Quando eu jogava hóquei de campo, ainda muito jovem, fui atingida logo abaixo do olho por uma bola atirada de uma distância de três metros, aproximadamente. O treinador, preocupado, pediu a uma pessoa que me acompanhasse a casa.
Não havia ninguém quando cheguei. Mas como aluna da Escola Dominical da Ciência Cristã, eu tinha aprendido que Deus é um auxílio infalível para resolver qualquer tipo de problema. Eu estava acostumada a volver-me a Ele para curar doenças, cortes e machucados de todo tipo. Por isso, fui ao meu quarto e comecei a orar. Quando minha mãe chegou, a dor havia passado e o inchaço quase desaparecera. De início eu não conseguia enxergar com aquele olho, mas, aos poucos, a visão retornou. Embora me tivessem dito que sempre ficaria uma cicatriz feia proveniente do corte profundo, logo ela também desapareceu.
É maravilhoso quando os ferimentos e as cicatrizes deles resultantes são curados tão depressa. Mas o que dizer de cicatrizes, físicas ou mentais, que permanecem durante muito tempo? Será que se pode fazer algo para curá-las? Sim. A mesma atitude de nos volvermos a Deus em oração, pode trazer a cura, não importa quanto tempo as cicatrizes tenham persistido. Em realidade, na segurança do universo de Deus, inteiramente espiritual, Seu filho nunca se viu privado de proteção completa. O filho de Deus é espiritual e expressa a perfeição imutável de seu amoroso Pai, Deus. Não pode ocorrer nenhuma alteração das circunstâncias, nenhum acidente nem ferimento que venha a afetar a perfeição do homem criado por Deus ou deixar-lhe cicatriz. A Sra. Eddy escreve sobre Deus: "Nele vivemos, nos movemos e existimos. Estando n'Ele a origem e a existência do homem, este é a expressão máxima da perfeição e não é, de forma alguma, o meio condutor da imperfeição." Mais adiante, na mesma página, ela acrescenta: "O homem espiritual é essa semelhança perfeita, jamais decaída, mas coexistente e coeterna com Deus." Miscellaneous Writings, p. 79.
Às vezes, quando uma criança é ferida num acidente, os pais se sentem culpados. Livramo-nos de tal sentimento de culpa e as crianças são curadas mais rapidamente quando compreendemos que Deus é o Pai divino de todos, a governar e cuidar de todo o Seu universo. Compreendemos então que cada um de Seus filhos está sempre sob Seus cuidados. Ele nunca abandona ou negligencia Seus pequeninos e perante Sua onipresença eles vicejam e estão seguros.
Às vezes, a marca de cortes e machucados não é o único tipo de cicatriz que uma criança carrega consigo para a vida adulta. Com uma lesão emocional parece um revés permanente que faz sofrer pelo resto da vida. Mas isso não precisa ser assim. Mesmo que as cicatrizes permaneçam até a vida adulta, nunca é tarde demais para aplicar o poder sanador da Verdade. À medida que começamos a vislumbrar o fato glorioso de que o homem é realmente o filho de Deus, tanto as cicatrizes físicas como as mentais começam a desaparecer e nossa vida é restaurada à sua plenitude e liberdade.
O homem real nunca está separado de seu divino Pai-Mãe. O homem está sempre à vontade em Seu terno cuidado e sempre pode sentir o amor de seu Pai celestial. Quão animador é saber que Deus nunca abandona Seus filhos. Como Amor divino, Ele está eternamente presente para guiar e confortar. Quando perdi meu pai, descobri que muitas vezes a perda de um de nossos pais humanos levanos a procurar um conceito mais elevado e mais permanente de paternidade e maternidade, o que conseguimos quando nos para o nosso Pai celestial. Ao nos volvermos a Ele em oração, descobrimos que Ele está sempre próximo quando precisamos. Essa compreensão não diminui a importância dos pais humanos. Ao contrário, ajuda pais e filhos a se sentirem cada vez mais amados e protegidos pela descoberta de que cada um tem esse maravilhoso, divino, Pai-Mãe.
Há muitas e belas analogias na Bíblia sobre o cuidado de Deus para com Seus filhos. Uma delas fala da terna solicitude da mãe águia pelos seus filhotes: "Como a águia desperta a sua ninhada e voeja sobre os seus filhotes, estende as suas asas, e, tomando-os, os leva sobre elas, assim só o Senhor o guiou." Deuter. 32:11, 12. O poder e a força dessas grandes aves não as impedem de expressar carinho e cuidado. Nem o enorme poder de Deus O impede de cuidar de Seus filhos com a máxima ternura. Nenhum de Seus filhos é negligenciado. O amor de Deus é infinito, inclui a todos. Mesmo que relembremos o passado e sintamos que nossos pais humanos nos descuidaram, podemos saber que nunca fomos negligenciados por Deus. Ele está sempre vertendo sobre Seus filhos todo o amor, o interesse e o cuidado de que porventura possam necessitar. Com essa abundância de amor nos envolvendo, tanto no passado como agora, não pode haver cicatriz de ressentimento ou ciúme.
Na parábola do filho pródigo, Cristo Jesus conta como o filho mais velho se queixou da muita atenção dada ao filho mais novo, depois que este se arrependeu de seu modo de vida dissoluto e voltou para casa. Jesus disse que o pai respondeu: "Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu." Lucas 15:31. Essa mesma promessa é válida para cada um dos membros da família de Deus.
Quando a luz do sol bate na superfície de um lago ou do mar, essa luz cintila e dança sobre a superfície da água. Do mesmo modo, todos os filhos de Deus, como Seu reflexo, cintilam com a alegria e a beleza da vida. Nenhuma cicatriz de tristeza pode nublar a idéia real, espiritual, que Deus conhece e ama. E nenhum de Seus filhos jamais se desprendeu de Sua mão. Cada um está e continua a estar para sempre em Sua presença protetora, são, livre e sem cicatrizes.
