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A inocência resiste

Da edição de março de 1988 dO Arauto da Ciência Cristã


Está armado por fora aquele que é inocente por dentro. Satires, Epistles, and Odes of Horace Imitated, 1a epístola, livro I.
— Alexander Pope

A inocência é um tesouro precioso. Reconhecer a inocência e recusar abandoná-la é um dos talentos mais preciosos de todos.

Quando certo menino cursava a escola primária, cedo pela manhã foi à escola participar de um programa recreativo de verão. Lá chegando, um professor o recebeu com o olhar duro e breves palavras: “Espere até vermos sua mãe e seu pai e a polícia!”

Alguém havia arrombado a escola e dizia-se que esse menino fora visto a cometer o ato. O garoto sabia que era inocente, mas a acusação fora feita com uma convicção de tal forma amedrontadora, que ele se sentiu tão culpado como se tivesse praticado o arrombamento. Até hoje ele às vezes pergunta o que teria acontecido, se não fosse o fato de haver passado a noite toda com sua família enquanto a escola estava sendo assaltada.

Tal como esse jovem, muitas vezes assentimos à condenação não merecida. É como uma espada de Dâmocles pendente sobre nossas cabeças. Se não estamos fazendo algo errado agora, o faremos depois! Você já se sentiu assim? A falibilidade e o desespero parecem entremear-se na contextura da natureza humana. O autor de Eclesiastes disse-o da seguinte forma: “Ainda que o homem viva muitos anos, regozije-se em todos eles, contudo deve lembrar-se de que há dias de trevas, porque serão muitos.” Ecles. 11:8. Essa perspectiva não é alvissareira. É como uma acusação.

Existe um erro crasso, tão negro como um crime repugnante: a escuridão mental que nubla nossa vida quando não se entende que o homem é a imagem e semelhança de seu criador. A Ciência Cristã defende nossa inocência como filhos de Deus. O homem criado por Deus reflete a própria natureza e o ser de Deus. Conhecer o homem como ele realmente é, eleva o pensamento acima do mal, e há um imperativo moral e espiritual de que essa “elevação” aconteça em nossa vida. Essa visão e compreensão espiritual limpa nossa percepção, purifica os afetos, e impede que homens e mulheres causem dano uns aos outros.

Quando Mary Baker Eddy escreveu a respeito da distinção metafísica entre o homem, o reflexo de Deus, e a personalidade humana, que é uma mistura de bem e mal, constatou que não bastava meramente asseverar nossa bondade e pureza como a expressão de Deus. As complexidades do pensamento humano e do raciocínio material refutam com demasiada facilidade essa visão espiritual da retidão do homem. A Sra. Eddy aprendeu que até mesmo a evidência da cura espiritual, não silenciou a acusação de que o homem é um pecador mortal, confinado ao materialismo e destinado a morrer. O próprio mal precisava ser posto a descoberto, ser explicado, a fim de que os homens e as mulheres pudessem detectar sua operação e distinguir entre a ação do mal e os pensamentos espirituais da Mente divina, ou Deus, que são a expressão da verdadeira inteligência.

Ao examinar o testemunho das Escrituras no que concerne ao avanço para fora da escravidão mental e material rumo à luz da liberdade espiritual e moral personificada em Cristo Jesus, vemos que a descoberta da Ciência Cristã tornou-se para a Sra. Eddy não só uma afirmação da integridade espiritual do homem e de seu parentesco com Deus, mas também uma defesa contra as acusações do mal. “Tal como outrora,” a Sra. Eddy alerta em Ciência e Saúde, “o mal continua atribuindo à idéia espiritual a natureza e os métodos próprios do erro. Esse instinto animal maligno, cujo símbolo é o dragão, incita os mortais a matarem moral e fisicamente até mesmo os seus semelhantes e, o que é ainda pior, a imputar o crime a inocentes. Essa última vilania do pecado fará seu perpetrador afundar numa noite sem estrelas.” Ciência e Saúde, p. 564.

O dragão a que se faz referência no livro do Apocalipse, é o símbolo do mal. A beleza inerente ao livro do Apocalipse reside, é claro, no fato de que o dragão, que ameaça engolir o homem, é destruído pela Verdade e o Amor. “A Ciência divina,” diz a Sra. Eddy, “mostra como o Cordeiro mata o lobo. A inocência e a Verdade vencem o crime e o erro.” Ibid., pp. 567–568.

É da natureza da oração, isto é, do tratamento pela Ciência Cristã, estabelecer a separação entre o mal e o homem, de tal forma que o mal não tenha onde ocultar-se nem tenha o consentimento mental por meio do qual atuar no pensamento humano. A Ciência Cristã defende-nos melhor à medida que revela em nós a imagem e a semelhança espiritual de Deus. É essa verdade metafísica que fundamenta cada oração, cada pensamento, cada idéia que faz frente ao mal, dando a prova final de que o mal não faz parte do homem.

Na metafísica cristãmente científica, esse tratamento-oração destrói a doença. Torna um homem ou uma mulher incapaz de adoecer ou de concordar com o mal. O tratamento que cura, sustenta na consciência a natureza espiritual do homem, e o indivíduo se desassocia do mal e de suas sutis maquinações.

Não seria justo sugerir que esse tratamento é sempre fácil ou que se pode com a maior facilidade chegar a essa inocência. Até os discípulos de Jesus, cujo potencial deve ter sido enorme, às vezes eram reprovados nessa prova. A grande verdade, entretanto, é que cada um de nós é, em sua verdadeira identidade, exatamente aquilo que Deus o fez, isento de pecado e puro. Aquilo que pretende argumentar em contrário, é uma falsa acusação. Apesar de tudo o que aconteceu a Cristo Jesus, a promessa que sua carreira nos oferece nunca perdeu força. Até mesmo ante o duro ataque daqueles que falsamente o acusaram e o condenaram, ele assegurou aos seus seguidores: “Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.” João 5:24.

A passagem da morte para a vida, da condenação para a inocência, é uma transformação espiritual que está ao dispor de cada indivíduo. A Ciência Cristã mostra que essa passagem é sustentada pela lei divina. A lei divina arrasa com a falsa acusação de que o homem é um pecador mortal e eleva, na consciência, na afeição e na ação, a compreensão espiritual de que o homem é puramente a imagem e semelhança de Deus. Quando isso acontece, os maus desejos, as crenças maléficas, perdem seu tenaz domínio sobre a consciência humana. E aprendemos que é a finalidade do Amor divino que descubramos nossa inocência. O Amor divino nos proverá os meios e a força para que façamos o que precisa ser feito para nos amoldarmos à imagem e semelhança de Deus. O mal e as acusações do mal serão destruídos. A inocência resiste.

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