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Elevar-se acima da rejeição

Da edição de novembro de 1987 dO Arauto da Ciência Cristã


Há uma história antiga, contando de um cavalo que caiu dentro do poço abandonado de uma fazenda. O dono da fazenda era de opinião que nem o cavalo nem o poço compensavam a despesa de salvar o animal; por isso, decidiu encher o poço, e soterrar o cavalo.

Assim, o fazendeiro começou a jogar terra no poço com uma pá. Ora, cada vez que ele jogava uma pá de terra dentro do poço, o cavalo sacudia a terra de si e ficava de pé em cima da terra. Quanto mais terra o fazendeiro jogava dentro do poço, tanto mais alto o cavalo subia, até que finalmente chegou a uma altura em que conseguiu se libertar e sair andando, para continuar servindo o fazendeiro.

Será que algum de nós já não achou, vez ou outra, que seus melhores esforços se viram soterrados por ingratidão e desaprovação? Como é que podemos nos livrar desses fardos? Ainda que a rejeição possa cair sobre nós como a terra caiu sobre o cavalo, podemos fazer como ele fez, e mover-nos para uma base mais elevada. Podemos superar o desânimo e a mágoa, expressando nossa verdadeira individualidade como filhos amados de Deus.

Compreender a relação que há entre Deus e o homem, como Sua imagem e semelhança, verdade ensinada pela Bíblia e na Ciência CristãChristian Science (kris'tiann sai'ennss), é desafiar o medo de que não sejamos necessários. Pôr a compreensão espiritual em prática nos habilita a sacudir de cima de nós tudo aquilo que procura nos retratar como mortais desvalidos, sem valor, que estão lutando, não apenas para dar sua contribuição, mas simplesmente para sobreviver.

E, se estivermos recobertos de sinais de rejeição, um amigo interrompendo as relações conosco ou os próprios filhos nos ignorando? Uma noção mais elevada do amor crístico dispersará o peso da rejeição. E, se em nosso emprego sempre parece que somos preteridos nas promoções ou nos aumentos de salário, mesmo quando aumentou nossa eficiência? E, se pela perda de um ente querido acreditamos não ter mais ninguém que se importe conosco? Ainda assim é possível progredir na compreensão de que ninguém pode perder o que Deus lhe dá: substância perfeita, inteireza, e vida eterna para todos. Não importa sob que forma se apresente a rejeição, há aí apenas outra oportunidade para transformar desafios em vitórias através da oração.

A Ciência Cristã explica que o Deus a quem todos oram é a Mente divina, infinita, o Amor. Deus é Tudo-em-tudo. A totalidade de Deus invalida toda e qualquer pretensão, destruidora e subversiva, daquilo a que S. Paulo descreve como “o pendor da carne”, a crença em inteligência e poder opostos a Deus, o Espírito. Deus não pode ter oposto real, porque o Espírito divino, ou Mente divina, é infinito, é a única substância, a única Mente que há. Assim a própria aparência de trevas, frustração e desespero é puro engano.

Estou grata por tê-lo descoberto a certa altura de minha vida, quando achava não haver razão para viver. Parecia que ninguém se incomodava. Saí de um grupo étnico minoritário e tinha origem muito humilde. Sofri inclusive maus tratos e privações. Casei-me muito cedo e logo tive filhos, que eu criava da única maneira que conhecia — da maneira como eu havia sido criada. Além disso, todos os invernos eu sofria ataques de pneumonia. Embora fosse lealmente a uma igreja, eu, como muitos outros, olhava para a minha situação e achava difícil imaginar como chegar a Deus.

As interrogações introspectivas de o quê? como? por quê? se me apresentavam dia e noite. Fora-me ensinado, e eu vim a acreditar, que o que era denominado “um Deus de amor” podia criar, e tinha criado, pessoas superiores e inferiores, algumas aceitas e outras rejeitadas, algumas ricas e outras pobres, algumas saudáveis e outras enfermas, e que, até mesmo aquelas que pareciam estar bem, eram suscetíveis a doença. Além disso, me ensinaram que esse assim chamado Deus punia as pessoas por fazerem aquilo para que as havia criado.

Enquanto eu lutava numa batalha que me parecia perdida, uma amiga me pôs em contato com a Ciência Cristã. Comecei a estudar Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras de autoria de Mary Baker Eddy e, pela primeira vez em toda a minha procura por respostas, comecei a perceber que o Deus de amor realmente é Amor, imutável, que a tudo inclui, inclusive a mim. Todos os meus problemas, problemas que pareciam sujeira atirada em mim para soterrar na ignorância, no medo e no desespero as minhas esperanças e aspirações, agora podiam ser enfrentados e solucionados por meio do estudo e da prática da Ciência Cristã. Cada vitória viria a contribuir para elevar-me mais na compreensão e demonstração de minha verdadeira natureza como filha de Deus, perfeita, completa e imortal.

Certa manhã, enquanto lia o livro Ciência e Saúde, as seguintes palavras atraíram meu pensamento: “Acaso envia Deus a doença, dando à mãe um filho pelo curto espaço de alguns anos, para depois tirá-lo pela morte?” Ciência e Saúde, p. 206.

Entendi que meu Pai-Mãe Deus celestial não havia criado Seus filhos apenas para privá-los de Seu amor e carinho. Não me havia criado apenas para me rejeitar e me deixar morrer sem que eu cumprisse os Seus propósitos.

Quanto mais eu lia de Ciência e Saúde, tanto mais minha maneira de abordar o assunto mudava, do caos de uma procura infrutífera para a lógica da rica conscientização de que, se Deus é o grande, sublime e único criador, e Deus me fez, eu terei de parecer-me com Deus. A Bíblia passou a ter para mim maior significado. Não era mais um livro de história que registra milagres que só aconteciam em épocas remotas. Era-me a voz de Deus falando a todos os homens, da mesma maneira como falara a Moisés, Elias e a outros adoradores do Deus vivo e verdadeiro. Falava comigo no dia de hoje, e eu fui curada do sentimento de rejeição e de estar em condições desfavoráveis.

O fato de os três hebreus na fornalha de fogo ardente, e de Daniel, na cova dos leões, não terem sido rejeitados pelo Amor divino, ou Deus, me fez compreender que eu também não estava sendo rejeitada. O mesmo Amor estava presente, tão presente para mim, nesta época, como o estivera para todos eles, em época anterior. Minha saúde foi restaurada, e um padrão moral mais elevado para criar meus filhos foi emergindo, à medida que o meu conceito a respeito de mim mesma renascia. A procura por um Deus distante foi substituída pela compreensão e manifestação do Espírito onipresente, o bem.

A carência deu lugar a ampla suficiência. Tive oportunidade de completar o segundo grau e hoje conto com um diploma de nível universitário, embora o tivesse obtido em idade mais avançada do que a maioria. Aos meus filhos, foram oferecidas muitas oportunidades a que as gerações anteriores de minha família não tiveram acesso. Encontraram essas oportunidades por terem sido animados com amor, e não incitados pelo medo.

A determinação espiritual de ver e expressar amor exatamente ali onde parecia estar o ódio, de enfrentar o logro com a honestidade, e a fraqueza com a compreensão de que o vigor é sustentado por Deus, sempre nos eleva mais alto. Ciência e Saúde nos ensina: “Enquanto avança para um plano de ação mais alto, o pensamento se eleva do sentido material para o espiritual, do escolástico para o inspirativo e do mortal para o imortal.” Ibid., p. 256.

Se fôssemos efetivamente mortais limitados, as muitas perdas e tragédias da vida mortal poderiam justificar a autocomiseração, os ressentimentos e as inimizades, mas temos a prova, duramente obtida por Cristo Jesus, de que a mortalidade é apenas um logro da mente carnal, do “pendor da carne”. Acreditar que somos mortais, em vez de ser a idéia espiritual de Deus, o homem, ou acreditar que somos bons nós mesmos, mas que nosso próximo é algo menos do que o filho de Deus, é o trabalho sutil da mente carnal, a violar os mandamentos de Deus e a dar falso testemunho da criação perfeita de Deus, a qual inclui o homem.

A mente carnal é a fonte dos elementos terrenos que pretendem soterrar nosso verdadeiro eu, deturpando assim a lei divina. Mas, nossa crescente compreensão da imutável lei divina do bem para todos os filhos de Deus, habilita-nos a anular esta deturpação e a elevarmo-nos ao reconhecimento de nossa verdadeira filiação no reino do Pai. Ciência e Saúde dá assim a interpretação espiritual de uma frase da Oração do Senhor:

“Venha o Teu reino,
O Teu reino já veio; Tu estás sempre presente.” Ibid., p. 16.

Há cerca de dois mil anos, nosso Mestre, Cristo Jesus, foi sepultado, literalmente enterrado. Com traição e crucificação, a crueldade da conspiração da mente carnal zombou da utilidade dele para o mundo. Mas, graças a sua firme posição em favor do Amor divino, Jesus livrou-se desses motivos maliciosos, calcou-os sob os pés e elevou-se a tal altura, em sua demonstração da Vida eterna, que superou a própria morte. Ao vencer toda mortalidade com a ressurreição e a ascensão, Jesus venceu igualmente a rejeição. Ciência e Saúde diz, de Jesus e do triunfo da ressurreição: “Seu trabalho de três dias no sepulcro imprimiu o selo da eternidade ao tempo. Ele provou que a Vida é imorredoura e que o Amor é senhor do ódio.” Ibid., p. 44.

Pode parecer-nos que a rejeição vem de fora de nós mesmos e que não somos capazes de vencê-la. Mas a crença em rejeição é cultivada em nosso próprio pensamento. Logo, pode ser removida. Quando aceitamos rejeição, estamos falhando em compreender a verdadeira natureza da criação de Deus. Por isso, as trevas, a derrota e o desespero, implícitos na rejeição, não passam de um engano total, o esforço da mente carnal para persuadir-nos e impedir-nos de reconhecer o Cristo. Cônscios de nosso direito inato como filhos e filhas de Deus, acolhendo e expressando nossa verdadeira identidade, graças a reconhecermos que a Mente infinita é a nossa Mente única, e atentos aos pensamentos desta Mente, estamos aptos a encontrar a segura ajuda divina em qualquer ocasião.

Seguir os preceitos de Cristo Jesus, nosso Guia, conforme a Ciência Cristã o ensina, capacita-nos a sacudir os torrões do pensamento mortal e nos permite elevarmo-nos cada vez mais. À medida que se firmam os nossos passos com demonstrarmos que Deus é nossa Mente e Vida, quem ou o que nos impedirá de compreender que Deus nos aceita? Não podemos ficar soterrados rejeição, quando sabemos que temos a aprovação de Deus.

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