No início do século, viveu nos Estados Unidos uma menina chamada Opal Whiteley. Depois de perder o pai e a mãe, Opal foi morar com uma família adotiva na rude região madeireira do noroeste dos Estados Unidos. Aos cinco anos de idade iniciou sua carreira de "escritora", rabiscando pedaços de papel, que finalmente se transformaram num memorável diário infantil.
Encontramos retratados na obra de Opal os mais profundos sentimentos, comuns a todas as pessoas. A linguagem vívida de um coração infantil inquiridor é significativa. A contracapa de uma recente edição do diário diz o seguinte: "O assunto a que Opal se refere é simples: Deus cuida de nós. A vida é maravilhosa."
Vejamos um exemplo. Aqui Opal relata seu encontro com o cavalo da família:
Quando no campo o milho desfralda o pendão,
suas flores apanho
e uma grinalda componho
para o pescoço de Shakespeare enfeitar.
Aí converso com ele e lhe falo
sobre o homem cujo nome lhe deram.
Trata-se de um lindo cavalo tordilho.
Suas maneiras delicadas são.
Gosta das coisas de maneira bem semelhante
à minha forma de gostar dos montes,
dos montes azuis, lá longe, além dos campos.
Em outro trecho, Opal descreve a ocasião em que seu porco, Pedro Paulo Rubens, entrou, de repente, portas-adentro na escola. A professora, de imediato, mandou Pedro e Opal para casa:
A caminho de casa apanhamos pequenas plantas
para plantar na minha catedral.
Oramos juntos,
e fomos para casa. Opal Whiteley, adaptado por Jane Boulton, Opal: The Journal of an Understanding Heart (Palo Alto: Tioga Publishing Company, 1984), p. 20.
O amor de Opal pelos "montes azuis, lá longe, além dos campos", a catedral de flores e plantas onde ela e Pedro Paulo Rubens "oravam", nos revelam um coração e um espírito que superaram as dificuldades enfrentadas por essa pequenina criatura. Havia em seu íntimo uma inocência que, apesar da grande perda que sofrera, permitia que visse o bem irradiar em tudo à sua volta. Deus cuidava de nós; a vida era maravilhosa.
Pessoas como Opal transmitem tanto ânimo justamente porque o mundo à nossa volta parece ser inexplicavelmente cruel. Pode ser até que tenhamos dúvida sobre se vamos conseguir lidar com os problemas que o mundo apresenta: guerras civis, fome, terremotos, desabrigados, maus tratos, pecado, mortes trágicas. Quando os problemas sociais, ou nossos próprios problemas, parecem maiores do que nossa capacidade de resolvê-los, nosso desejo, é claro, é ter certeza de que existe um Deus que cuida de nós. E se chegarmos a compreender uma fração da realidade espiritual subjacente a esse cuidado e à lei divina que o impele, acontece algo importante: encontramos soluções para nossos problemas, o desespero se desfaz e a cura passa a fazer parte de nossa vida.
A realidade espiritual baseada no cuidado que Deus nos dispensa, vai muito além da mera crença numa figura paterna antropomorfa, de proporções extraordinárias. O Deus que oferece esse amparo absoluto, não é um superjogador de xadrês que lá de cima olha para este pequeno planeta cheio de atividade e decide mover as peças de acordo com um propósito que ninguém compreende.
A aceitação desse tipo de plano "desconhecido", feito por uma divindade incognoscível, não ajuda nem conforta a ninguém. Apenas coloca a vida humana num terreno instável e desconhecido, cujo resultado final às vezes pode ser bom, às vezes mau.
Por outro lado, os ensinamentos da Bíblia, em seu significado espiritual mais profundo, e as demonstrações de Cristo Jesus durante seu apostolado de cura e salvação, revelam um Deus supremo, que é Amor infinito e infalível, Espírito onipotente, Verdade pura, Mente que tudo sabe. Esse Deus é a causa perfeita e Sua criação é o efeito perfeito. O que Deus cria com amor està eternamente amparado nesse amor. O cuidado que Deus dispensa, não é parcial nem incerto. O que Deus cria para ser bom e completo, Ele mantém bom e completo. Essa é a natureza da única e perfeita Mente criadora e de sua idéia espiritual.
A seguinte frase de Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy, constitui-se na lei fundamental da realidade, de acordo com os ensinamentos da Ciência Cristã: "A Mente divina, que fez o homem, mantém Sua própria imagem e semelhança." Ciência e Saúde, p. 151. Esse desvelo é a base do verdadeiro amparo divino; aquilo que Deus cria nunca pode deteriorar, quebrar, desgastar-se ou tornar-se inútil. A criação perfeita significa ser e ação perfeitos, para sempre.
Alguém poderá dizer que essa maneira de ver a vida é muito diferente dos acontecimentos a que assistimos no noticiário de televisão à noite, sobre acontecimentos no mundo todo, ou das coisas que acontecem no lar, ou em nossa cidade. No entanto, um pequeno vislumbre da bondade e do supremo poder de Deus provoca mudanças aqui e agora. Compreender, reivindicar e viver como sendo verdade o fato espiritual que percebemos em oração, isso modifica as coisas. Muda nossa noção de possibilidade. Provoca mudanças em nós. Somente quando entendemos nossa vida e nosso propósito em Deus, podemos solucionar ou curar os problemas que desafiam a nós e ao mundo. O Novo Testamento aconselha: "Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós." I Pedro 5:6, 7.
Deus cuida de nós. Uma menininha chamada Opal, que morava numa região madeireira e certa vez escreveu um diário, sabia disso. Se pudermos compreender uma parcela dessa simples realidade e sua profunda implicação em nossa vida, o mundo certamente será diferente.
