Uma carta de gratidão de um ouvinte do programa radiofônico The Herald of Christian Science, transmitido em ondas curtas, captou minha atenção outro dia. Enquanto ouvia o programa intitulado "Nunca separado de Deus", o autor da carta fora curado do sentimento de solidão.
Escreveu ele, em parte: "Essa transmissão. .. foi uma resposta direta de Deus às minhas orações, orações que eu havia feito algumas horas antes de começar a transmissão radiofônica (à uma hora da manhã, horário local)." E continuou: "Desde. .. 1986, eu conhecia a Deus. Mas quando comecei a ouvir esses programas de rádio, meu conhecimento se tornou cada vez mais preciso, à medida que eu percebia ser o homem espiritual, criado à imagem de Deus, que é. .. Espírito.
"Os senhores realizaram um milagre no que se relaciona com o meu problema de solidão. Depois de ouvir seu programa radiofônico, minha solidão sumiu."
Esse homem captou um vislumbre de sua identidade espiritual verdadeira como a imagem e o reflexo de Deus, não é mesmo? Sentiu a presença de Deus consigo e deixou de se sentir sozinho. Aprendemos na Ciência Cristã que pelo fato de sermos, em verdade, o reflexo de Deus, esse reflexo nunca pode existir isolado, pois precisa ter um original. Que maravilha, para nós e para toda a criação espiritual: os filhos de Deus O expressam em toda a Sua magnificência!
Esse fato espiritual ajuda quando nos sentimos sós e separados de Deus. Talvez tenhamos recebido alguns dos duros golpes do conceito mortal de existência, talvez nos sintamos separados de nossa família, ou tenhamos acabado de perder o emprego ou a nossa fonte de receita, ou estejamos deprimidos. Mas a verdade é que nunca pode haver um reflexo perdido.
Consegui um claro vislumbre disso há algum tempo, quando me encontrava numa reserva ecológica que é famosa por seus crocodilos. Minha amiga e eu soubemos que havia um "grandão" no mangue pantanoso ao lado da estrada por onde transitávamos. Fomos até o ponto indicado e começamos a procurar o crocodilo. Perscrutamos o pântano e ali, não restava dúvida, viam-se, refletidas na água, as escamas do rabo de um crocodilo. Mas onde estava o crocodilo? Naturalmente não podia estar longe e, no entanto, foram necessários vários minutos para localizá-lo. Estava dormindo no barranco, bem longe da vista, entre as raízes cinzentas e os ramos ali do mangue, camuflagem perfeita para seu vulto enorme. Para mim, ali estava um exemplo interessante de que um reflexo jamais pode existir sozinho. Onde há reflexo, tem de haver o original.
Essa verdade descerra para nós a realidade mais profunda de que, pelo fato de o homem espiritual ser a imagem e semelhança de Deus, como a Bíblia nos diz, Ver Gênesis 1:26. ele nunca pode estar separado de sua fonte divina no Espírito. A Sra. Eddy, Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, assim fala sobre a lei espiritual subjacente ao reflexo: "Homem é o nome de família para todas as idéias — os filhos e as filhas de Deus. Tudo o que Deus dá, move-se de acordo com Ele, refletindo bondade e poder." Ciência e Saúde, p. 515.
Assim como olhamos num espelho e vemos a nossa própria imagem, assim também vemos claramente a nossa identidade espiritual quando aprendemos a olhar no espelho da lei de Deus. Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy explica: "Compara agora o homem diante do espelho com seu Princípio divino, Deus. Denomina o espelho Ciência divina, e, o homem, denomina reflexo. Nota depois como, de acordo com a Ciência Cristã, o reflexo é fiel ao seu original. Tal como teu reflexo aparece no espelho, assim também tu, sendo espiritual, és o reflexo de Deus." Ibid., pp. 515-516.
Essa explicação por certo descerra vastos horizontes. Ao olharmos no espelho, a "Ciência divina", começamos a ver à nossa volta as glórias multicores e variadas da criação espiritual, todas elas refletindo de Deus a grandeza, a beleza e a perfeição. Vemos que nenhuma só idéia espiritual pode estar separada de Deus, a Mente divina que cria e mantém todas as idéias.
Como pode esse raciocínio nos ajudar na questão da solidão, do sentimento de estar separado do amor e da bondade de Deus? Bem, tal como no início eu só conseguia ver o rabo do crocodilo refletido na água do mangue pantanoso, o mesmo acontece, às vezes, com a visão que temos de nós mesmos como o reflexo pleno de Deus, pois ela pode estar obscurecida ou oculta pelo emaranhado do pensamento mortal, pela dúvida, pelo medo e pelo desalento. No entanto, sempre é possível vir em nosso próprio socorro, não numa tentativa de juntar os pedaços do reflexo, mas dando as costas à imagem incompleta e indistinta que o pensamento humano, mortal, procura apresentar-nos e volver-nos para a nossa origem espiritual em Deus. Aí percebemos a perspectiva que a Mente divina tem do homem como Sua imagem, o qual é sempre perfeito e completo.
Jesus compreendia que sua natureza divina, real era o Cristo, a Verdade. Ele volvia-se a Deus, sua origem, para tudo o que necessitava. Ele disse sem sombra de dúvida: "Eu e o Pai somos um." João 10:30. Era essa compreensão de sua união com o Pai que o capacitava a realizar curas que jamais se haviam visto.
O Mestre não percebia apenas a sua própria união com Deus, mas compreendia que todas as pessoas em sua verdadeira identidade espiritual estão unidas ao Pai, assim como o efeito é inseparável da causa. Não pode haver efeito sem causa e não pode haver causa sem efeito.
Nosso conhecimento de Deus torna-se "cada vez mais preciso", como o autor da carta o descreve, quando nós também, por meio de nossa oração consagrada, de nosso estudo e de nosso viver cristão humilde, encontramos a alegria e o consolo de saber que nunca estamos sozinhos.
Jesus orou certa vez, não só por seus discípulos imediatos, mas por todos os que viessem a acreditar em seus ensinamentos: "Que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós." João 17:21. É mediante o Cristo que encontramos nossa união com Deus. Aí sabemos que todos somos filhos muito queridos do Amor divino.
