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Não se iluda

Da edição de outubro de 1988 dO Arauto da Ciência Cristã


Às vezes algumas pessoas comentam com cinismo que não se deixam iludir. Geralmente o que querem dizer é que a experiência lhes ensinou a não ter esperanças, a não confiar em ninguém, nem mesmo no desenrolar dos acontecimentos. Essa maneira de pensar deve-se ao fato de terem ficado desapontadas com alguém ou alguma coisa. Por isso, só confiam em si mesmas.

Na verdade, porém, o que são ilusões? Em geral as consideramos como manifestações de algo irreal, falaz e enganador, como, por exemplo, uma miragem. Visto que a ilusão é algo falso ou irreal, definitivamente o melhor é evitá-la! Livrar-nos desses conceitos errados, no entanto, não é tão fácil como parece. Em primeiro lugar temos de desenvolver uma maneira inteligente de determinar o que realmente está e o que não está acontecendo.

Cristo Jesus era homem que não se deixava iludir. Reconhecia a bondade de Deus como a única realidade e em suas palavras e obras refutava tudo o que negasse o amor de Deus por Sua criação. O Mestre purificou pecadores, curou enfermos, ressuscitou mortos e, através de sua própria ressurreição, deu a prova final de seu poder sobre “o último inimigo”.

Contudo, o fato de Jesus recusar-se a acreditar no poder ou na realidade do mal, não significa que as ilusões do mal não se lhe tenham apresentado como tentações ou sugestões. Lemos no quarto capítulo de Mateus, que Jesus foi tentado no deserto pelo diabo, de quem em outra oportunidade dissera: “... nele não há verdade. Quando ele profere a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.” João 8:44. Assim, o diabo, a suposta personificação do mal, de todo o mal, é definido por Jesus não só como o mal, mas também como a origem do mal, ou seja, como os efeitos de toda e qualquer forma do mal. Mas sua declaração indica que em realidade o mal, tanto como causa, quanto como efeito, é uma mentira. Em outras palavras, é uma irrealidade, uma ilusão.

Como é que Jesus podia dizer que o diabo era mentiroso e que dele só provinham mentiras? Jesus sabia que Deus, o bem, seu Pai e também nosso Pai, era o único criador. Por ter declarado que tudo quanto criara era “muito bom”, Gênesis 1:31. Deus não poderia ter criado o mal, a suposta causa de toda desgraça e pesar, ódio e medo, pecado, doença e morte. Ao chamar o mal de mentira, Jesus forneceu a todos que o quiserem seguir, o conhecimento necessário para vencer o mal em si mesmos e nos outros. A mentira a que não se dá crédito, não tem poder para impor-se àqueles que lhe conhecem a verdadeira natureza. Então podemos reconhecer o mal como ilusão, como algo que realmente não é nada.

Cristo Jesus nos deu outra indicação de seu poder sobre o maligno, o diabo, que ele denominou “o príncipe do mundo”. Disse ele: “Aí vem o príncipe do mundo; e ele nada tem em mim.” João 14:30. Conforme mostrara no deserto, o mal não encontrou resposta em sua consciência, pois as tentações e sugestões sempre resvalavam em sua impenetrável armadura espiritual. Não tinham influência sobre ele. Para ilustrar, tomemos como exemplo um simples fósforo, que quando mal utilizado pode causar incontrolável incêndio e talvez enormes danos. Esse mesmo fósforo, porém, não pode causar dano se não encontrar a superfície apropriada para acendê-lo. “O príncipe do mundo”, o mal sob qualquer disfarce, pode investir contra nós. Mas tal como o fósforo, que não pode dar início a incêndios perigosos a menos que seja friccionado sobre a superfície apropriada, assim também o mal fica desarmado, quando não encontra alojamento, em nossa consciência e não recebe nosso consentimento ao seu intento maligno.

Ao explorar a Ciência subjacente aos ensinamentos de Cristo Jesus, a Sra. Eddy escreveu em Ciência e Saúde: “Os pensamentos e propósitos maus não têm maior alcance, nem fazem maior dano, do que nossa crença permite. Os maus pensamentos, a cobiça e os propósitos maliciosos não podem ir, como pólen errante, de uma para outra mente humana e ali achar alojamento sem despertar suspeitas, se a virtude e a verdade formam forte defesa.” Ciência e Saúde, pp. 234–235.

O homem que Deus, o Espírito, criou à Sua própria imagem, Ver Gênesis 1:26, 27. como Seu reflexo espiritual, tem a virtude e a verdade, a inteligência e o amor, que lhe são outorgados por Deus. Não conhece nenhum mal, nenhum pecado, doença ou morte. À medida que começamos a nos identificar em pensamento e ação com essa idéia perfeita, o homem espiritual, reconhecemos cada vez mais essa virtude e essa verdade em nós mesmos. Na proporção em que a bondade inunda nossos pensamentos e propósitos, o mal e as falsas crenças são eliminados. Essas crenças não podem encontrar “alojamento sem despertar suspeitas”, se reconhecermos o que são: apenas ilusões.

A Sra. Eddy percebeu a vasta utilidade do termo ilusão para ilustrar aquilo que parece ser, mas não é. Em uma mensagem à sua Igreja, por exemplo, ela pergunta: “Os Cientistas Cristãos acreditam que o mal existe? Nossa resposta é: Sim e Não. Sim, acreditamos, na medida em que sabemos que o mal, como falsa pretensão, falsa entidade e absoluta falsidade, tem existência no pensamento. E: Não, não acreditamos que exista como algo que goze, sofra ou seja real.... Consideramos o mal como mentira, ilusão, ou seja, como algo tão irreal quanto uma miragem que desvia o viajante de seu caminho rumo ao lar.” Message to The Mother Church for 1901, p.14.

Por isso, não há razão para sermos logrados por mal de espécie alguma. Quando compreendemos esse fato, não há justificativa para que isso ocorra. Pelo contrário, nosso dever como cristãos é encarar todo mal como ilusão, sempre baseado no falso testemunho dos sentidos materiais. A primeira coisa a fazer para combater o mal, é não acreditar nele nem um momento sequer, não empregá-lo e não lhe ter medo. A virtude, o amor e a verdade nos ajudarão a reconhecer o mal, conservando-o afastado da soleira de nossas portas mentais ou varrendo-o para fora de nossa consciência, caso tenha conseguido entrar. Reconhecer o mal sempre como ilusão ou crença falsa, nos permitirá superar o medo ao mal. Tal medo está sempre baseado na ignorância da situação real e à medida que despertamos por meio do Cristo, a Verdade, veremos o mal como ilusão, e o derrotaremos.

Podemos começar a sentir agora o estado de consciência originado pela ausência de ilusões. Não como misantropos (que odeiam a humanidade), mas como filantropos (que têm amor à humanidade) e como sanadores cristãos, deveríamos dizer com gratidão que não nos deixamos iludir. E deveríamos orar para que aumente nossa demonstração desse fato, a fim de beneficiar toda a humanidade.


Pois não deixarás a minha alma na morte...
Tu me farás ver os caminhos da vida;
na tua presença há plenitude de alegria,
na tua destra delícias perpetuamente.

Salmos 16:10, 11

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