Nossos amigos ficaram chocados ao saber que eu estava prestes a sair do emprego para ter um filho e dedicar-me exclusivamente a ele, enquanto meu marido deixava seu trabalho para dedicar-se em tempo integral à elaboração de sua tese de doutorado. Achávamos, entretanto, que nossas economias cobririam as despesas dos dois anos previstos para a conclusão do projeto. Não levamos em conta os atrasos na elaboração da tese, nem o declínio que posteriormente ocorreu no mercado de trabalho. Os cinco anos seguintes me ensinariam muito a respeito da confiança em Deus.
Eu freqüentara a Escola Dominical da Ciência Cristã e aprendera a volver-me a Deus em caso de necessidade. À medida que o medo e as dúvidas acerca do futuro penetravam no pensamento, a oração, que havia muito era parte de meu dia-a-dia, tornava-se cada vez mais importante. Eu recorria mais e mais a uma explicação que a Sra. Eddy dá acerca da providência de Deus, tanto que o trecho se tornou um lema para mim: “Nunca peçais para o dia de amanhã; basta o fato de que o Amor divino é uma ajuda sempre presente; e se esperardes, jamais duvidando, tereis a todo momento tudo o que necessitais.” Miscellaneous Writings, p. 307: “Never ask for to-morrow: it is enough that divine Love is an ever-present help; and if you wait, never doubting, you will have all you need every moment”.
Ao ponderar essa citação, refleti sobre a verdade de que Deus é nosso Pai-Mãe e expressa constantemente Seu desvelo por nós. Concluí que se Deus, o Amor divino, havia criado o homem para Sua glória, então Ele nunca abandonaria Seu filho amado, mas sempre cuidaria dele. Com efeito, eu estava aprendendo por experiência própria que o Amor ajuda cada um de nós desabrochar, a fim expressarmos sempre mais nosso verdadeiro ser espiritual.
Eu sabia que Deus era inteiramente bom e que, logicamente, o Amor nunca daria a Seus filhos algo que não fosse bom. Como o Amor é o bem onipresente, não sobra espaço para carência ou incerteza. Visto que o Amor é onisciente, revela-nos tudo o que precisamos saber, exatamente quando o necessitamos. Ao continuar com esse raciocínio, a ansiedade começou a dar lugar à expectativa paciente da revelação da vontade do Pai. Todas as manhãs, eu reafirmava minha confiança no controle e no poder de Deus para aquele dia. Muito me ajudou a inspiração obtida ao ler o que aconteceu aos filhos de Israel no deserto.
Certa ocasião, quando não tinham o que comer, o Senhor forneceu-lhes o alimento sob forma de maná que caía do céu diariamente. Ver Êxodo, cap. 16. Eles não tinham de estocá-lo para o dia seguinte. Todo dia havia o bastante para todos, com uma porção dobrada na véspera do sábado, de maneira que não precisavam buscar e preparar comida no dia do descanso. O suprimento diário de maná só terminou quando, após 40 anos, os filhos de Israel chegaram a Canaã.
A graça de Deus está presente conosco hoje, assim como esteve com os filhos de Israel, na antiguidade. Deus é o bem ilimitado e Sua criação, isto é, o homem e o universo, reflete o bem que está, sempre esteve e sempre estará presente, pois a natureza de Deus é imutável e eterna. Quando, na vida diária, expressamos em maior grau nossa natureza espiritual e somos mais gratos, confiantes e obedientes, então percebemos a evidência tangível da bondade de Deus e do homem.
A expressão “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje,” Mateus 6:1 1. da Oração do Senhor, recomenda que volvamos a Deus como socorro sempre presente. Referindo-se à ordem que Cristo Jesus proferiu, ao ensinar essa oração a seus discípulos, a Sra. Eddy, em Ciência e Saúde, comenta: “Nosso Mestre disse: ‘Portanto, vós orareis assim’, e a seguir deu aquela oração que atende a todas as necessidades humanas.” Science and Health(Ciência e Saúde), p. 16: “Our Master said: 'After this manner therefore pray ye', and then he gave that prayer which covers all human needs”. Eu ponderava a Oração do Senhor com regularidade e com muita atenção, compenetrando-me das verdades nela contidas, o que me proporcionou força e conforto espirituais. Também me fortalecia cantando hinos, essas belas orações colocadas em música. Um dos hinos adquiriu particular significado para mim, nessa época. Começa assim:
Sempre vinha o maná,
Aprendamos a lição.
Pão divino dá-nos, Pai,
Farta nosso coração.Hinário da Ciência Cristã, n° 46.
À medida que o tempo passava e nossas economias minguavam, começamos a pensar em como poderíamos aumentar nossa pequena remuneração que meu marido recebia como assistente de professor na universidade. Com a confiança que vinha desenvolvendo na provisão de Deus, eu sabia que conseguiríamos o que necessitássemos e orei a fim de estar alerta para as oportunidades. Estar atenta espiritualmente significava ceder, pôr de lado a crença de haver uma mente pessoal e separada, abrindo a consciência para perceber o que a Mente, Deus, revelava. Eu sabia que o discernimento espiritual é inato ao homem que Deus criou. Essa era uma oportunidade para provar que apenas a Mente dirige e impele o homem.
Nossas necessidades foram supridas de maneiras inesperadas. Por exemplo, num passeio com várias famílias da filial da Igreja de Cristo, Cientista, à qual eu pertencia, meu marido conversou com um senhor sobre a firma que este acabara de abrir. Mais tarde, naquele mesmo dia, ocorreu-me que meu marido poderia trabalhar algumas horas por semana para essa firma e ele concordou que haveria essa possibilidade. Alguns dias depois, sem nenhum empenho de nossa parte, aquele senhor telefonou e ofereceu a meu marido um emprego de meio-expediente. O convite foi aceito e o ajuste foi satisfatório para ambas as partes.
Durante os cinco anos em que meu marido voltou a estudar na universidade, tivemos muitos outros exemplos do carinho de Deus por nós e por nossos dois filhos que nasceram nessa época. Em retrospecto, posso dizer que conseguimos emprego em tempo integral quando, e apenas quando, foi a época certa para nós. Após completar o esboço da tese, meu marido encontrou o local e o equipamento necessários para preparar a versão final. Todos esses acontecimentos se ajustaram maravilhosamente ao início de seu novo emprego. As lições que aprendi nesse período, permaneceram em meu pensamento desde então, embora já tenham passado mais de dez anos.
Como o Amor é onipresente, onisciente e onipotente, a provisão completa do Amor é nossa por reflexo. Quando vivemos cada dia no agora da bondade de Deus, percebemos por que não precisamos ter medo do futuro. Nós somos em realidade o reflexo espiritual de Deus e incluímos todo o bem. Quando fazemos desse fato a base de nossa vida diária, apoiamo-nos mais e mais na orientação da Mente e no bem que o Amor desdobra continuamente para nós, para nossa família e para todos.
