Salmos 16:11. Houve outras passagens muito inspirativas, da Bíblia e de Ciência e Saúde, que vieram de encontro à minha necessidade e me auxiliaram bastante. Pude perceber que estava na direção certa e em solo sagrado, tal a sensação de paz que se apossou de mim.
Eu estava descobrindo, ao menos em parte, minha verdadeira identidade como homem, a idéia espiritual de Deus — feliz e contente. Eu estava percebendo que não era um mortal tímido, emotivo, introvertido e triste, mas a completa, ilustre e admirável filha de Deus. E, como tal, tinha uma herança preciosa e não havia nada que me pudesse fazer sentir acanhada ou magoada. Na verdade, eu não tinha de conseguir coisa alguma nem de mudar nada. Minha vida consistia apenas em expressar e glorificar Deus. À medida que eu compreendia essas verdades espirituais, toda a minha postura em relação à vida parecia progredir espiritualmente em grandes saltos. Percebi que, em última análise, havia somente um único nível de pensamento, que era o reino espiritual do real, ou a vida em Deus. Em realidade, nunca existira um nível mortal e, conseqüentemente, eu nunca tinha sido envolvida numa situação infeliz. Aos olhos de Deus, como Sua filha perfeita, eu já me encontrava no nível espiritual — o nível do pensamento correto — o tempo todo. Eu só tinha de reconhecer e compreender esse fato e desfrutar dele. E, desnecessário é dizer, um propósito e um ideal de vida mais elevados começaram a emergir.
Ao fazer um retrospecto, percebo que esse foi um marco — um momento realmente decisivo em minha vida. E nos períodos de adversidade continuo a lembrar que devo volver-me do sentido mortal das coisas para o único nível espiritual da consciência outorgada por Deus, onde apenas coisas corretas e boas estão acontecendo continuamente. À medida que adquiria esse ponto de vista espiritual, passei a ver mais continuamente todas as coisas e todos, inclusive a minha própria pessoa, em seu estado real — com as vestes da divindade.
Devo acrescentar que não demorou muito para que relacionamentos gratificantes surgissem em minha vida. Passei a me sentir mais à vontade com os outros e a amá-los mais. Um agudo senso crítico, que me havia toldado o verdadeiro sentido de felicidade, cedeu a uma perspectiva mais compassiva em relação a meus colegas. Passei a entender melhor o sentido das seguintes palavras da Sra. Eddy: “Só a divindade soluciona o problema da humanidade e ela o faz no momento determinado por Deus.” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 306.
Ao orarmos, partindo da realidade espiritual da Mente única, mantendo nosso pensamento voltado apenas para as idéias puras dessa Mente, ficamos a sós com Deus. Regozijando-nos nesse relacionamento sagrado de Pai e filho, podemos resolver, com sucesso, qualquer problema com que nos estejamos defrontando. Quando desejamos verdadeiramente estar na companhia de Deus, quaisquer pensamentos egotistas, ou de desejos humanos preestabelecidos, desaparecem. O motivo subjacente é sempre conhecer mais acerca de Deus e servi-Lo o melhor que podemos, a todo instante.
Ao refletirmos a consciência divina, em conformidade com o Cristo puro, perceberemos o que realmente está acontecendo. Em medida crescente, despertaremos para o reconhecimento do universo ativo da Mente que se revela constantemente. Descobriremos que não é um sentido de vida descolorido, distante, hipotético ou abstrato, mas sim a atividade dinâmica e gloriosa de todas as idéias corretas, expressada em nossa experiência diária, sob a forma de harmonia, alegria, paz, perspicácia, força, saúde — e, acima de tudo, amor. Constataremos que nosso ser verdadeiro está transformado.
Manter continuamente o pensamento crístico no reino verdadeiro do pensar correto onde, como disse minha amiga, as “coisas estão acontecendo” — exige dedicação e trabalho. A mente mortal ou o magnetismo animal, com suas sugestões de mal, dor e infelicidade, insiste em querer alojar-se em nosso pensamento. Precisamos de determinação firme, coragem e desejo sincero para abandonar e destruir esses argumentos da mente mortal. Estes procurariam separar-nos de nossa clara compreensão da onipresença da Mente única e também impedir que nos livrássemos de falsas sugestões mundanas, no momento em que se manifestam.
Às vezes, os pensamentos errôneos insinuam-se tão sutilmente que não nos damos conta de sua presença e permanecemos presos em suas garras. Aí, nos preocupamos, prognosticamos, ficamos com medo, pesamos os prós e os contras, desejando que determinada coisa aconteça. No entanto, por meio do grande amor de Deus e de Sua graça ilimitada, podemos nos libertar desse nível mortal de pensamento e substituir rapidamente esses pensamentos mortais pelas idéias espirituais que, por sua vez, farão manifestar-se, em nossa experiência, tudo o que é bom e justo.
Para que a cura se efetue, é necessário que haja um rompimento mental definitivo, radical e completo com o erro que parece estar investindo contra nós, ainda que este esteja profundamente arraigado, seja muito temido ou tenha sido acalentado no pensamento humano por um longo período de tempo. Não há uma área cinzenta no pensamento crístico, que é o bem claramente definido que não justifica nem admite erro de qualquer espécie, e não firma nenhum compromisso com crenças mortais. E, à medida que perseverarmos e moldarmos nosso pensamento ao Cristo, veremos desaparecer uma a uma essas crenças falsas, esses padecimentos físicos e os indesejáveis traços de caráter. Perceberemos cada vez melhor que o pensamento alicerçado no mortal não faz parte de nossa verdadeira identidade como filhos de Deus. Na espiritualidade cristã verdadeira, não existe provisão para falsas crenças.
Como o Filho de Deus, Cristo Jesus mantinha-se no mais elevado nível espiritual de pensamento. A espiritualidade era o estado natural de seu ser. Enquanto fazia sua gira diária, quer a cena fosse uma cerimônia de casamento em Caná, quer uma ceia com suas caras amigas Maria e Marta ou um passeio às margens do mar da Galiléia, ele transformava a situação humana numa oportunidade de extrair dela alguma lição espiritual com que abençoar e curar aqueles que o rodeavam. Ele mantinha intacta e pura a visão de Deus perfeito e homem perfeito. Essa sua espiritualidade imaculada resultou em maravilhosas obras de cura.
Nossa Líder, a Sra. Eddy, graças a sua profunda espiritualidade, percebeu e provou que esse conhecimento crístico reflete, em realidade, a única Mente — a Mente que é Deus. E que, na proporção em que essa Mente é admitida na consciência humana, torna-se uma força poderosa para o bem, na vida diária. Purifica o caráter, cura os doentes, revigora os moribundos e satisfaz a cada necessidade humana. A Sra. Eddy provou isso, trazendo a Ciência do Cristo ao mundo.
Portanto, se pensamos que alguém ou alguma coisa precisa ser modificada, para alcançarmos uma cura física ou a felicidade, podemos envidar esforços mais decididos para purificar nossa própria vida e manter aquele nível espiritual de pensamento onde as coisas estão realmente “acontecendo”, onde Deus está espargindo Sua abundante bondade sobre nós e sobre todo o mundo e toda atividade é governada e dirigida pela Mente divina, onde nada nem ninguém precisa ser modificado. O sentido espiritual é uma constante. É a única capacidade que temos para conhecer e discernir o bem. Deus mantém eternamente Sua perfeição, beleza e alegria.
 
    
