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“O que tenho”

Da edição de novembro de 1987 dO Arauto da Ciência Cristã


Acaso já não tivemos, todos nós, a idéia de realizar algo de significado tão grande que fizesse uma diferença pronunciada no cenário mundial — doar avultada quantia para uma causa meritória, talvez, ou contribuir para uma descoberta científica, ou realizar algum ato heróico?

Conquanto seja provável que bem poucos venhamos a contribuir de modo tão dramático, é-nos possível ajudar para que o fiel da balança penda para o lado do bem, ao expressarmos Deus em nossa vida diária. Não é a magnitude do ato o que conta, mas, sim, o próprio ato. Honestidade se aplica tanto a uma moeda como a mil. E todos nós temos algo a contribuir aí mesmo onde estamos: podemos levar ajuda e cura, através do amor cristão e científico por nosso próximo.

Cristo Jesus realizou sua obra de cura nessa base. Seu amor se expressava no reconhecimento persistente de que o homem é espiritual, é o resultado da criação de Deus e não um mortal pecador ou doente. Examinando a fundo essa base das obras de cura realizadas por Jesus, a Sra. Eddy explica, no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde: “Jesus via na Ciência o homem perfeito, que lhe aparecia ali mesmo onde o homem mortal e pecador aparece aos mortais. Nesse homem perfeito o Salvador via a própria semelhança de Deus, e esse modo correto de ver o homem curava os doentes.” Ciência e Saúde, pp. 476–477.

Temos o privilégio e o dever cristãos de seguir o exemplo do Mestre na maneira em que mostramos nosso amor pelo próximo. E não subestimemos a importância da menor coisa que se faça, até mesmo do menor esforço, para perceber a natureza espiritual genuína do homem! Devemos lembrar as palavras contidas na parábola de Jesus: “Sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” Mateus 25:40.

O que se pede de nós, não será porventura o desejo de agir de maneira cristã e de dar do que temos? Ciência e Saúde coloca assim essa exigência: “Aquilo de que mais necessitamos, é a oração motivada pelo desejo fervoroso de crescer em graça, oração que se expressa em paciência, humildade, amor e boas obras.” Ciência e Saúde, p. 4.

Pedro e João estavam dispostos a partilhar sua compreensão espiritual, quando foram abordados no templo por um homem coxo que lhes pedia esmola. Vendo que a necessidade desse homem ia bem além de um donativo caridoso, Pedro lhe disse: “Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” O relato continua, informando que o homem “passou a andar e entrou com eles no templo, saltando e louvando a Deus” Atos 3:6, 8.. Pedro lhe dera do que tinha, e fora uma dádiva mais valiosa do que ouro.

Anos atrás, quando eu viajava pelo Extremo-Oriente com um grupo de pessoas, éramos abordados freqüentemente por uma multidão de crianças necessitadas que pediam dinheiro. Geralmente eu lhes dava dinheiro, mas era óbvio que permanecia a necessidade. Era evidente tratar-se de uma situação insuperável. Outro viajante, que continuamente desdenhava da necessidade das crianças, comentou que se eu desse para uma delas, eu teria de dar para todas. Essa atitude me parecia ser nada caridosa, e ponderei sobre o comentário durante muito tempo.

Anos mais tarde, quando estudante de Ciência Cristã, vim a conhecer uma base mais duradoura para ajudar a outros. Vi que além de fazer caridade com sabedoria, eu precisava reconhecer a identidade espiritual de cada uma das pessoas com quem entrava em contato. Minha dádiva tinha de ser o produto da compreensão de que o homem é uma idéia espiritual, como o declara a Bíblia, homem criado “à imagem de Deus” Gênesis 1:27.. Esse homem criado por Deus é íntegro, completo, está satisfeito e é capaz. Isso me mostrou um modo de dar a todos, e não apenas a um só. Pude ver que eu tinha o dever de contemplar, em cada indivíduo, sua identidade verdadeira, semelhante a Deus. Um semelhante amor se exterioriza, fluindo para o mundo. Está ao dispor de cada um de nós, embora requeira o desejo profundo de ter-se real interesse pelo próximo.

Para Cristo Jesus, o orgulho da posição ou do poder nunca interferiram em seu trabalho. O Mestre era visto na companhia dos que necessitavam de um médico, cuidando ternamente deles, curando-os — e seu tratamento era puramente metafísico. Guiando, inspirando e consolando seus seguidores, Jesus ensinou a natureza de Deus como Pai-Mãe.

Em nossos motivos, então, será que deveríamos limitar-nos a acumular riquezas materiais, embeber-nos mais da “boa vida”, ou galgar a escada do êxito empresarial? Ciência e Saúde oferece este ponto de referência: “A Ciência Cristã revela que a Verdade e o Amor são as forças motrizes do homem.” Ciência e Saúde, p. 490. Com o Amor divino por força motriz, temos poderoso incentivo para examinar a situação mais a fundo e não nos deter meramente no quadro mortal — a fim de chegar até a realidade espiritual do ser do homem. Assim fazendo, veremos mais da semelhança de Deus em toda parte e desvendaremos número mais apreciável de meios eficazes em contribuir para o bem-estar da humanidade.

Amar no homem a semelhança pura de Deus nos dá uma liberdade que não se obtém de nenhuma outra forma. Isso ficou-me claramente demonstrado em certa ocasião, quando eu exercia o cargo de diretor de uma escola.

Durante quase um mês, várias janelas das salas de aula foram quebradas por pedras atiradas de um lado isolado do prédio. Os danos ocorriam nos fins de semana e resultavam em considerável confusão e transtornos nas manhãs de segunda-feira. Nenhuma testemunha se apresentou oficialmente, mas o nome de um menino foi-nos dado por diversas fontes e decidi chamá-lo ao meu gabinete para uma conversa.

Ao repassar os acontecimentos com ele, eu estava inabalavelmente determinado a vê-lo como o reflexo de Deus e não como um mortal ardiloso e de tendências desordeiras. Falei-lhe das responsabilidades morais que todos os alunos tinham e acrescentei que eu sabia que ele mesmo era um bom menino. Durante nossa conversa ele não admitiu nenhum ato errado.

Uma semana mais tarde o pai do menino telefonou, pedindo uma entrevista para ele e para o filho. Disse que o menino desejava contar-me algo. Durante a entrevista que se seguiu, o aluno admitiu ter quebrado as janelas e disse que desejava ressarcir-nos inteiramente pelos danos causados. Foi feito um acordo que lhe permitia realizar pagamentos semanais até que todos os danos tivessem sido pagos. O menino expressou sincero arrependimento por seus atos. Eu lhe disse que sua honestidade e desejo de agir corretamente mereciam respeito. Seu ponto de vista correto a respeito de si próprio o havia libertado da maneira errônea de se identificar e lhe proporcionara um conceito mais elevado de identidade.

O desejo crístico de ajudar e de curar, por mais modesto que seja, abençoa tanto quem recebe como quem dá. Mostra o que podemos fazer, e o que conseguimos realizar faz uma diferença pronunciada no cenário mundial.


Bem-aventurados os misericordiosos,
porque alcançarão misericórdia.

Mateus 5:7

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