Quase toda criança já teve de enfrentar um valentão que empurra e intimida as demais crianças. Ora, todos nós conhecemos alguma história em que alguém, com a autoridade conferida pela coragem, enfrentou o valentão, fazendo-o recuar. Ora, o medo é como um valentão.
Poderás comentar: "Tenho medo de coisas piores do que um fanfarrão de parquinho infantil." A vida humana, parece, está cheia de coisas que seria sensato temer, como violência, pobreza, doenças, acidentes, velhice, dor, morte. Mas, haverá, deveras, razão lógica para se ter medo?
Terás medo se te considerares um mortal frágil, à mercê do corpo mortal. Se, porém, soubesses com certeza que estás em completa segurança, sempre protegido por Deus, terias medo? Se soubesses com certeza que és inteiramente espiritual, não tendo nenhum elemento material, terias medo? Se soubesses com certeza que o bem é real e que o mal é irreal, terias medo do mal? Ora, a Bíblia nos assegura que Deus jamais abandona nenhum dos Seus, qualquer um de nós, pois Deus é Espírito eterno, que a tudo inclui e está sempre presente. Deus, o terno Pai-Mãe Amor, criou tudo o que de fato existe. Tudo o que realmente existe, inclusive nosso verdadeiro eu, existe sempre em Deus, a Mente divina. O homem, o amado herdeiro de Deus, é espiritual, perfeito e indestrutível. Essa, e não um frágil mortal, é a identidade verdadeira de cada indivíduo.
A Bíblia afirma e reafirma o infinito amor que Deus nos tem. Em Isaías, há esta asserção divina: "Não temas, porque eu sou contigo, não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel." Isaías 41:10. No Novo Testamento, lemos: "Deus é amor." E, mais adiante: "No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo." 1 João 4:8, 18.
Eis aí verdades, fatos espirituais que atuam como lei na nossa experiência, quando as aceitamos na consciência e nelas baseamos nossos pensamentos e ações.
O tipo de pensamento que temos sobre nós e nosso ambiente, determina o termos medo, ou não. Se admitimos a verdade de que nossa identidade genuína é toda espiritual e, em conseqüência, invulnerável (uma vez que Deus é Tudo e é Espírito) e se reconhecemos que Deus é totalmente bom e jamais permite ou envia qualquer coisa ruim, doença ou pecado, temos de concluir necessariamente que nada dessemelhante de Deus, o bem, é real e nunca lhe precisamos ter medo. Ainda que alguma calamidade eventual pareça assaz verídica, não passará no teste da realidade tal como Deus a conhece. Deus é a Verdade imutável. O que Deus conhece é que é a realidade, para sempre. A Sra. Eddy afirma, no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde: "O erro é um covarde ante a Verdade." Ciência e Saúde, p. 368. Medo é erro, e é, portanto, um covarde ante a verdade do ser espiritual. Mas temos de aceitar a verdade, ou nela ter fé, para que o medo decresça e desapareça.
Cristo Jesus recomendou amiúde àqueles a quem ajudava, curava ou ensinava, que não temessem. Em Ciência e Saúde consta: "A prática científica cristã começa com a nota tônica da harmonia apresentada por Cristo: 'Não temais!' " Ibid., p. 410. O livro-texto da Ciência Cristã ressalta ainda que o medo é um elemento da moléstia (ver, por exemplo, 209:2–5 e 392:6–8).
Esse raciocínio espiritual de que o medo, o supremo valentão, é irreal, uma mentira, um embuste e de que a verdade dissipa o medo, é muito eficaz na experiência humana. Uma praticista da Ciência Cristã recebeu o telefonema de certa mão que, em lágrimas, dizia que seu filhinho havia dias não retinha nenhum alimento. Naquele dia o menino estava sem forças, prostrado num sofá. A mãe se angustiava: "Acho que vou perdê-lo!"
A praticista, seguindo esta instrução dada pela Sra. Eddy, no livrotexto, "Começa sempre teu tratamento acalmando o medo dos pacientes," Ibid., p. 411. tranqüilizou a mãe, dizendo que o Deus que criara o homem, também o sustentava, nutria e mantinha. A única identidade real da criança não era corporal, disse, não estava na carne, mas era, naquele mesmo instante, inteiramente espiritual, saudável e forte.
A seguir a praticista perguntou à mãe: "A senhora permitiria que um desconhecido entrasse em sua casa, mudasse os móveis de lugar e lhe desse ordens?" "Claro que não", a mãe respondeu. "Mas é isso o que está acontecendo com o seu pensamento", alertou a praticista. "A senhora está deixando que o medo a manipule, que a ameace e tome conta do seu pensamento. Pois então, ordene-lhe que saia!" E daí lhe falou na onipotência de Deus, ajudando a mãe a ver que, por ter Deus todo poder, não há o que se Lhe oponha, e isso torna o mal, qualquer que seja sua forma, impotente e irreal. O medo, acrescentou, não passa de um fanfarrão sem poder, sem fundamento e sem realidade.
Após desligar o telefone, a mãe levou ao menininho algo de comer. Ele logo o aceitou, o que marcou o fim do mal-estar. O medo fora removido, e a criança, curada.
É preciso coragem moral para enfrentar o medo. Pergunta-te: "por quanto tempo permitirei que o medo me manipule?" Apoiado na bondade infinita e onipotente de Deus, podes decidir por ti mesmo o que governará teus pensamentos e tua vida. Deus jamais criou discórdia de espécie alguma. Persiste em negar, seja o que for de ruim que pareça acontecer ou ser real. A mente mortal, o termo usado para a suposta mentalidade material, que nega a unicidade da Mente divina e pretende que o mal seja real, não tem capacidade para opor-se à bondade de Deus e podemos rejeitar seus argumentos. Quando, venha o que vier, nos atemos à verdade de que Deus é onipotente e onipresente, é inevitável que o erro desapareça.
Se estiveres com medo de alguma coisa, enfrenta o medo corajosamente com a verdade cristã e científica de que o mal de fato não tem realidade nem poder, seja qual for sua forma aparente. Lembra-te de que Deus te ama, de que Seu amor por ti é total e nunca cessa, pois és Seu filho amado; que Deus, o bem, é a única presença, poder ou realidade que há. A Verdade encontra-se a teu lado, a Verdade que é Deus, que dissipa por completo o medo. Lembra-te, tens autoridade para enfrentar o medo e triunfar sobre ele. Tu podes vencer o "valentão".
Guarda-me, ó Deus, porque em ti me refugio. ...
O Senhor, tenho-o sempre à minha presença;
estando ele à minha direita, não serei abalado.
Alegra-se, pois, o meu coração, e o meu espírito exulta;
até o meu corpo repousará seguro.
Salmos 16:1, 8, 9
