Passaram séculos desde que os discípulos de Cristo Jesus debateram entre si “qual era o maior”. Contudo, é provável que todos já tenhamos ouvido semelhante pergunta feita por alguém no local de trabalho, em casa, na escola e talvez até na igreja, interrogando-se qual dos colegas, amigos e familiares é o melhor ou o mais importante.
Algumas vezes o propósito dessa pergunta surge do interesse genuíno em atribuir o mérito à pessoa que de fato realizou o trabalho, a fim de que receba uma promoção. No entanto é mais comum originar-se na atitude que Cristo Jesus mansamente repreendeu, quando tomou conhecimento do debate entre os discípulos. Ele disse: “Se alguém quer ser o primeiro, será o último e servo de todos.” Marcos 9:34, 35. Ele próprio deu provas de suas palavras com a humildade exemplificada em sua vida.
Mas porque a humanidade é tão atormentada pela questão de quem é o maior? Não será por causa do conceito errado de que o homem é mortal, a progênie de outro mortal, e sempre vulnerável? Sem dúvida Esaú percebeu, ainda que tenuamente, esse problema, pois disse o seguinte sobre seu irmão: “Não é com razão que se chama ele Jacó? pois já duas vezes me enganou: tirou-me o direito de primogenitura, e agora usurpa a bênção que era minha.” Gênesis 27:36.
Como poderemos eliminar a falsa crença de ser mortal o homem? Compreendendo a fundo a relação entre Deus e o homem, tal como está elucidada no registro espiritual da criação, constante do primeiro capítulo do Gênesis, que diz o seguinte: “Disse Deus: Façamos o homem à nossa semelhança.... Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” Gênesis 1:26,27.
Quando alguém está frente a um espelho, é ao mesmo tempo a origem da imagem nele refletida, e está em condições de controlá-la. E a imagem é idêntica ao original em todos os detalhes. Qualquer atividade da pessoa diante do espelho, é levada a efeito, simultaneamente, pela imagem. A imagem nunca pode agir por si. Isto ilustra o relacionamento que existe entre Deus e Sua semelhança, o homem. Deus é a origem e o controlador do homem, e o homem não pode, de maneira alguma, agir isolado de Deus.
Deus origina e, por isso, governa totalmente o homem. Esse é o fato mais importante que temos de compreender e demonstrar em nossas vidas diárias. Pouparemos a nós próprios muitos contratempos se cedermos a esse relacionamento, aceitando Deus como nosso Progenitor, nosso Pai e Mãe, e cedermos à autoridade e orientação de Deus em qualquer situação.
O que é Deus? E como é que Deus na realidade controla o homem? As respostas a essas interrogações são dadas pela seguinte declaração em 1 João: “Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele.” 1 João 4:16. Em seu livro Message to The Mother Church for 1902 a Sra. Eddy escreve: “Será necessário dizer que a semelhança de Deus, o Espírito, é espiritual, e a semelhança do Amor é carinhosa? Se formos amorosos saberemos que ‘Deus é Amor’ ...” Message to The Mother Church for 1902, p. 8.
Qual é então o verdadeiro benefício de sermos controlados por Deus, o Amor? Exatamente o que 1 João realça: “Aquele que ama a seu irmão, permanece na luz e nele não há nenhum tropeço. Aquele, porém, que odeia a seu irmão está nas trevas, e anda nas trevas, e não sabe para onde vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos.” 1 João 2:10, 11. Eis a maior necessidade da humanidade, isto é, ver com clareza o propósito de Deus para o homem, e nunca tropeçar em julgamento ou ação.
Não faz muito tempo ponderei “qual era o maior” ao ser empurrado para um cargo que não desejava. Não consegui me elevar acima da intriga e adoeci com falta de ar e fraqueza. Nessa altura orei com sinceridade e logo recebi este anjo, ou mensagem, de Deus: “Só és responsável perante o Amor divino.” Aceitei mentalmente esse pensamento e, de imediato, comecei a submeter cada decisão ou ação ao escrutínio e aprovação do Amor. A exigência de me manter alerta foi enorme, mas a reputação ganha por julgamento correto trouxeme muita paz, bem como o respeito dos colegas. Para citar a alegoria da Sra. Eddy em Ciência e Saúde: “Então, o prisioneiro levantou-se regenerado, forte, livre. Notamos que, ao trocar um aperto de mãos com seu advogado, a Ciência Cristã, toda sua palidez e debilidade haviam desaparecido.” Ciência e Saúde, p. 442.
Persistir na interrogação de quem é o maior, impele com freqüência nações e pessoas a cometerem erros dispendiosos, a sofrerem aborrecimentos e, até tragédias. É a origem do modo errado de governo, a causa primária da guerra, um agente da adversidade econômica e do abuso dos recursos existentes para fins de promoção própria. Essa arrogância presunçosa inculca falso nacionalismo a cidadãos incautos. A pobreza, a doença e o descontentamento resultantes compelem a uma luta por soluções que, inevitavelmente, culminam na busca de Deus.
Assim que voltarmos o olhar para o outra lado e passarmos a procurar Deus com sinceridade, começaremos a ceder a Deus e a ser governados por Ele. Isso é humildade. O amor paternal e maternal de Deus pelo homem é enorme, como podemos comprovar pelas experiências dos israelitas sob o comando de Moisés. E os Dez Mandamentos ainda hoje são faróis luminosos para a humanidade. O exemplo supremo da natureza e atividade do Amor divino foi-nos dado por Cristo Jesus, o qual removeu todos os escolhos, tais como o pecado, a doença e até a morte, que pretendem desencorajar e enganar-nos, fazendo-nos acreditar que podemos estar separados de nosso Pai. O Consolador, a Ciência divina, está presente agora para nos limpar de toda nódoa degradante, a fim de que possamos percorrer com segurança o caminho ascendente, reto e estreito.
Costuma-se, com demasiada freqüência, classificar a humidade como rebaixamento da pessoa, relegando-a a um estado de zé-ninguém, sem eira nem beira. Esse conceito é falso. A humildade é o denominador comum do herói e do sábio, da fraternidade dos que cedem a Deus de boa vontade. Independente da posição social do homem, a verdadeira humildade evidencia o quanto as palavras e as ações de uma pessoa estão imbuídas de Amor. O selo da aprovação de Deus é aposto no humilde, identificando-o como aquele que verdadeiramente o maior.
Em Miscellaneous Writings a Sra. Eddy apresenta esta pergunta solene: “Qual é o Princípio e regra da Ciência Cristã?” E no parágrafo seguinte declara: “O Filho imaculado do Santíssimo o menciona como a Regra Áurea e seu Princípio, Deus, que é Amor. Ouçam-no, e ele ilustra-nos a regra: ‘Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio deles, e disse: ... Aquele que se humilhar como esta criança, esse é o maior no reino dos céus.’ ” Mis., p. 337.
